O meu artigo desta semana no zerozero.pt
Gradualmente, ao sabor dos tempos e do mercantilismo desenfreado que o
assaltou, o futebol vai perdendo algumas das suas tradições, algumas das suas referências,
algumas das místicas que lhe davam uma aura muito própria.
Foi a publicidade nas camisolas, foram as transferências a meio da época, foi a criação de sociedades anónimas desportivas, fo o “naming” dos estádios, foi a introdução do VAR e foram algumas outras coisas que tornam o futebol actual cada vez menos parecido com o do século passado.
Ao sabor desse mercantilismo, desse autêntico “vale tudo” que se vai instalando, também a função de “capitão” de equipa foi perdendo importância, simbolismo e o peso muito próprio que o ser “capitão” dava a jogadores que tinham de ser especiais para merecerem essa honra.
Recordo no Vitória alguns “capitães” de equipa históricos aos quais se associava , colava até, a imagem do próprio clube tal a identificação que promoviam entre os adeptos e a equipa e eram especialmente admirados e respeitados pela forma como exerciam essa função.
António Peres, Abreu e Flávio Meireles são três dos muitos exemplos que podiam ser dados dos tais “capitães” que marcaram uma era e ainda hoje são recordados pelo seu amor ao clube e pela forma como lideravam a equipa dentro do campo sendo verdadeiras extensões do treinador.
Claro que eles, como outros, chegaram a “capitães” depois de vários anos com a camisola vestida sendo que Abreu e Flávio foram “feitos” no clube enquanto Peres veio para o Vitória muito jovem e aqui fez toda a sua carreira.
Ou seja para ser “capitão” do Vitória tinha de se ter um histórico no clube e não era chegar, ver e logo...capitanear como agora se vai tornando vulgar um pouco por todo o lado que não no próprio Vitória onde o “capitão” André André já tem uns anos de casa e de bons serviços prestados.
Nesse capítulo, e embora estando bem longe de o assunto me preocupar minimamente, devo dizer que estranhei bastante ver Otamendi capitanear a equipa do Benfica no jogo com o Lech Poznan cerca de um mês depois de ter chegado ao clube e quando estavam em campo jogadores com maior antiguidade clubística.
Num clube que teve capitães históricos como Mário Coluna (talvez o mais emblemático de todos), como Humberto Coelho ou como Manuel Bento (mas também Eusébio, Néné, Veloso, Luisão, etc) faz alguma impressão ver a braçadeira envergada por alguéma acabado de chegar e que ainda poucos anos atrás era uma referência do Porto que é de há muito o maior rival do Benfica.
E por falar em coisas estranhas aí temos mais um capítulo da triste novela Marega com um qualquer orgão disciplinar a punir o Vitória com uma pesadíssima multa de cinquenta e cinco mil euros mais três jogos à porta fechada com o sádico pormenor de esses jogos apenas poderem ser cumpridos depois do regresso do público aos estádios!
Mas mais estranho ainda, depois do folclore nacional em volta do coitadinho do Marega alvo de suposto racismo no estádio D.Afonso Henriques, é que a montanha pariu um ratinho minúsculo por duas razões:
A primeira é porque depois de imenso alarido, do Presidente da República ao Primeiro Ministro passando por outros governantes, por uma imensidão de comentadores (a esmagadora maioria dos quais nem viu o jogo), por líderes de vários partidos e por todo o bicho careta que quis protagonismo à volta do caso a investigação indiciou apenas TRÊS pessoas como suspeitas de actos racistas caindo assim pela base a tentativa de envolver as claques vitorianas, o todo dos adeptos, o próprio clube e até a comunidade num manto vergonhoso de racismo.
TRÊS arguidos que até estavam numa bancada a cem metros do local onde estava o coitadinho do Marega. Fantástico!
A segunda razão é que o severissímo castigo agora aplicado nada tem a ver com atitudes racistas mas sim com detalhes “técnicos” que a seguir se explicitam:
-Sancão acessória de realização de um jogo à porta fechada por
violação do dever de garantir o cumprimento das regras e condições de
acesso e permanência de espectadores no recinto desportivo;
- Sanção acessória de realização de um jogo à porta fechada por apoio a Grupo Organizado de Adeptos (GOA) não registado;
- Sanção acessória de realização de um jogo à porta fechada por violação do dever de zelar pelo comportamento dos GOA.
Ou seja mais ou menos algumas das razões que tem levado a sucessivas
interdições do estádio da Luz que nunca foram cumpridas porque o diligente TAD
sempre as anulou como naturalmente irá fazer em relação ao castigo aplicado ao
Vitória.
Em suma esta estranha história em torno das atitudes do jogador Marega promete não ficar por aqui. Mais capítulos virão...
Finalmente é estranho que a Liga, depois da FPF nos jogos da selecção, ande a autorizar jogos com público às “pinguinhas” como supostos testes para o regresso dos espectadores aos estádios.
Depois do Santa Clara-Gil Vicente anunciam-se agora o Santa Clara-Sporting, o Tondela-Portimonense e o Farense-Rio Ave da próxima jornada desconhecendo-se quais os critérios que levaram à escolha desses e não de outros jogos bem como quais as razões que impedem que todos os jogos sejam alvo desse tipo de teste que seria bem mais conclusivo porque abrangeria o todo nacional.
