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quinta-feira, agosto 05, 2021

Pichardo

Não navegando nas águas da hipocrisia nem fazendo do oportunismo uma forma de estar não vou agora, só porque Pedro Pichardo ganhou a medalha de ouro no triplo salto, mudar a opinião que há muito tenho sobre a utilização de atletas naturalizados pelas selecções nacionais de qualquer modalidade incluindo futebol.
E se aceito sem qualquer problema que uma criança vinda para Portugal na sua infância e não sendo portuguesa decidam os pais naturalizá-la, num tempo em que obviamente não faz a mínima ideia do que vai fazer na vida incluindo ser atleta de alta competição, já não aceito que atletas adultos que até já competiram por outros países (incluindo campeonatos do mundo e Jogos Olímpicos) se naturalizem para competirem por Portugal e disputarem medalhas que não correspondem à realidade do nosso desporto.
É a tal "medalhite", fomentada por dirigentes desportivos em busca de sucessos fáceis e por governos sempre interessados na popularidade do êxito desportivo, que devia merecer severa condenação a todos quantos gostam de desporto e entendem que a representação desportiva do país em termos de selecções deve ser feita por portugueses de sempre e não da vigésima quinta hora.
Não significa isto que Portugal não deve acolher os atletas que nos queiram como país de residência, permitir-lhes se assim o desejarem a obtenção da nacionalidade portuguesa , facultar-lhes a prática desportiva nos clubes que os quiseram acolher ( e em representação desses clubes contribuirem para sucessos desportivos em provas internacionais de ...clubes) mas não deve permitir-lhes representarem as selecções nacionais.
E nome da Verdade desportiva.
Pedro Pichardo , que ainda há três escassos anos competia por Cuba país do qual saiu por razões que respeito mas que não devem ter qualquer repercussão nas representações nacionais em eventos desportivos como os Jogos Olimpicos, venceu o triplo salto envergando a camisola de Portugal.
Não direi que não gostei de ouvir o hino e ver subir a bandeira no mastro principal porque são o hino e a bandeira de Portugal.
Mas seria de uma profunda hipocrisia dizer que tive uma satisfação minimamente comparável com a que senti ao ver idênticas cerimónias com Carlos Lopes, Rosa Mota, Fernanda Ribeiro e Nélson Évora.
Porque não tive.
Depois Falamos.
 

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