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quinta-feira, dezembro 21, 2023

Baldé

Agora que se aproxima a época de reabertura do mercado e em que as carências do Vitória são claramente no sector atacante e nomeadamente num goleador lembrei-me das circunstâncias que rodearam a contratação de Amidó Baldé em 2012.
Nessa altura, e em fase de claro emagracimento salarial do plantel face às dificuldades existentes, o Vitória tinha visto partir alguns jogadores importantes como Nilson, João Paulo, Nuno Assis, Pedro Mendes (que decidiu terminar a carreira) e o ponta de lança Edgar.
Deixando uma lacuna na frente de ataque, nomeadamente na área, que Soudani e Toscano não preenchiam por serem jogadores de outras caracteristícas embora também bons marcadores de golos mas jogando mais solto (Soudani) e mais recuado (Toscano).
Havia que arranjar soluções engenhosas porque dinheiro não havia.
Foram feitas várias diligências mas sem sucesso (ainda hoje me dá vontade de rir quando me lembro das condições que Carlos Saleiro exigia para assinar pelo Vitória) até que o empresário Jorge Pires, que ao tempo trabalhava de perto com o clube, sugeriu o nome de Amidó Baldé. 
Foi um nome que de imediato foi considerado como interessante face ao que dele se conhecia, nomeadamente quando jogava na formação do Sporting e rubricava boas exibições e fazia muitos golos, mas também porque a sua morfologia o fazia diferente da generalidade dos jogadores que actuavam não só no Vitória como no futebol português.
Alto, forte, poderoso no choque,bom jogo de cabeça e facilidade de remate com ambos os pés, eram caracteristicas que prometiam fazer a diferença.
Como fizeram.
E após ultrapassadas algumas resistências, nomeadamente pelas exigências do seu empresário, Baldé acabou por assinar pelo Vitória e ser posto á disposição de Rui Vitória que bem precisava de mais opções para a frente de ataque.
Rapidamente se impôs, conquistou a titularidade, fez golos e assistências e conquistou os adeptos pela sua entrega ao jogo, pela alegria com que vestia a nossa camisola e pela humildade natural que o caracterizava.
Esteve na mais bela tarde vitoriana , até hoje, a 26 de Maio de 2013.
E foi transferido de imediato para o Celtic.
Com apenas vinte e dois anos e após a sua primeira época de verdadeiro sucesso no futebol profisisonal depois de anteriormente ter estado emprestado pelo Sporting a Santa Clara e Badajoz numa época e ao Brugge na época seguinte com prestações razoáveis mas claramente abaixo do que fez no Vitória.
Foi um erro enorme do empresário e do Vitória terem tanta pressa na transferência de um jogador que precisava claramente de ficar mais dois anos em Guimarães para então sair por outro valor e com outra projecção.
E o futuro infelizmente provou-o.
Nos sete anos a seguir a sair do Vitória jogou em doze clubes (!!!) , muito perseguido por lesões e problemas de saúde , e terminaria a sua carreira em 2019/2020 apenas com 29 anos, ao serviço do Ho Chi Minh City do Vietname disputando 14 jogos e marcando 7 golos nessa época derradeira.
Claramente um talento que ficou muito longe de ser aproveitado na sua plenitude.
Também, repito, porque a saúde não ajudou.
E neste tempo de reabertura de mercado Amidó Baldé é uma dupla lição.
Por um lado porque é o tipo de jogador que dá muito jeito a este plantel.
Por outro porque é um aviso quanto ao erro de  saídas prematuras.
Depois Falamos.

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