A seleção de Portugal está-se a transformar numa conceituada companhia de arte dramática e o seu encenador, Roberto Martinez, revela um talento raro para levar o suspense e o dramatismo a limites insuspeitos pondo em sério risco a saúde cardiaca da esmagadora maioria dos portugueses.
Pelo menos daqueles que gostam de futebol e querem ver a seleção a ganhar sempre porque com os outros, os que se deleitam com as derrotas da seleção e insucesos de jogadores de que não gostam, apenas lhes dedico o merecido desprezo.
Hoje a companhia de arte dramática "Seleção de Portugal" levou à cena mais uma representação e há que dizer que actores e encenador se esmeraram na forma como de um espectáculo que se previa sem dificuldades de maior conseguiram a mais dramática representação neste Europeu.
Não que a vitória de Portugal não fosse justa porque o foi e muito.
Foi a equipa que mais atacou, que mais rematou, que esmagou na posse de bola com 72% e que mais pontapés de canto teve a favor com sete contra três.
Isso enquanto Diogo Costa tinha uma noite tranquila com apenas uma defesa mais difícil e nada mais de relevo. O trabalho dele viria depois.
Mas vencendo com justiça fê-lo igualmente com uma elevada carga dramática.
Nos 90 minutos teve várias oportunidades para resolver o jogo mas Oblak, alguma falta de sorte e de pontaria impediram que isso acontecesse mesmo quando a pouco minutos do fim Ronaldo obrigou o guarda redes esloveno a defesa apertada.
No prolongamento o dramatismo ainda se adensou porque depois de Oblak defender uma grande penalidade de Ronaldo com uma defesa de grande qualidade a Eslovénia teve uma enorme oportunidade de golo (que a entrar mataria jogo e eliminatória) num erro invulgar de Pepe que Diogo Costa resolveu com uma enorme defesa.
E depois no desempate por grandes penalidade quando se esperariam enormes dificuldades, até pela carga psicológica do penalti defendido pouco minutos antes por Oblak, Portugal resolveu o assunto com "facilidade" através de Ronaldo (que assumiu a responsabilidade de marcar o primeiro penalti depois de ter falhado outro há poucos minutos) Bruno Fernandes e Bernardo Silva enquanto um imenso Diogo Costa defendeu os três penaltis eslovenos arrumando logo ali a questão.
Eliminatória resolvida!
Mas há que dizer que para lá dos erros e acertos dos jogadores, das exibições mais ou menos conseguidas , o selecionador voltou a falhar em toda a linha na hora de mexer na equipa.
Substituições tardias, desiquilibrio completo da equipa com a saída de Vitinha, enorme confusão no posicionamento de Diogo Jota, duas substituições por fazer (com prolongamento pode fazer-se a sexta substituição) com jogadores nitidamente cansados, incompreensível a saída de Rafael Leão, enfim uma panóplia de desacertos que podiam ter custado caro.
E tudo isso a transmitir a clara sensação de que para Martinez dos vinte e seis apenas contam catorze ou quinze.
Venha a França.
Na certeza de que para passarmos às meias finais teremos de melhorar alguns aspectos.
Especialmente a gestão do jogo em todas as suas variáveis por parte de Roberto Martinez.
Depois Falamos.
Nota: Em termos individuais gostei das exibições de Diogo Costa (como não ?) , Nuno Mendes, Palhinha e a segunda parte de Cancelo. Foram os melhores numa equipa em que Bruno Fernandes e Bernardo Silva quase fizeram figura de corpo presente. Vale que nos penaltis deram um ar da sua graça.
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