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segunda-feira, dezembro 27, 2021

Escusado

Já manifestei, e por mais que uma vez, a admiração que nutro pelo agora Almirante Henrique Gouveia e Melo face ao relevantíssimo serviço que prestou ao país liderando o processo de vacinação depois de uma carreira na Marinha , ainda não acabada como se sabe, também ela excelente.
E disse, opinião que mantenho, que uma vez concluído o seu percurso militar com a passagem á reserva seria desejável que um cidadão com as qualidades evidenciadas pelo Almirante pudesse continuar a servir Portugal em funções de Estado.
Até como Presidente da República se fosse essa a sua vontade e os portugueses o elegessem como é evidente.
Porque se é verdade que um militar no activo não pode nem deve fazer política é igualmente verdade que passando à reserva está no pleno gozo dos seus direitos cívicos e políticos e só faltava que por ter sido militar não pudesse fazer política.
Em democracia essa discriminação não pode existir.
Dito isto não posso também deixar de dizer que não gostei da forma como Gouveia e Melo se deixou envolver neste estranho processo de substituição, contra sua vontade, do Almirante Mendes Calado na chefia da Marinha aceitando substitui-lo mesmo sabendo que a saída do camarada de armas era antes do final do mandato e por exoneração política de um governo desagradado com a forma como o até agora chefe do estado maior da Marinha se pronunciara sobre reformas no sector.
Pronunciara, é bom dizê-lo, a pedido do governo que pelos vistos pede opiniões mas apenas aceita as concordantes com as suas!
Não conheço as motivações de Gouveia e Melo para aceitar , para lá do legítimo desejo de concluir a carreira militar no posto mais alto da Marinha, a nomeação nestas condições mas que era bem escusado servir de trunfo eleitoral do governo e do PS numa altura em que o país está em pré campanha lá isso era.
Não lhe fica bem.
E por isso fico com a clara sensação que o Almirante, homem integro, honrado e competente mas desconhecedor dos jogos políticos se deixou enrodilhar neste assunto e desta forma, por um governo que não olha a meios para atingir os seus fins, devido a uma ingenuidade política que convirá erradicar se tem ,de facto, ambições nessa área.
Fosse eu adepto de teorias da conspiração e até poderia pensar que mais do que usar a popularidade de Gouveia e Melo para fins políticos imediatos o que António Costa (é dele que se trata porque o ministro Cravinho não tem engenho para tanto) realmente quer é preparando o próprio caminho para Belém 2026 ir prejudicando a imagem de um potencialmente perigoso concorrente!
É o crime perfeito.
Livra-se do crítico Mendes Calado, nomeia o  popular Gouveia e Melo potenciando votos em 30 de Janeiro e cria as condições para mais tarde lhe danificar a imagem com esta nebulosa nomeação.
Fosse António Costa tão bom a governar como o é na arte da sacanice e Portugal estaria bem melhor!
Depois Falamos.

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