Vi hoje com toda a atenção a segunda parte da entrevista de Cristiano Ronaldo a Piers Morgan.
Sem qualquer dúvida que a entrevista em inglês, e com legendas em português, não era uma entrevista em "futebolês" como alguns quiseram interpretá-la.
Ou seja não era apenas uma entrevista de um jogador de futebol a falar de futebol mas era muito mais do que isso.
Era a entrevista de um Homem, de um Pai, de um Marido e de um ser humano.
Ofendido por comportamentos que não merecia, magoado com um clube pelo qual sempre deu tudo, arrependido por uma outra atitude impensada que tomou, desiludido com o "borra botas" sem curriculo nem personalidade que tem como treinador, consciente do enquadramento em que actualmente se encontra.
Uma entrevista serena, reflectida, em que afirmou valores muito importantes e tão esquecidos nos tempos que correm.
Desde logo o primado da família que coloca acima de tudo.
Só um cretino em estado terminal de imbecilidade poderá pensar diferente.
Depois o respeito pelos adeptos que reiterou várias vezes e que sendo o cerne do futebol são tantas vezes esquecidos.
A valorização da componente desportiva e a supremacia que deve merecer sobre a componente financeira e que é outra realidade tão esquecida nos tempos que correm.
Precisamente por isso recusou uma oferta de 350 milhões de euros para jogar dois anos na Arábia Saudita porque quer continuar a competir ao mais elevado nível.
A importância do trabalho, do esforço , da dedicação.
O saber ouvir e respeitar os mais velhos.
Mas talvez acima de tudo a afirmação do ser humano como algo muito mais importante que o mero jogador de futebol.
O tempo em que os clubes eram donos dos jogadores que eram quase escravos dos seus patrões já acabou há muito.
E por isso quando alguém que acaba de perder um filho recém nascido, e tem a filha gémea internada num hospital com três meses de idade e um grave problema de saúde, tem o direito de permanecer junto à mulher e á filha e recusar participar numa digressão de pré temporada à Austrália que não fica propriamente a 15 m de avião.
Em suma creio que esta entrevista do cidadão Cristiano Ronaldo, que joga futebol como ninguém mas é um ser humano como qualquer outro, foi um bom serviço ao futebol e à sociedade em geral desde que devidamente percebida.
A partir dela cada um tirará as conclusões que muito bem entender.
Apoiando, criticando, acreditando no que foi dito ou não.
Por mim reitero o que já tinha escrito depois de ver a primeira parte da entrevista.
Ela aumentou a minha admiração pelo ser humano Cristiano Ronaldo.
Porque pelo futebolista já não pode ser maior.
Depois Falamos.
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