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sexta-feira, maio 07, 2021

Limoeiro

Aqui há uns anos atrás, com a preciosa ajuda de quem da matéria percebe mais do que eu, plantei um limoeiro.
Comprado num horto, sendo apenas um pequeno e delgado tronco sem folhas nem flores, foi plantado num pedaço de terra razoavelmente abrigado do vento e especialmente das nortadas tão típicas na região e amparado por duas pequenas estacas para o ajudarem a fixar-se enquanto não criava raízes.
Regava-o regulamente, ia-o limpando de parasitas e insectos, tirando uma outra folha devastada pelos caracóis e o pequeno e bravo limoeiro lá foi crescendo ao seu ritmo e fazendo frente a todas as adversidades.
E quando um ou outro vizinho se detinha a olhar para ele e a vaticinar-lhe um triste fim, por entenderem que ele não se desenvolvia tão rapidamente como seria desejável e que não passava de um pequeno tronco, eu apenas respondia que era preciso dar tempo ao tempo e que um limoeiro não era uma espécie de árvore  quase  instantânea que desde que se deita á terra até dar limões são apenas meia dúzia de meses.
Tem etapas de crescimento para cumprir que demoram o seu tempo e que esse tempo não era o que nós gostaríamos mas aquele que tem realmente de ser.
E assim foi.
Começaram a aparecer as primeiras folhas, as tais que os caracóis elegeram como meu de degustação, e um dia as primeiras flores a anunciarem que os limões estariam para chegar mais dia menos dia cumprindo assim o limoeiro o seu papel.
Sabendo que desde o aparecimento do pequeno limão completamente verde até poder ser colhido já no seu tamanho normal e na cor amarela também levaria o seu tempo. Como tudo na vida.
E com que satisfação começei a ver aparecerem um ,dois, três pequenos limões, que também eles foram crescendo até poderem ser consumidos, logo seguidos de mais alguns ao ritmo normal de um normal limoeiro que conseguira resistir a chuvas, ventos, geadas, bicharada, e até a algum abandono dos proprietários num tempo em que foram residir para Lisboa e o deixaram sem os cuidados regulares a que estava habituado.
Passaram anos desde o dia em que o pequeno limoeiro foi posto na terra até dar limões de forma regular.
Anos de paciência, de assistência , de não desistência à primeira dificuldade evidenciada pela pequena árvore quer fosse pelos ataques da bicharada, quer pelos problemas normais de crescimento, quer pelas pragas, pelos àcaros, pelos "piolhos negros" e outros que tais.
Com o uso de fertilizantes, rega suficiente, folhas mais afectadas devidamente podadas e outros cuidados o pequeno limoeiro lá sobreviveu e continua a sua tarefa porque para lá da sua qualidade própria nunca dele se desistiu.
Lembrei-me hoje deste assunto ao conversar telefonicamente com um amigo sobre o partido Aliança.
Depois Falamos.

P.S.: A foto não é do limoeiro cá de casa porque ele ainda não tem este tamanho. Mas lá chegará. Como no resto...a seu tempo.

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