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terça-feira, setembro 14, 2021

Sampaio e o Vitória

Sempre olhei Jorge Sampaio, falecido na passada semana, como um adversário político com o qual estive quase sempre em desacordo e que muitas vezes critiquei neste blogue, no facebook e em artigos de opinião em jornais.
Foram muitas as discordâncias, nomeadamente quando dissolveu um Parlamento em que existia uma maioria homogénea e coesa que dava suporte a um governo legítimo abrindo caminho à desgraça nacional que foram os governos de José Sócrates, e raros os momentos em que estive de acordo com a sua intervenção política que se restringiram , praticamente, à sua acção em relação à independência de Timor-Leste.
Não é agora, por causa do seu falecimento, que vou mudar de ideias quanto à sua acção política (até porque continuo a pensar exactamente o mesmo acerca dela) nem enveredar pelo velho hábito português de considerar que depois de se morrer é que se é bom.
Respeito o seu percurso político, com méritos e deméritos, reconheço que foi um homem que lutou pela democracia e fez frente ao Antigo Regime, admito que tenha sido um bom presidente da câmara de Lisboa mas avalio de forma negativa a forma como exerceu a presidência da República.
Mas agora já nada disso interessa.
Quando morre um homem de bem (e Jorge Sampaio foi um homem de bem) que exerceu cargos públicos há que respeitar a sua memória e cessar o combate político que deixa de fazer sentido.
E por isso prefiro aqui recordar algo pelo qual, enquanto vitoriano, estarei sempre grato a Jorge Sampaio.
Refiro-me à sua presença, enquanto Presidente da República, nas comemorações dos 75 anos do Vitória.
Veio a Guimarães, inaugurou o Complexo Desportivo António Pimenta Machado e esteve presente na sessão solene que decorreu no pavilhão do Vitória e foi um belo momento de afirmação vitoriana. 
E com a sua presença honrou o clube, enriqueceu as comemorações e deu ao Vitória um estatuto que em Portugal normalmente apenas é dado a três outros clubes.
E será "desse" Jorge Sampaio que preferirei lembrar-me sempre.
Depois Falamos.

P.S. Devo dizer , em abono da verdade, que em termos pessoais nada lhe tenho a apontar de negativo antes pelo contrário. Das quatro ou cinco vezes que com ele contacetei foi sempre de grande cordialidade dentro do seu estilo "british". Recordo até uma agradável conversa à mesa na inauguração do museu da agricultura , em Fermentões, em que ele esteve enquanto Presidente da República e eu como Governador Civil de Braga.

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