Um dos defeitos humanos que mais me indigna mas simultaneamente permite avaliar melhor o carácter das pessoas é, sem sombra de dúvida, a ingratidão.
Há outros defeitos mais graves, bem mais nocivos, susceptíveis de prejudicarem muito mais as pessoas que são vítimas deles mas a ingratidão é tão escusada, tão desnecessária, tão fácil de evitar que a sua prática é algo que todos deviam erradicar dos seus comportamentos.
Pelo menos de forma consciente porque inconscientemente qualquer um de nós já terá caído nesse erro aqui ou ali.
Há muito anos atrás, numa "galáxia" que já me parece muito distante, tive oportunidade de trabalhar de perto com um líder do PSD que acompanhei em inúmeras viagens pelo país na preparaação de umas eleições.
Ao tempo éramos ambos deputados e a certa altura punha-se a questão da substituição do lider parlamentar (que ia deixar a aAssembleia para se candidatar a um municipio) pelo que numa dessas viagens a conversa versou sobre essa substituição dado estarem a ser veiculados pela imprensa vários nomes.
E sem que algum nome fosse indicado pelo líder do partido, que creio nessa altura ainda não teria tomado a decisão final, ele teve uma reflexão que passados tantos anos nunca esqueci.
"..Sabe Luís, cada vez que faço uma escolha corro o risco de optar por um potencial ingrato mas tenho a certeza que vou ter dez despeitados a criticarem a minha opção...".
Grande verdade que me acompanhou desde então.
E pela parte que me toca, quando em diversas ocasiões e em diferentes funções tive de fazer escolhas e convites, nunca me esqueci de que isso seria o que inevitavelmente acabaria por suceder.
E sucedeu.
Porque se é verdade que muitas vezes as coisas correram bem e as pessoas escolhidas nunca se revelaram ingratas é igualmente verdade que noutras não foi assim.
Não faço ideia, embora às vezes suponha, quanto à minha conta de despeitados.
Mas à de ingratos faço...
Depois Falamos.
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