Para lá de um “pequeno “ detalhe que parece não preocupar a Liga.
Ao permitir que uns jogos tenham público e outros não está a violar o princípio da igualdade entre todos os clubes e consequentemente a ferir a verdade desportiva das competições que devia ser a sua preocupação maior.
Vale que estamos em Portugal e no futebol português.
Onde já não vale a pena ficarmos admirados seja com o que for!
Foi a publicidade nas camisolas, foram as transferências a meio da época, foi a criação de sociedades anónimas desportivas, fo o “naming” dos estádios, foi a introdução do VAR e foram algumas outras coisas que tornam o futebol actual cada vez menos parecido com o do século passado.
Ao sabor desse mercantilismo, desse autêntico “vale tudo” que se vai instalando, também a função de “capitão” de equipa foi perdendo importância, simbolismo e o peso muito próprio que o ser “capitão” dava a jogadores que tinham de ser especiais para merecerem essa honra.
Recordo no Vitória alguns “capitães” de equipa históricos aos quais se associava , colava até, a imagem do próprio clube tal a identificação que promoviam entre os adeptos e a equipa e eram especialmente admirados e respeitados pela forma como exerciam essa função.
António Peres, Abreu e Flávio Meireles são três dos muitos exemplos que podiam ser dados dos tais “capitães” que marcaram uma era e ainda hoje são recordados pelo seu amor ao clube e pela forma como lideravam a equipa dentro do campo sendo verdadeiras extensões do treinador.
Claro que eles, como outros, chegaram a “capitães” depois de vários anos com a camisola vestida sendo que Abreu e Flávio foram “feitos” no clube enquanto Peres veio para o Vitória muito jovem e aqui fez toda a sua carreira.
Ou seja para ser “capitão” do Vitória tinha de se ter um histórico no clube e não era chegar, ver e logo...capitanear como agora se vai tornando vulgar um pouco por todo o lado que não no próprio Vitória onde o “capitão” André André já tem uns anos de casa e de bons serviços prestados.
Nesse capítulo, e embora estando bem longe de o assunto me preocupar minimamente, devo dizer que estranhei bastante ver Otamendi capitanear a equipa do Benfica no jogo com o Lech Poznan cerca de um mês depois de ter chegado ao clube e quando estavam em campo jogadores com maior antiguidade clubística.
Num clube que teve capitães históricos como Mário Coluna (talvez o mais emblemático de todos), como Humberto Coelho ou como Manuel Bento (mas também Eusébio, Néné, Veloso, Luisão, etc) faz alguma impressão ver a braçadeira envergada por alguéma acabado de chegar e que ainda poucos anos atrás era uma referência do Porto que é de há muito o maior rival do Benfica.
E por falar em coisas estranhas aí temos mais um capítulo da triste novela Marega com um qualquer orgão disciplinar a punir o Vitória com uma pesadíssima multa de cinquenta e cinco mil euros mais três jogos à porta fechada com o sádico pormenor de esses jogos apenas poderem ser cumpridos depois do regresso do público aos estádios!
Mas mais estranho ainda, depois do folclore nacional em volta do coitadinho do Marega alvo de suposto racismo no estádio D.Afonso Henriques, é que a montanha pariu um ratinho minúsculo por duas razões:
A primeira é porque depois de imenso alarido, do Presidente da República ao Primeiro Ministro passando por outros governantes, por uma imensidão de comentadores (a esmagadora maioria dos quais nem viu o jogo), por líderes de vários partidos e por todo o bicho careta que quis protagonismo à volta do caso a investigação indiciou apenas TRÊS pessoas como suspeitas de actos racistas caindo assim pela base a tentativa de envolver as claques vitorianas, o todo dos adeptos, o próprio clube e até a comunidade num manto vergonhoso de racismo.
TRÊS arguidos que até estavam numa bancada a cem metros do local onde estava o coitadinho do Marega. Fantástico!
A segunda razão é que o severissímo castigo agora aplicado nada tem a ver com atitudes racistas mas sim com detalhes “técnicos” que a seguir se explicitam:
- Sanção acessória de realização de um jogo à porta fechada por apoio a Grupo Organizado de Adeptos (GOA) não registado;
- Sanção acessória de realização de um jogo à porta fechada por violação do dever de zelar pelo comportamento dos GOA.
Em suma esta estranha história em torno das atitudes do jogador Marega promete não ficar por aqui. Mais capítulos virão...
Finalmente é estranho que a Liga, depois da FPF nos jogos da selecção, ande a autorizar jogos com público às “pinguinhas” como supostos testes para o regresso dos espectadores aos estádios.
Depois do Santa Clara-Gil Vicente anunciam-se agora o Santa Clara-Sporting, o Tondela-Portimonense e o Farense-Rio Ave da próxima jornada desconhecendo-se quais os critérios que levaram à escolha desses e não de outros jogos bem como quais as razões que impedem que todos os jogos sejam alvo desse tipo de teste que seria bem mais conclusivo porque abrangeria o todo nacional.
Para lá de um “pequeno “ detalhe que parece não preocupar a Liga.
Ao permitir que uns jogos tenham público e outros não está a violar o princípio da igualdade entre todos os clubes e consequentemente a ferir a verdade desportiva das competições que devia ser a sua preocupação maior.
Vale que estamos em Portugal e no futebol português.
Onde já não vale a pena ficarmos admirados seja com o que for!
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