O meu artigo desta semana no zerozero.pt
Falar e escrever sobre treinadores é fazê-lo sobre uma das profissões mais apaixonantes do mundo do futebol mas simultâneamente daquela que maior instabilidade significa para os seus profissionais.
Porque na maioria dos países, e muito em especial nos latinos onde a esmagadora maioria dos dirigentes parece ter nascido com a convicção de serem possuidores da sabedoria absoluta, o despedimento do treinador quando as coisas não correm bem (e às vezes até quando correm bem ) é a panaceia mais à mão para resolver problemas que muitas vezes nem são atribuíveis aos próprios treinadores.
Mas como é quase tão difícil despedir todo um plantel como os dirigentes assumirem responsabilidades pelos erros na construção do mesmo é sempre o treinador que paga a fava e acaba despedido.
Portugal é um país de grandes treinadores.
Sempre o foi.
E embora a moda aponte para valorizar os jovens treinadores do presente basta ter um pouco de memória para recordar alguns grandes nomes do passado que souberam construir grandes equipas, e às vezes em clubes bem modestos em termos de recursos, e proporcionarem com elas grandes espectáculos de futebol.
Falando apenas dos últimos cinquenta anos, aqueles em que acompanho o futebol com enorme interesse, é fácil recordar alguns nomes que foram grandes no seu tempo e grandes seriam ainda hoje se o tempo não tivesse passado.
Fernando Vaz, José Maria Pedroto, Mário Wilson, Joaquim Meirim, Manuel de Oliveira, Ferreirinha ( não é dos mais mediáticos mas as suas equipas jogavam um futebol de excelência) , Fernando Caiado, António Medeiros e tantos outros.
Aos quais sucedeu uma outra geração, também ela de excelência, da qual saliento nomes como Artur Jorge, Fernando Santos, Manuel José, Quinito, Manuel Cajuda, João Alves, Vitor Oliveira e Jorge Jesus entre outros que assinaram e assinam trabalhos valiosos em Portugal e no mundo.
E depois uma geração mais actual.
Liderada por José Mourinho mas com uma guarda de honra de enorme valia composta por Rui Vitória, André Vilas Boas, Sérgio Conceição, Leonardo Jardim, Abel Ferreira, Carlos Carvalhal, Vítor Pereira, Paulo Sousa, Paulo Fonseca , Marco Silva entre outros de um lote cada vez maior e cada vez melhor.
E se necessário fosse provar que o treinador português é um treinador de enorme qualidade e cujo valor é reconhecido no mundo do futebol bastaria dar três exemplos disso.
O primeiro reside no facto de as esmagadora maioria das equipas da primeira liga, incluindo os três crónicos candidatos ao título, ser treinada por portugueses bem ao contrário do que acontecia décadas atrás em que os treinadores estrangeiros predominavam.
E isso significa que os dirigentes finalmente( há alguns anos a esta parte) perceberam que não precisavam de ir buscar fora quando há tanta qualidade dentro.
O segundo é o facto de haver treinadores portugueses a trabalharem nalguns dos principais campeonatos europeus , e também nalgumas seleccções, o que mostra o reconhecimento do mundo do futebol pela valia do treinador português.
O terceiro é o caso muito particular da presença de treinadores portugueses no Brasil.
País que sempre exportou treinadores e jogadores para Portugal mas com a inversa a ser uma perfeita raridade podendo contar-se pelos dedos, durante muitos anos, os casos em que isso acontecia.
Pois na actualidade há quatro treinadores portugueses a treinarem no primeiro escalão brasileiro e não é propriamente em clubes menos mas sim nalguns dos maiores do Brasil como são os casos de Paulo Sousa no Flamengo (o maior clube do país e um dos maiores do mundo), de Vitor Pereira no Corinthians, de Luís Castro no Botafogo e o caso especial de Abel Ferreira no Palmeiras onde tem um trajecto de excepcional sucesso coroado com duas taças dos Libertadores.
O treinador português é bom.
E por isso, a terminar, gostaria de destacar a época de quatro deles.
José Mourinho que com a Roma vai disputar a final da liga das conferências e se ganhar será o primeiro a conseguir vencer as tres principais competições de clubes da UEFA.
Sérgio Conceição que acaba de conquistar o terceiro título em cinco época no F.C.Porto com um notável trabalho de autor que faz dele o principl artífice do triunfo.
Ricardo Soares que ao leme do Gil Vicente , um clube de recursos modestos mas muito bem gerido, conseguiu o primeiro apuramento para as competições europeias dos gilistas o que merece justo destaque.
Marco Silva que dirigindo o histórico Fulham conseguiu levar o clube londrino a subir à “Premier League” podendo ainda vencer a “Championship” nas jornadas que faltam.
São quatro exemplos apenas, outros poderiam ser dados, mas confirmam que os treinadores portugueses estão hoje na primeira linha do futebol mundial e prestigiam largamente o país com os seus sucessos aquém e além fronteiras.
E com alguns jovens talentosos a despontar mais a confirmação do talento de outros que já andam nisto há alguns anos estou certo que o futuro está garantido.
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