Não andam calmas as “águas” para os lados da cidade berço, em torno do seu principal clube, embora também não andem tão agitadas como uma leitura apressada das redes sociais pode fazer crer a quem conhecer menos bem o Vitória.
Já se sabe que é um clube onde tudo, mesmo aquilo que aparenta pouca importância, é vivido com invulgar fervor e intensidade a que quando os resultados desportivos não ajudam se acrescenta uma dose extra de alvoroço.
E é precisamente pelos resultados desportivos que começo esta análise.
Nomeadamente pelos do futebol, o verdadeiro “termómetro” do sentir dos adeptos, que não estão em linha com as aspirações e as tradições do clube e apontam para o insucesso na equipa B que não conseguirá subir à II Liga , pela de sub 23 abaixo do expectável embora tenha vindo a melhorar nos últimos meses e por uma primeira equipa que está abaixo daquilo que sempre se espera no Vitória.
Com alguma surpresa à mistura porque fez uma primeira volta de muito bom nível, ao longo da qual se manteve invicta nos jogos fora de casa, e dava a clara sensação de poder estar na luta pela Liga Europa que é o patamar mínimo para um clube como o Vitória.
Mas depois de encerrar essa primeira volta com um empate em casa do Benfica, o que é sempre um resultado positivo que me desculpem os sonhadores sem limites, parecendo lançada para uma segunda volta de sucesso a verdade é que a equipa se “apagou” quase por completo registando cinco derrotas, dois empates e apenas um triunfo nos oito jogos decorridos( considerando o jogo em atraso com o Farense) e com isso dizendo adeus à Liga Europa e pondo até em risco a partcipção na “Conference League” a que o sexto lugar dá acesso.
Há razões várias para isso desde o abaixamento de forma de uns jogadores, as lesões de outros, o mérito dos adversários, uma ou outra arbitragem menos postiva mas há que dizer, sem tibiezas nem meias palavras, que a grande responsabilidade está na própria equipa e no seu treinador que falharam várias vezes em momentos e em jogos em que não podiam falhar.
Erros individuais, erros colectivos, estratégia de jogo, “onzes” iniciais, substituições , atitude com que se abordou a primeira parte de alguns jogos tudo isso contribuiu para impensáveis derrotas caseiras com Rio Ave e Gil Vicente, empate caseiro com o Farense e forasteiro com B SAD e até uma derrota perfeitamente evitável em Paços de Ferreira.
E nisso foi ao ar uma dúzia de pontos, mais coisa menos coisa, que fazem toda a diferença entre lutar pelo quarto lugar ou tentar manter o sexto!
Que tem de ser o grande, e perfeitamente possível, objectivo para os dez jogos que faltam.
Um segundo motivo para intenso debate na “nação” vitoriana tem sido a antecipação de receitas a que procedeu a SAD, no valor de vinte milhões de euros, e que visa fazer frente aos momentos muito difíceis que vivem os clubes por causa da pandemia que os estrangula financeiramente.
Perda significativa de receitas por causa dos jogos à porta fechada (bilhética, lugares anuais, merchandising, atrasos no pagamento das cotas,etc) , atrasos no recebimento do pagamento de clientes diversos, acréscimo das despesas com as medidas anti covid no valor de centenas de milhares de euros, manutenção integral (aqui não há moratórias...) de impostos e seguros a pagar que no caso do Vitória ascendem a mais de sete milhões de euros anuais, necessidade de renovar contratos e contratar reforços para a próxima época, renegociação de compromissos vários que se torna sempre mais fácil com dinheiro na mão, urgência de obras no complexo com a construção do mini estádio e mais ou menos previstos pedidos de insolvência da SAD vindos de supostos credores cuja aparição neste momento é tudo menos inocente, terão levado a SAD do clube a optar por este recurso que sendo idêntico aquilo que outros clubes da nossa liga e de outros campeonatos tem feito não deixa ainda assim de carecer de uma cabal e completa explicação aos accionistas da SAD e aos associados do clube tão depressa quanto seja possível.
Por um dever de transparência da qual nunca se deve prescindir mas também para acalmar espíritos e cercear o mais possível algumas especulações , alguns boatos e algumas mentiras postas a correr com intuitos claramente destabilizadores e a que urge pôr cobro com os esclarecimentos devidos e necessários.
Finalmente a saída do director geral Carlos Freitas.
Antecipada por motivos de doença, que naturalmente se lamentam, mas que já estava prevista para o final da época por razões que apenas a SAD poderá explicar mas que não me parecem difíceis de descortinar.
Contratado logo após a vitória de Miguel Pinto Lisboa nas eleições de Julho de 2019 o director geral teve amplo espaço de actuação na implantação de um projecto desportivo que passava pela contratação de jovens talentosos em diversos mercados europeus que poderiam dar mais valia desportiva à equipa a que se seguiria uma mais valia financeira nas suas transferências para clubes de outra dimensão económica.
A verdade é que esse projecto, cuja bondade não se contesta, precisava de mais tempo do que aquele que o Vitória lhe poderia dar face à frustração dos adeptos e dirigentes (alguns que não todos...) por sucessivos “anos zero” que afastavam o clube dos seus objectivos de sempre, faziam-no perder terreno para o seu velho rival e o punham a competir por lugares com clubes que normalmente tinham de olhar muito para cima para verem o Vitória.
Essa morosidade, associada ao facto de a maioria dos jovens não se terem revelado até agora a mais valia que era suposto serem (o que não significa que alguns não o venham a ser), dos erros na contratação de dois dos três treinadores para esta época com Tiago Mendes a durar apenas três jogos na primeira equipa e o austriaco Dominik Glowogger a passar pelos sub 23 sem qualquer proveito e da pressa excessiva com que se desfez a base da equipa da época anterior com a saida de jogadores que fazem falta levaram a que a SAD sentisse a necessidade não de começar tudo de novo mas de rectificar o que entendia estar mal e seguir uma estratégia adaptada às circunstâncias.
E para isso Carlos Freitas, sem prejuízo da sua competência e do que de bom fez no Vitória, não seria a pessoa ideal o que levou à sua substituição sem qualquer problema ou quezília de parte a parte.
Resta agora salvar esta época em termos classificativos mantendo um desconsolador sexto lugar, que apesar de tudo nos abre portas europeias, e preparar a próxima para ser o “ano um” da reconquista do lugar que nos é devido e de um crescimento desportivo, associativo e patrimonial que nunca mais pode parar nem sofrer atrasos.
Ja basta o que basta...
Carlos Freitas foi substituido?
ResponderEliminarO caro blogger e zerozerista sabe de algo?
Caro Anónimo:
ResponderEliminarSei o que li nos jornais.
Que a saída estava prevista para o fim de época e foi antecipada por questões de saúde.