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quinta-feira, junho 02, 2022

Responsabilidades

Nos tempos que correm nada do que Rio Rio faz, diz ou escreve tem qualquer importância.
Em bom rigor raramente a teve, se é que teve, ao longo destes penosos quatro anos e meio em que presidindo (liderar é algo bem diferente)ao PSD foi bastas vezes o melhor aliado do PS e de António Costa que lhe retribuiu as muitas gentilezas derrotando-o em várias eleições com a última delas, derrotas, a ter a expressão que bem se sabe.
Já para não falar das desconsiderações, arrogância e desprezo com que o tratou a ele e ao PSD sem nunca levar as respostas adequadas.
E por isso se Rio não contou para nada antes menos conta agora que o seu sucessor está eleito e o congresso de eleição dos novos orgãos se aproxima a passos largos por muito que alguns dos seus (poucos) fieis ainda queiram dar a ideia de que Rio manda e conta para alguma coisa.
Não conta!
Corre até o risco de na História do PSD não ficar no corpo da narrativa mas sim ser remetido para uma errata de fim de livro tão fraca foi a sua passagem pela presidência do partido.
E por isso quando o cartilheiro Marques Lopes escreve um texto a atacar Cavaco Silva, por este num brilhante artigo de opinião, ter arrasado António Costa em nada admira que Rio tenha ido pressurosamente colocar um "gosto" nesse texto.
Porque já se sabe que Rio prefere Costa a Cavaco, conhece-se o seu ressabiamento por o antigo líder (esse sim foi líder e excepcional) ter sido e continuar a ser mil vez mais influente no partido e no país do que ele Rio alguma vez foi, conhece-se a sua falta de respeito pela História do PSD do qual Cavaco é dos mais brilhantes protagonistas e esperar que ele respeitasse alguém que foi seu antecessor no partido e primeiro ministro em três ocasiões (com duas maiorias absolutas) e presidente da República em dois mandatos por vontade dos portugueses era não o conhecer nem à sua forma rancorosa de olhar os seus próprios insucessos que são sempre culpa dos outros mas nunca dele.
Rui Rio, como o próprio num momento de grande lucidez admitiu, já não tem qualquer futuro político.
Mas o PSD tem. Ou pelo menos espera-se que tenha.
E se estes quatro anos e meio de derrotas em eleições nacionais, se a diminuição acelerada da influência do partido na sociedade portuguesa, se hoje se pode pôr em causa que o PSD ainda seja um grande partido (as sondagens são cada vez mais aterradoras) isso tem uma razão de ser.
Que é o facto de por três vezes os militantes do PSD terem escolhido Rui Rio em detrimento de alternativas que seguramente fariam diferente e fariam melhor. Até porque pior era quase impossível.
Preferiram Rio a Pedro Santana Lopes, preferiram Rio a Luís Montenegro, preferiram Rio a Paulo Rangel.
O resultado está á vista!
Errar uma vez é erro. Errar três vezes é cumplicidade.
Pelo que responsabilidade maior destes anos polvilhados de insucessos eleitorais e políticos não é de Rui Rio mas sim de quem o elegeu, reelegeu e voltou a eleger. As coisas são o que são.
E por isso , agora que Rui Rio passou á história, é importante entender se o partido percebeu a lição e aprendeu com os próprios erros ou se pelo contrário "rei morto,rei posto" e vão continuar os erros, os vícios, os disparates e a perpetuação dos mesmos de sempre nos lugares que parecem ser vitaliciamente deles.
Para já do processo eleitoral do passado sábado e da "frente" parlamentar esta semana não chegam boas notícias. Esperemos que sejam assuntos corrigidos de forma rápida e eficaz até para que Luís Montenegro se possa afirmar na liderança.
Porque por esse andar, a manter-se, o "caminho das pedras" que o PSD vai fazer será longo, árduo e às vezes receio que infinito.
A ver vamos.
Depois Falamos.

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