Ainda é muito cedo para ter certezas, até porque estamos em Portugal, mas parece que estamos na iminência da tal crise política que ninguém parecia querer e que passará pela não aprovação do Orçamento de Estado.
Ao centro e à direita com disputas internas no PSD e CDS, mais congresso do Chega , é evidente que a crise vem em má altura mas em boa verdade esses partidos mais a Iniciativa Liberal não tem qualquer responsabilidade na matéria.
É à esquerda, desde 2015, que está a responsabilidade de aprovar programas de governo e Orçamentos de Estado.
E á esquerda as comadres desentenderam-se.
A que a vitória de Carlos Moedas em Lisboa não terá sido alheia.
PCP e BE brutalmente derrotados nas autárquicas perceberam, finalmente, que serem capachos do PS apenas os empurrava para a irrelevância muito particularmente no caso dos comunistas que sempre tiveram boa implantação autárquica ao contrário do BE que em termos de autarquias nunca valeu nada.
E o receio de continuarem nesse caminho leva-os a, citando uma velha frase de António Guterres, tendo de optar entre a espada e a parede escolherem a espada.
Resta o PS.
Aquele a quem as eleições infundem menos receio, porque é o mais preparado para elas e está no poder, mas sabedor que o mais certo é ganhando-as não as ganhar com maioria absoluta o que o levaria a uma difícil situação de não saber com quem falar no pós eleições porque previsivelmente os seus aliados perderiam peso e o centro e a direita poderiam tirar partido disso.
Como tiraram nas autárquicas com o PSD a ganhar câmaras ao PS e ao próprio PCP em pleno Alentejo.
Ou seja as eleições poderiam levar o PS de Costa ao pântano de que Guterres fugiu em 2001.
A ironia de tudo isto é que foi exactamente este o cenário que levou Rui Rio a pedir o adiamento das eleições internas e que foi rejeitado pelo Conselho Nacional.
Afinal havendo crise política prova-se que Rui Rio estaria certo nas precauções que entendeu propor.
E essa é uma ironia que pode ser decisiva nas directas do PSD.
Mas estamos em Portugal e por isso nada como aguardar pela votação propriamente dita do Orçamento de Estado.
Depois Falamos.
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