Luís Montenegro é o novo presidente do PSD.
Resultado previsível para quem conheçendo minimamente o partido e as suas estruturas intermédias facilmente perceberia que o seu opositor dificilmente conseguiria ultrapassar as barreiras que lhe eram impostas pelo chamado "aparelho" e que ajudariam a fazer a diferença entre dois candidatos de reconhecido valor.
Eleito nas directas de ontem com uma margem mais que confortável (cerca de 72%) sobre Jorge Moreira da Silva (que ficou pelos 27%) tem agora pela frente a espinhosa tarefa de provar que é o novo líder do partido.
Porque ser presidente é uma coisa e ser líder é outra.
Pedro Passos Coelho foi líder e Rui Rio apenas presidente para exemplificar melhor a diferença com dois exemplos práticos.
E o afirmar-se como líder é um processo longo, com várias etapas, que não permite uma avaliação imediata sobre se consegue ou não atingir esse estatuto.
A primeira etapa, e apenas sobre ela falarei neste texto, tem a ver com o congresso de Julho onde ele escolherá a nova equipa dirigente, o novo secretário geral (escolha muito importante) e a sua equipa, os novos orgãos nacionais do partido.
E aí ou Luís Montenegro faz uma renovação profundíssima, escolhendo novas caras e novos protagonistas que cortem radicalmente com estes quatro anos e meio de tempo perdido, ou se ao invés quiser contemporizar com quem estava, manter nalguns cargos aqueles que lá estão há muitos anos, fazer de Rio o único responsável pelos insucessos e "amnistiar" aqueles que o rodearam e apoiaram até ao fim então nunca será líder e será presidente pelo prazo do mandato para que foi agora eleito.
Mais claro ainda: No PSD há dirigentes nacionais e dirigentes de estruturas intermédias que apoiaram Rio contra Pedro Santana Lopes, contra o próprio Luís Montenegro e contra Paulo Rangel e que o fizeram dizendo dos oponentes de Rio o que Mafoma não disse do toucinho!
Estiveram com Rio de princípio a fim, tiveram lugares no partido, no Parlamento e noutros lugares e foram apoiantes activos de Rio nas três directas que venceu.
Mesmo percebendo-se desde há muito que Rio não era solução.
E se uma vez qualquer um se engana três vezes já não é engano. É cumplicidade!
Não é com esses que Luís Montenegro pode construir o futuro.
Quero com isto dizer que todos quantos apoiaram Rio devem ser saneados?
Longe disso.
Até porque há gente que apoiou Rio de forma convicta, leal, servindo o partido, mostrando qualidade e que deve ser aproveitada para o futuro.
Mas os outros, aqueles que como a cortiça andam sempre a boiar à superfície e ainda Rio era líder e já se pavoneavam ao lado e atrás de Montenegro , a esses deve ser concedido um justo descanso em termos de orgãos dirigentes do partido.
Já estragaram que chegasse.
Depois Falamos.
P.S. Não sendo militante do PSD falo com o enorme à vontade concedido por não ser candidato a nada no próximo Congresso.
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