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quinta-feira, maio 07, 2020

Pobre Futebol

"Cada equipa viaja em dois autocarros para assegurar maior distância entre os jogadores".
Na formação de barreiras encostam-se o mais que podem para tapar o máximo possível da baliza.
"Cada equipa terá dois balneários para que os jogadores estejam mais distantes uns dos outros".
Nos pontapés de canto agarram-se e empurram-se para tentarem ganhar a bola.
"No início dos jogos não haverá cumprimentos entre equipas e entre equipas e árbitros para diminuir os contactos".
No festejo dos golos os jogadores abraçam-se, atiram-se uns para cima dos outros, exprime a alegria da forma habitual.
São apenas três exemplos que comparam a fantasia dos que querem o regresso do futebol a qualquer preço com a realidade incontornável do que o futebol realmente é e que impede que as fantasias de uns assegurem a segurança de outros.
O futebol é um desporto de contacto, de disputa física, no qual é impossível impedir que durante um jogo haja centenas de contactos entre todos os jogadores com a proximidade que torna ridícula qualquer tentativa de querer fazer crer que as medidas fantasiosas anunciadas pela Liga tenham qualquer efeito prático.
Percebo perfeitamente que graças à "gestão de excelência" de quase todos os clubes eles se encontrem, naturalmente quase todos, com a corda na garganta e brutalmente dependentes das receitas televisivas para não fecharem as portas de um dia para o outro.
E por isso com  a mesma velocidade com que a FPF cancelou o campeonato de Portugal e restantes competições na sua directa dependência, com a celeridade com que decidiram cancelar a II Liga promovendo Nacional e Farense e despromovendo Casa Pia e Cova da Piedade, os responsáveis pelo futebol, desde o ministro da tutela (com a benção do primeiro ministro) à LPFP passando pela FPF decidiram que a primeira liga essa  tinha de ser concluída à força.
E para isso anunciaram o tal pacote de medidas pretensamente de protecção, que na realidade são apenas a tradução da má consciência de quem sabe que essas medidas não servem para nada que não para enganar quem gostar de sr enganado, sabendo que o reatamento da competição se fará contra tudo que é sensato e colocando em risco a saúde dos intervenientes.
Reiterando que é compreensível o problema financeiro oriundo da falta de receitas televisivas creio que ele poderia ser resolvido atraves de uma negociação tripartidas entre operadores televisivos, FPF e LPFP (sem "reforços") que permitisse minimizar as perdas no curto prazo e até comepensá-las a médio prazo.
Agora este jogar de qualquer maneira, com estas medidas que apenas ridicularizam o futebol, não se sabendo ainda em que formato (tradicional ou clubes concentrados em alguns estádios), com uma divisão entre clubes profissionais que é completamente inaceitável, envolvendo uma reunião em S.Bento em cuja "fotografia" ninguém ficou bem (os que foram e os que não foram), com vários aspectos da organização dos jogos a deixarem muitas dúvidas, com estádios vazios que é a negação do próprio futebol, tudo isto é fazer muito mal ao futebol.
Muito mal mesmo.
E repito uma vez mais a pergunta que já tenho feito noutras ocasiões e que gostava de ver respondida antes do recomeço do campeonato: Se ao fim de duas ou três jornadas aparecerem jogadores infectados com o covid-19 que se faz?
Pára tudo outra vez? As equipas desses jogadores são afastadas? Apenas os jogadores são afastados e as equipas continuam?
Era bom saber-se a resposta a esta e outras questões antes do reatamento da prova.
Para que não fique a pairar para sempre a suspeita de que a eventual decisão, seja ela qual for, foi tomada em função de quem liderasse na altura a prova seja ele quem for.
Pessoalmente porque gosto muito de futebol, e não faço da saúde prioridade apenas quando dá jeito, tenho apesar de tudo a pequena esperança de que o bom senso ainda prevaleça e o campeonato não seja reatado.
Mas é mesmo pequena!
Depois Falamos

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