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quarta-feira, abril 08, 2020

Madeira vs Algarve

Publiquei este texto em "A Economia do Golo".

Passam os dias e os diferentes organismos que tutelam o futebol, em Portugal e nos principais campeonatos europeus, demonstram uma enorme indecisão quanto aquilo que devem fazer para que os campeonatos terminem com normalidade.
Sendo que normalidade para mim significa as provas acabarem com jogos presenciados por público nas bancadas enquanto para boa parte desses organismos normalidade equivale a terminar as provas de qualquer maneira.
Tem é de se jogar.
Compreendo que os campeonatos profissionais parados significam enormes problemas financeiros para os clubes, para a LPFP, para a FPF e também  para as próprias televisões com óbvio reflexo no pagamento dos salários aos profissionais de futebol  o que me leva a crer (mas não a querer...) que de alguma forma acabará por ir avante a peregrina ideia de acabar o campeonato com jogos à porta fechada.
E se discordo completamente disso é por duas razões essenciais:
Uma porque o futebol é um espectáculo que tem nos espectadores uma parte integrante, que dão ao jogo um calor e uma animação que sem eles é impossível, pelo que se não há espectadores então também não há espectáculo.
A outra tem a ver com o grave problema de saúde pública que atravessamose que tem obrigado milhões de portugueses a cumprirem uma quarentena domiciliária.
Porque, deixemos-nos de falinhas mansas, jogos à porta fechada significam receios de contágio, ou seja, é o assumir  de que o problema covid-19 não está resolvido e que continua a existir perigo de contaminação oriunda dos contactos pessoais. 
Todos os participantes de um jogo de futebol, e não apenas os jogadores e árbitros, são seres humanos a merecerem que a sua saúde e vida mereçam respeito.
E ninguém tem o direito de lhes  pedir que corram precisamente os riscos que levam hoje os tais milhões de portugueses a estarem fechados em casa.  
O futebol por muito importante que seja não tem tanta importância que justifique coloca rvidas humanas em risco.
O circo da Roma antiga, com lutas até à morte dos gladiadores, já lá vai!
Mas essa é a minha opinião.
Para a LPFP, para a FPF e para os clubes, por força das tais verbas televisivas que sem jogos correm o sério risco de não serem pagas, forçoso é que se jogue para que os campeonatos profissionais terminem (recorde-se a propósito que a FPF cancelou todas as competições não profissionais incluindo o Campeonato de Portugal onde joga o Vitória B) e não haja hiatos no pagamento das transmissões.
E ao que parece, entre várias hipóteses aventadas, ganha força  a tal inclinação para juntar as equipas todas numa região do país, mais toda a gente afecta à realização dos jogos (à volta de mil pessoas no total incluindo jogadores), e mantendo-os em rigoroso isolamento para disputarem assim as jornadas em falta.
E fala-se do Algarve como o local mais adequado a essa estranha forma de fazer disputar as jornadas em falta.
Pessoalmente acho que se ideia for essa, a de concentar tudo e todos numa região (quase escrevia campo de concentração..), então o que faz sentido é escolher a ilha da Madeira para esse fim.
Tem estádios à altura como são os casos do estádio dos Barreiros (Marítimo), do estádio da Madeira (Nacional), do estádio do Machico e dos complexos desportivos da Ribeira Brava (União da Madeira) e de Câmara de Lobos (este com relvado sintéctico mas não estamos em tempo de esquisitices) onde se poderiam disputar os jogos e mais alguns relvados para treinos das 18 equipas.
Antes que se faça alguma objecção com base na lotação dos estádios relembro que estamos a falar de jogos à porta fechada!
A Madeira tem uma boa capacidade hoteleira, excelentes vias de comunicação, um clima temperado que para jogos a disputar no verão é bem mais adequado que o Algarve onde faz mais calor e a enorme vantagem de uma muito menor penetração do covid-19 e uma maior facilidade em garantir o isolamento dos intervenientes para efeitos de fuga a possíveis contágios.
Naturalmente que a LPFP teria de se comprometer a mandar efectuar testes a toda a gente deslocada para a Madeira de forma a que o governo regional consentisse em receber de repente as tais mil pessoas de que se fala sem por em causa a saúde pública na região.
Claro que não estou a ver os jogadores, treinadores e árbitros aceitarem de bom grado ficarem longe das famílias por dois meses mas mesmo esse óbice seria mais facilmente ultrapassado na Madeira do que em qualquer região do continente por razões perfeitamente óbvias.
Repito que sou contra qualquer solução que não passe pelo retomar do campeonato com absoluta normalidade.
Mas se a LPFP e os outros poderes que mandam no futebol quiserem que se jogue de qualquer maneira então que haja o bom senso de o fazer no local mais apropriado para o efeito face aos condicionalismos existentes.
Que do meu ponto de vista é a ilha da Madeira.

P.S. Uma pergunta que ainda não vi colocada foi esta: Se os campeonatos recomeçarem nesse modelo “sui generis” e ao fim de duas ou três jornadas aparecerem, por exemplo, jogadores infectados com o covid-19 o que se faz?
Pois...

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