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domingo, novembro 28, 2021

Pirro

O meu interesse de cidadão nas directas de ontem no PSD era muito simples.
Não sendo militante do partido, conhecendo Rui Rio há muitos anos e não conhecendo Paulo Rangel de lado nenhum, e não acreditando que o PSD consiga vencer as próximas legislativas (como expliquei em texto anterior) apenas me interessava que delas resultasse a escolha de alguém capaz de liderar realmente a oposição e construir as bases de um futuro triunfo do centro direita.
E entendia ser Paulo Rangel o mais bem posicionado para isso.
A opinião de 52,4% dos militantes que votaram (e são apenas esses que contam) foi que Rui Rio seria o melhor líder, provavelmente acreditando que seria também melhor primeiro ministro que Rangel o que em muito terá contribuido para o triunfo, e renovaram-lhe o mandato como presidente do PSD.
Foi uma vitória clara, mas não expressiva (como também não tinham sido anteriores triunfos sobre Pedro Santana Lopes e Luís Montenegro), que reforçando a legitimidade do líder também lhe exige medidas concretas que fomentem a unidade interna e não apenas discursos de ocasião sobre o tema que rapidamente caem no esquecimento.
E há que dizer que a arrogância com que apoiantes (e nalguns casos com responsabilidades acrescidas) de Rui Rio andam pelas redes sociais e pela comunicação social, festejando como se tivessem ganho ao PS e não apenas uma eleição interna, em nada ajuda a crer que isso seja uma real intenção do líder.
Que, ele próprio, não esteve nada bem quando misturou no discurso de vitória os apelos à unidade com os habituais ataques às estruturas do partido (concelhias e distritais), tão livremente eleitas pelos militantes como ele próprio, presumindo-se que esses ataques se dirigiam apenas às que apoiaram Rangel e esquecendo as que o apoiaram a ele.
E bastará conhecer minimamente o PSD para olhando os resultados se perceber que os tais "pecados" do chamado "caciquismo" ( o caciquismo hoje é mais uma expressão para definir determinadas votações massivas do que uma votação coerciva que exista de facto dentro do partido. Na verdade o que há ou não há é lideranças concelhias, distritais e regionais com maior ou menor influência nos respectivos militantes) se verificaram no apoio a ambos os candidatos o que não é novidade nenhuma dentro do PSD.
Daí que em matéria de unidade, se ela é de facto um objectivo, seja necessário a Rui Rio corrigir o "tiro" dando sinais claros nesse sentido que simultaneamente sirvam para "acalmar"alguns dos seus mais fogosos apoiantes e permitam ao PSD chegar a 30 de Janeiro unido e em condições de alcançar um sucesso eleitoral.
Na certeza de que se isso não for feito, e se o PSD não alcançar o tal sucesso eleitoral, então apenas Pirro estará em condições de explicar plenamente o resultado de ontem.
Depois Falamos.

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