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quinta-feira, julho 21, 2022

Curso de Cartilheiros

O meu artigo desta semana no zerozero.pt

Quem lê as caixas de comentários dos jornais desportivos, dos sites sobre desporto, como o zerozero, e muito em especial as milhentas páginas de Facebook constata com uma tristeza cada vez maior que não só a intolerância atinge picos da mais perfeita irracionalidade como a vocação censória de gente presumivelmente inteligente  e culta atinge patamares dignos de um qualquer ditadorzeco do século passado numa qualquer republica das bananas.
E nalguns casos a ferocidade com que combatem (felizmente apenas por palavras) os adeptos de clubes adversários só é ultrapassada pela violência sectária com que atacam os que sendo do mesmo clube não pensam da mesma forma sobre este ou aquele assunto.
O problema, para além dos enunciados que são muitos e graves pelo menos para quem tiver do Desporto uma visão saudável que não admite o conceito de "inimigo", é que essa gente em larga percentagem escreve mal, dá erros, não se sabe exprimir uma ideia que necessite de mais de dois parágrafos, dá á lingua portuguesa tratos de polé.
E assim envergonham os seus clubes, envergonham aqueles que querem servir (normalmente as direcções queiram elas ou não conforme os casos), prestam um mau serviço ao futebol.
São aquilo a que se pode chamar cartilheiros de contrafacção.
E por isso parece-me que seria útil a Liga portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) ter uma iniciativa pioneira e criativa e, na defesa da imagem do futebol, promover cursos de formação para cartilheiros!
Para professores poderia recorrer a comentadores da RTP, SIC, TVI e CMTV, que os tem às manadas e com valiosos serviços prestados a três clubes (claro que no curso teriam de de abster de fazerem a habitual propaganda deles) e para alunos poderiam inscrever-se adeptos do futebol que demonstrassem conhecimentos mínimos da lingua portuguesa e inequivoca vontade de (ao que acham ser) serviço dos seus clubes serem cartilheiros de excelência.
Claro que os associados da Liga teriam a prerrogativa de em número a determinar também poderem propor os seus cartilheiros próprios para com a aquisição de conhecimentos poderem abandonar um amadorismo confrangedor e passarem a exercer uma cartilha profissional que não envergonhasse o clube e quem os contrata.
Já que estamos "condenados" à arte da cartilha ao menos que passasse a ser bem feita.
E quanto a matérias a leccionar?
Deixaria aqui algumas sugestões para módulos a serem ministrados mas naturalmente que o corpo docente e a própria LPFP terão vastas ideias sobre o assunto, e sobre as matérias mais interesantes, dado possuirem enorme experiênia nestas coisas.
As sugestões dos módulos a leccionar  seriam então:
1) O nosso Presidente é um génio.
2) A nossa SAD é a melhor do mundo.
3) Deixem-nos trabalhar.
4) Bons são os calados.
5) Quem critica é porque não gosta do clube
6) Os que pensam diferente tem de ser arrasados
7) Temos de estar unidos e de preferência calados.
8) Antes era o inferno e agora o paraíso.
9) Abanar a cabeça  a tudo é amar o clube.
10) Falem nas Assembleias Gerais 
11) Quando houver eleições candidatem-se
12) A arte de dar o dito por não dito
13) Mais vale insultar que argumentar.
14) O croquete como prémio supremo da subserviência
15) A arte de bem cavalgar toda a sela no século XXI

Concluídas as aulas os alunos teriam de apresentar um trabalho final de curso subordinado ao tema:
"O que hoje é verdade amanhã é mentira".
Os que merecessem aprovação teriam direito a diploma de curso , a um pin com a inscrição "cartilheiro de excelência" e a uma certificação de qualidade por parte da LPFP.
Fica a sugestão no interesse do futebol , da imagem dos clubes, do povo que consome produtos de cartilha e desta nova e tão mal servida profissão.
Depois Falamos

P.S Tal como é moda actual no futebol o curso poderia também ter uma mascote condizente com os fins a que se destina.
Sugeriria um papagaio.

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