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segunda-feira, fevereiro 06, 2023

Simples

Fruto de alguma experiência da matéria, misturada com um inegável cansaço, já só consigo pensar política de forma simples (se quiserem também lhe podem chamar simplista) mantendo uma enorme admiração mesclada com uma pontinha de inveja perante aqueles que são capazes de produzirem os mais bem elaborados raciocínios políticos que se possam imaginar.
Cidadão independente mas com posicionamento ideológico claro desde 1975, observador interessado e sem qualquer preocupação de agradar aos que não se situam na minha área política em busca de aprovações que nunca passam de atestados de idiotice útil, olho para o actual quadro político nacional e identifico duas prioridades para o país.
Uma é correr com o PS do governo o mais depressa possível face ao descalabro de políticas e de governantes a que se assiste e a outra arranjar forma eficaz de o fazer.
Já sei que na minha área política há respeitáveis opiniões noutro sentido mas a minha é esta e sem qualquer ligação interesseira à consequência dela.
Mas aceito perfeitamente que face ao quadro partidário, à maioria absoluta e ao Presidente da República que temos o PS só não concluirá a legislatura no governo se a subida das águas do pântano acelerar ou se António Costa resolver ir à sua vida para outras paragens.
E por isso olhemos para 2026 como o cenário provável para as próximas eleições.
Pelo que não sendo possível correr para já com o PS do governo há que concentrar energias na forma eficaz de o fazer nessa altura.
E aí, com simplicidade máxima, há que dizer que em Portugal há hoje dois blocos políticos.
O de centro e de direita constituido por PSD, Iniciativa Liberal e Chega e o de esquerda e extrema esquerda constituido por PS, PCP, Bloco de Esquerda, Livre e PAN existindo depois em ambas as áreas pequenos partidos sem representação parlamentar e que pouco acrescentarão a contas eleitorais.
E para ser governo a área liderada pelo PSD tem de ter mais votos que a área liderada pelo PS porque caso contrário já sabemos que a avidez pelo poder do PS o leva a vender a alma ao diabo para ser governo. 
Já o fez e tentará voltar a fazê-lo se tiver oportunidade para isso.
E por isso parece-me que a estratégia do PSD tem de ser muito clara.
Ganhar votos ao PS.
Ganhar votos no eleitorado de centro que lhe fugiu desde 2015.
Ganhar votos nos abstencionistas que não querem votar PS mas darão o seu voto ao centro se o PSD for capaz de os convencer.
Com um bom programa, uma boa estratégia, desígnios motivadores.
Convencendo as pessoas que é capaz de fazer muito mais e muito melhor que o PS.
Combater pelos votos do centro e vencer aí o PS.
Do meu ponto de vista essa é a unica orientação estratégica que serve ao PSD e a única que permitirá que a área do centro e da direita regresse ao poder em 2026.
Pôr o PSD, como alguns dos seus mais ilustres militantes pretendem, a disputar votos com o Chega e com a Iniciativa Liberal é um tremendo erro estratégico que apenas beneficiará o PS e a área da esquerda e da extrema esquerda e que em nada, bem pelo contrário, contribuirá para uma vitória eleitoral porque o que está em causa, prioritariamente, é a votação da área de centro e de direita ser maioritária e não a dimensão do voto de cada um dos partidos que nela se situam.
Porque o discurso, a estratégia e o programa para disputar votos com o PS terá de ser um, para disputar votos com o Chega outro  e com a IL outro ainda todos eles muito diferentes e insustentáveis em paralelo se se quiser manter a indispensável coerência.
E por isso defendo que o PSD, como partido líder da sua área, deve concentrar todos os esforços em ganhar votos ao PS sabendo que se apresentar um projecto suficientemente mobilizador conseguirá não só bater o PS como ainda recuperar algum eleitorado perdido para Chega e IL.
Mas essa recuperação deve ser consequência de uma boa estratégia e um bom projecto e não o objectivo final disso.
Importante é nas próximas eleições o PSD ser o partido mais votado e a área de centro e de direita ser maioritária no Parlamento.
O resto será fácil de resolver.
E perceber tudo isto pode fazer a diferença entre ganhar ou perder as eleições.
É a minha forma simples de pensar.
Depois Falamos.

2 comentários:

  1. Francisco Afonso11:45 da tarde

    Caro Luís Cirilo,
    Concordo com a sua publicação, essencialmente no ponto em que o PSD se deve focar em atrair o eleitorado que votou PS nas últimas eleições. É aí que, suponho eu, existe mais volatilidade de votos, não sendo impossível o PS passar de uns 41.37% para uns vinte e tal porcento por exemplo. Creio ser essa a grande fatia que permitirá formar um governo não socialista.
    No final, fico a pensar se Luís Montenegro conseguirá "mobilizar" esse eleitorado, mesmo com o enorme desgaste deste governo. Porque acredito que as legislativas se decidem nos menores círculos eleitorais, onde o único adversário será o PS, não a IL nem o Chega.

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  2. Caro Francisco Afonso:
    Creio que para o PSD ganhar as eleições tem de convencer uma significativa fatia do eleitoradao que votou PS em 2022 a votar nele. E isso significa combater politicamnte ao centro e não á sua direita. Até porque especialmente em relação ao Chega há temas em que o PSD nunca poderá ser competitivo,digamos assim, tal a diferença ideológica que o separa deles. Acredito isso sim que se o PSD apresentar um programa suficientemente atractivo e mobilizador isso atrairá, sem necessidade de cedências, eleitores que outrora lhe fugiram para a IL e para o Chega. Que como diz e bem não concorrem com o PSD nos circulos mais pequenos embora aí o Chega seja mais forte que a IL que é esencialmente um partido dos grandes centros urbanos.
    O PSD tem um caminho para fazer. Que o faça com inteligência, sensatez e sem qualquer cedência ao politicamente correcto para onde alguns seus militantes mais mediáticos às vezes o querem empurrrar.

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