Compreendo que o empolar artificialmente o piropo de André Ventura a Joacine Katar Moreira deu a uma certa esquerda jeito para muita coisa.
Para agitar os habituais espantalhos da direita fascista, xenófoba e racista tentando meter medo às pessoas com papões e chavões vindos de um passado distante porque a esquerda assenta muito da sua forma de fazer política no medo que inflige às pessoas em relação á direita quando as razões para medo estão o mais das vezes na própria esquerda.
Deu jeito ao governo e ao PS andar a discutir pouco mais que nada em tempo de aprovação do orçamento de Estado (aí sim há razões para medo) distraindo os cidadãos dos números do orçamento e dos negócios e negociatas que a formalmente defunta geringonça continua a fazer nas costas dos portugueses ou da aberração que querem levar por diante com o novo aeroporto no Montijo.
Deu gozo ao PS e à esquerda atrelarem o PSD, o CDS e a Iniciativa Liberal a um comboio de "fracos", sob a liderança do mais indigno (do cargo) presidente que alguma vez a Assembleia da República teve (o tal que se estava a "cagar para o segredo de Justiça" o que é bem mais grave que o piropo de Ventura) para numa orquestra desafinada condenarem o herege mas sem terem a coragem de levarem o voto de condenação a plenário para, dizem eles, não darem palco a André Ventura o que transmitiu a ideia verdadeira de um Parlamento de cócoras perante um solitário deputado.
Hipocrisia a rodos de uma esquerda que se acha detentora de todos os direitos, de todas as liberdade , do direito de usar todas as prepotências, insultos e calúnias só porque são de esquerda e isso é livre trânsito para tudo.
Mas há perguntas que tem de ser feitas em termos de racismo, xenofobia, insultos e calunias.
Onde estava esta esquerda que com tanta facilidade se melindra quando Jaime Gama, em plenário,chamou Bokassa a Alberto João Jardim?
Onde estava esta esquerda quando num comício do PS (sim, do PS) o deputado socialista (sim, socialista) Luis Pita Ameixa chamou africanista de Massamá a Pedro Passos Coelho?
Onde estava esta esquerda quando Arménio Carlos, o líder da CGTP, chamou "escurinho" a Abebe Selassie líder da missão do FMI em Portugal?
São apenas três exemplos, de vários possíveis, mas chegam para demonstrar na sua plenitude a hipocrisia da esquerda que quando é ela a insultar não se passa nada mas quando é alguém de outra área política cai o Carmo e a Trindade.
Mas demonstra também a ingenuidade de PSD, CDS e IL.
Ou alguém acredita que alguma vez conseguiriam que a esquerda se juntasse a eles num voto de repúdio por um insulto de uma político de esquerda a um político da área desses três partidos.
Nunca, jamais, em tempo algum.
E por isso o oportunismo político de se juntarem à condenação da esquerda a André Ventura outra consequência, para além da ingenuidade demonstrada, não terá do que aparecerem como os "idiotas úteis" (à esquerda) de todo este insignificante "fait divers".
Felizmente que nem todos foram na canção de embalar do senhor Ferro Rodrigues e da sua orquestra chinfrineira.
Fiquei muito satisfeito por a Aliança, e o seu líder Pedro Santana Lopes, não terem perdido um minuto com este assuntozinho preferindo focar-se nos problemas reais do país como o orçamento de Estado ou a insensata decisão de construir o novo aeroporto no Montijo.
Como merece louvor o líder do PSD, Rui Rio, porque também ele se recusou a comentar o assuntozinho com o argumento verdadeiro de que o país tem problemas reais muito mais importantes com que se ocupar.
Divergiu do literalmente seu grupo parlamentar mas, desta vez, com a razão do seu lado.
É bom constatarmos, através de Pedro Santana Lopes e Rui Rio ( a vida tem destas ironias) , que em casos como este à direita do PS ainda há quem não vá em modas, pense pela sua cabeça e não se deixe arregimentar para coros tão desafinados quanto ridículos.
Depois Falamos.
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