Autonomias

Compreendendo os desejos autonómicos de madeirenses e açorianos, apoiando todos os passos que tem sido dados na construção das respectivas autonomias, reconhecendo o quanto elas contribuiram para o desenvolvimento das duas regiões não deixo de ter pena que tão fortes e legítimos sentimentos autonómicos não se estendam também ao futebol e à defesa e apoio dos clubes insulares. 

É um contra senso. 

Mas a verdade é que em Janeiro quando o Benfica foi a S. Miguel o estádio estava quase cheio e por micaelenses que estavam a apoiar o clube de Lisboa contra o da ilha. 

Ontem no Funchal, não sei se no estádio dos Barreiros estavam mais adeptos do Benfica, se era ele por ele, se os do Marítimo estavam em maioria mas o contingente de adeptos benfiquistas era largamente constituido por madeirenses que apoiavam o clube de Lisboa contra o da sua ilha. 

É um triste fenómeno, que como se sabe também ocorre no continente em quase todo o lado com excepção dos estádios D. Afonso Henriques, Dragão e Alvalade, mas que é ainda mais triste em regiões que se querem autónomas. 

Com a ironia suplementar dos dois clubes em causa, Santa Clara e Marítimo, estarem a lutar desesperadamente pela manutenção e verem os seus conterrâneos a ajudarem quem os quer derrotar. Mas se esta é uma ironia suplementar há também uma ironia suprema. 

Se Santa Clara e Marítimo descerem, e há grandes probabilidades disso, sempre quero ver se na próxima época quando forem visitados pelo Benfica B vão ter os estádios cheios com estes mesmos adeptos. 

É óbvio que não. 

Porque estes são mais adeptos das vitórias do que do próprio clube. 

Afinal como tantos outros pelo país fora.
Depois Falamos.