Hoje Portugal deu mais alguns passos para deixar uma Europa que cada vez nos percebe menos e para se aproximar de uma Venezuela com a qual cada vez nos parecemos mais.
1) No Parlamento o maior partido da oposição (pelo menos assim se supõe) ajuda o governo a livrar-se dessa inenarrável "maçada" que é prestar quinzenalmente contas da sua acção, naquilo que é uma das áreas mais nobres que compete a qualquer governo, porque o suposto líder da oposição não considera que um governo prestar contas é trabalho mas sim perder tempo.
Conhecendo-se a sua falta de apetência pelo debate democrático e pela prestação de esclarecimentos supor-se-à que o faz para no dia em que seja primeiro ministro não ter também de se prestar a esse chatice de ir explicar quinzenalmente o que anda a fazer. Está errado em três questões:
A primeira é que esta lei, como qualquer lei, pode ser mudada. E se hoje dá jeito ao PS amanhã pode deixar de dar. E nessa altura mudam-na sem qualquer prurido.
A segunda é que um país em que há uma "ditadura" (para já ainda com aspas) de uma maioria composta pelo governo e pelo maior partido da oposição é um país com uma democracia doente e com uma tentativa de asfixia a todos os outros partidos que é uma vergonha. E o PSD nunca foi assim.
A terceira é que nunca será primeiro ministro.
2) Hoje regressou ao país um emigrante que trabalhava numa agremiação brasileira, e regressou a uma agremiação portuguesa de onde anos atrás tinha sido corrido no âmbito de uma novela tipo mexicana, soltando uma histeria inacreditável na comunicação social especialmente televisiva que acompanhou até à exautão a chegada do referido emigrante e teve o seu corolário num pateta, repórter da RTP, a correr atrás do carro do regressado para tentar obter umas palavrinhas que, aliás, não conseguiu.
Num dia em que aconteceram coisas realmente importantes para o país, nomeadamente no conselho europeu, a prioridade das televisões foi a chegada de um emigrante que apesar do nome não virá fazer nenhum milagre que realmente interesse a Portugal.
3) Depois do fundamentalismo anti racista, do fundamentalismo contra as estátuas, do fundamentalismo contra a nossa História, chegou a vez do fundamentalismo canino.
Ao abrigo do qual se soltou uma histeria de alguns defensores dos animais que os leva a acharem-se no direito de invadirem casas e propriedades privadas, agredirem proprietários de canis, arvorarem-se em vigilantes de actividades ligadas aos animais sem qualquer competência legal para o efeito e até tentarem fazer justiça pelas próprias mãos contra quem entendem responsável pela lamentável morte de umas dezenas de cães em Santo Tirso.
4) Face à recusa das câmaras da Moita e do Seixal em darem parecer favorável ao famigerado aeroporto do Montijo o bolchevique que ocupa a pasta das obras públicas não encontra outra solução que não seja insistir em mudar a lei com efeitos retroactivos para contornar esse obstáculo e levar a obra avante custe o que custar.
São quatro exemplos apenas mas que mostram bem o caminho perigoso que Portugal está a trilhar com um governo do PS apoiado aqui e ali por BE e CDU e ali e acolá pelo PSD que desistiu de ser oposição.
Quando se enfraquece o debate democrático no Parlamento diminuindo a obrigação do governo prestar contas, quando se faz do" pão e circo" do futebol uma cortina de fumo para os reais problemas do país, quando se assiste à tentativa de retomar procedimentos de "poder popular" que não se viam desde o PREC, quando o primado das leis, que é apanágio de um Estado de Direito, é posto em causa por um ministro que não se importa de atropelar tudo e todos ( a começar pela própria Constituição que não permite que a lei seja retroactiva) para fazer o que quer e lhe apetece então podemos considerar que não só a democracia está doente como o próprio país navega por mares muito perigosos.
Caso para dizer...Venezuela aí vamos nós.
Depois Falamos.
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