Desconfio que para aqueles eleitores que vão do centro direita ao centro esquerda, que não votam de forma "clubística" e que tem apenas a certeza que querem ver o PS e o dr Costa longe do poder , a vida não está nada fácil na hora do voto.
Porque para os eleitores de esquerda está.
PCP e BE vão ser punidos pelo chumbo do orçamento de estado e o mais a que podem aspirar é os dois em conjunto fazerem maioria com o PS se os socialistas estiverem para aí virados o que está longe de ser uma certeza embora seja tendencialmente possível.
E portanto só votarão nesses dois partidos os que o fazem por tradição (especialmente no PCP), os que querem impedir a sua descida para números residuais e os que quiserem impedir uma maioria absoluta do PS.
Todos os outros votarão PS em busca de uma maioria absoluta, que não acredito que venha a acontecer, o que deixará os socialistas, caso vençam, com a opção de voltarem a governar sozinhos com entendimentos pontuais à esquerda e à direita (se o dr Rio vencer as directas do PSD o que está longe de ser uma certeza) porque voluntários para serem bengalinhas de um governo minoritário não lhe faltam.
Do outro lado da barricada é que as coisas estão mais complicadas.
Excluida a vitória do PSD com maioria absoluta e sendo muito difícil uma vitória com maioria simples, especialmente se o candidato a PM for o dr. Rio, quais são as hipóteses em aberto?
Já se sabe que o dr Rio tem grande disponibilidade para continuar a ajudar o PS e isso afastará eleitores que consideram inaceitável que se possa dar qualquer apoio a quem andou pendurado na esquerda e extrema esquerda não democráticas e ainda por cima governou tão mal o país.
O que desviará muitos votos do PSD para outros partidos com Iniciativa Liberal e Chega a serem os maiores beneficiários, dado que o estado trágico do CDS não desperta entusiasmo nos seus eleitores quanto mais em indecisos, praticamente inviabilizando qualquer possibilidade de o PSD sair vitorioso do acto eleitoral.
Se o líder do PSD for o dr. Rangel admito que isso concentrará votos no partido porque a recusa de qualquer entendimento com o PS serve perfeitamente as perspectivas daqueles que entendem que é tempo de separar "águas" de forma clara.
E aí talvez o PSD possa ambicionar vencer as eleições.
Sendo certo que sem maioria absoluta o que o obrigará a fazer coligações pós eleitorais com os partidos à sua direita sabendo-se que se mesmo com esses votos não conseguir uma maioria no parlamento rapidamente aparecerá uma nova geringonça para o afastar do poder.
É por isso que fazendo parte desses eleitores que referi no início do texto olho com perfeita estupefacção a forma como os dois candidatos a líderes do PSD embarcam na narrativa da esquerda e extrema esquerda e alinham na diabolização do Chega, que é um partido que defende modelos de sociedade democráticos ao contrário de PCP e BE, fazendo com isso claramente o jogo dos adversários que querem derrotar.
Com o dr Rio a afirmar, inclusivé, que prefere não governar do que governar com apoio do Chega!
A verdade é que à direita do PS os votos não sobram.
E prescindir de parte desse eleitorado, que todas as sondagens indicam ser significativo, é claramente desistir de governar Portugal depois das eleições permitindo ao PS e à geringonça que o PS quiser formar continuar a dar cabo do pouco que ainda resta de um país que está novamente a mergulhar num abismo.
Percebo, isso sim, que no âmbito de uma coligação pré eleitoral o PSD preferisse aliar-se a CDS, Iniciativa Liberal, Aliança e um ou outro pequeno partido, para tentar ganhar as eleições ao centro (que é onde elas se ganham) deixando ao Chega a franja de eleitorado que vai da direita à extrema direita e que também tem direito a ser representada no Parlamento.
Agora afirmar peremptoriamente a recusa de qualquer entendimento pós eleitoral com o Chega é uma rematada parvoíce que apenas contribuirá para que o PSD não ganhe eleições porque passa para o eleitorado a clara ideia que votar num partido que rejeita formar maiorias não serve para nada em termos de estabilidade governativa.
E isso desvia votos para o PS, para a Iniciativa Liberal , para o Chega e até para a abstenção.
São opções tão legítimas quanto trágicas para o país.
Mas o dr. Rio e o dr. Rangel lá sabem da vida deles.
Os eleitores indecisos do centro direita ao centro esquerda é que não.
Depois Falamos.
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