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domingo, outubro 31, 2021

Eleições

Com o país mergulhado numa crise política por exclusiva responsabilidade de PS, CDU e BE, que desfizeram agora o que contra natura construiram em 2015, o assunto do momento é a data para a qual serão marcadas as eleições legislativas uma vez dissolvido o Parlamento.
Deixando de lado os prazos constitucionais, que obviamente terão de ser cumpridos, é curioso analisar o posicionamento dos partidos perante as datas em equação.
Com excepção da Iniciativa Liberal e do PAN, que apontam para o último domingo de Janeiro, todos os outros parecem querer que elas se efectuem em meados desse mês por razões naturalmente muito diferentes.
CDU e BE, por eles nem eleições haveria porque sabem muito bem o justo preço que vão pagar por terem sidos bengalas do PS durante seis anos, querem-nas o mais depressa possível pelo receio que o voto útil polarize a votação de esquerda no PS e os remeta para a periferia da insignificância.
E sabem que esse voto útil sucederá muito mais num confronto entre Costa e Rangel do que entre Costa e Rio.
O PS quer as eleições rapidamente porque conta com o Chega e a Iniciativa Liberal para dispersarem os votos no centro e na direita e sabe que isso será muito mais fácil com Rio na liderança do PSD do que com Rangel que introduz um factor de mudança cuja dimensão não é conhecida.
O CDS, mergulhado numa fracticida guerra interna, parece preferir também uma data mais próxima porque quanto mais depressa forem as eleições menor será a polémica interna e mais o foco na eleição externa.
O Chega claro que quer as eleições num timing que impeça o efeito de eventuais mudanças resultantes das directas no PSD porque para a sua estratégio ter Rio na liderança é o que mais lhes convém em termos de captação de franjas do eleitorado social democrata.
E resta o PSD.
Cujo processo eleitoral interno está, indevidamente mas está, umbilicalmente ligado a estas legislativas porque às duas candidaturas em disputa a data da eleição nada tem de indiferente.
Rui Rio prefere, é claro, a data de 16 de Janeiro porque a ser assim será ele a fazer as listas de deputados (que terão de ser entregues antes das eleições internas) condicionando fortemente as directas  e aumentando as hipóteses de as vencer.
E por isso nem hesita em pressionar o PR insinuando que outra data que não a que ele, Rio, quer é um favorecimento ao rival.
Paulo Rangel prefere, também é claro, uma data bem posterior para que vencendo as directas possa ser a sua direcção a fazer as listas de deputados assegurando assim uma paz entre a direcção do partido e o grupo parlamentar que serão essenciais para governar o país ou assegurar uma oposição consistente.
Embora se deva dizer que a pretensão de Rangel de legislativas em finais de Fevereiro é um absoluto exagero e em nada justificável.
Em suma o Presidente decidirá.
Por mim, enquanto cidadão eleitor sem qualquer outro interesse que não o de ver o país bem governado, o que me interessa é poder optar entre propostas de partidos com a sua vida resolvida e que possam assegurar, no governo ou na oposição,  merecerem o voto que lhes será dado.
E se o "preço" disso for as eleições serem duas ou três semanas mais tarde do que aquilo que a generalidade dos partidos parece querer (por razões que nada tem a ver com as por eles evocadas como bem se percebe) não vem daí mal ao mundo.
Quem anda a ser mal governado há seis anos também o pode ser mais duas ou três semanas.
Depois Falamos.

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