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sexta-feira, dezembro 04, 2020

Memória

Portugal, como a Europa e o mundo quase todo, vive tempos de extrema dificuldade por causa d euma pandemia que por aí anda e que tem um impacto brutal na saúde, desde logo e essencialmente, na economia, nas famílias, no relacionamento social, na cultura, no ensino, no desporto e em tudo o resto com consequências de médio prazo que ainda são hoje impossíveis de prever.
Em Portugal registam-se mais de trezentos mil infectados e quase cinco mil mortos mas com a pandemia longe de estar controlada é evidente que os números ainda se vão tornar mais dramáticos no decorrer das próximas semanas.
Mas para lá do essencial , que é evidentemente tudo que se prende com a a saúde, a doença e a morte há muitas outras áreas em que a pandemia tem efeitos brutais.
Deixando de lado as consequências em termos de economia, de emprego, de perda de postos de trabalho, de empresas em dificudades ou que fecharam centremo-nos naquilo que nos diz directamente respeito a todos de forma mais pessoal digamos assim.
As famílias impossibilitadas de conviverem, os amigos de confraternizarem, os mais velhos em lares sem visitas, os jovens sem poderem praticar desporto de competição, todos nós sem podernos ir aos estádios e pavilhões ver os nossos clubes, os casamentos adiados ou reduzidos a mínimo de convidados, os funerais restritos à família próxima negando a muitos o direito de se despedirem de amigos ou familiares menos próximos, a Páscoa que foi celebrada de forma minimalista, o Natal que não se sabe ainda como será, uma incerteza tremenda sobre como será o futuro de todos nós.
Sacrifícios, privações, confinamentos tudo em nome da saúde pública e do combate que deve ser de todos à pandemia que nos assola.
E é neste cenário que um partido político sem nenhuma urgência que o justificasse fez finca pé em realizar um congresso que podia perfeitamente ter-se realizado daqui a dois ou três meses que ninguém no país se incomodaria com isso.
Apenas para levar a sua avante (termo que aqui nada tem de ocasional), demonstrar que o que é para todos em termos de restrições não o é para eles, dar ao país um sinal de soberba e arrogância quando o que se lhe exigia era que desse um exemplo solidário como, aliás, o fizeram outros partidos que adiaram reuniões, senados e congressos.
Esta atitude, que aliás deu sequência à festa do jornal do partido que com a mesma soberba e arrogância teimaram em realizar, não pode nem deve sair da memória de todos quantos nos privamos do que gostamos e do que nos é querido porque mal estaremos enquanto comunidade se no tempo certo e no local adequado estas atitudes não forem sancionadas pelo voto do povo.
Porque os que não foram solidários apenas merecem ficarem a falar cada vez mais sozinhos.
É a vida.
Depois Falamos.

P.S. E não me venham com a lengalenga de que na Festa do Avante e agora no Congresso não surgiram novos focos de infecção. Porque com participantes de todo o país é evidente que se houve novos infectados isso será atribuido a surtos locais nas suas zonas de residência e não aos eventos partidários.

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