Morreu José Mário Branco.
Existindo no país um outro "país" que adora funerais, cerimónias fúnebres, visitas de condolências e tudo aquilo que as televisões mostram quando morre alguém conhecido, seja em que área for, não admira que estes últimos dias tenham sido preenchidos com directos do velório e funeral, com entrevistas aos que o conheceram, com recordações das suas músicas e espectáculos.
Sem faltar, naturalmente, a activa participação do Presidente da República em todo o estendal montado à volta do falecimento.
Mas somos também um país em que não há nada como morrer para se passar a ser bestial, para se esquecer o mau e hipervalorizar o bom, para quase se pedir ao Papa Francisco a beatificação de cada personagem mediático que termina o seu percurso de vida.
Exageros sem equilíbrio.
E por isso importa dizer, ainda que sendo politicamente incorrecto (o que de resto nunca me preocupou), que José Mário Branco foi um excelente músico, um excelente interprete, um excelente compositor, um excelente produtor e certamente uma excelente pessoa fazendo fé naqueles que o conheceram e com ele privaram.
Mas não foi um excelente democrata!
Porque tendo combatido a ditadura, mérito que ninguém lhe retira, depois do 25 de Abril esteve sempre do lado daqueles que queriam substituir uma ditadura de direita por uma ditadura de esquerda, do lado das forças que recusavam uma democracia parlamentar preferindo as ditaduras do proletariado importadas de leste e que então ainda não tinham falido, apoiando as tentativas de instaurar um regime de poder popular que mais não seria do que uma ditadura ao serviço de doutrinas com que os portugueses nunca se identificaram.
Basta ver qual foi o seu posicionamento no 25 de Novembro para perceber que JMB nada queria com uma democracia como a que felizmente existe em Portugal desde então.
Dir-me-ao que eram tempos revolucionários, de exaltação ideológica e de algum romantismo idealista em que as musicas e os cantores de intervençao se limitavam a seguir as modas revolucionárias.
Pois sim.
Felizmente houve gente nesse tempo que não foi em modas nem idealismos e lutou por uma verdadeira democracia porque caso contrário, seguindo as teses da extrema esquerda em que José Mário Branco não só se revia como propagandeava, Portugal hoje seria uma Cuba europeia como alguns revolucionários de então tanto gostariam.
E por isso reconhecendo os méritos do músico e da pessoa exige o equilíbrio que se refira que José Mário Branco combateu a ditadura mas não defendeu a democracia.
Opções que também devem ser recordadas num balanço do que foi a sua vida.
Depois Falamos
caro luis cirilo
ResponderEliminarsão "democratas" à maneira deles...
para essas criaturas as ditaduras são só as da direita ...
que passe bem junto do zeca afonso ...
Caro Anónimo:
ResponderEliminarSão pessoas que nada nos ensinaram em termos de democracia e respeito pela opinião alheia.
Por eles viviamos numa ditadura de esquerda.
Por isso disse que ele foi um excelente musico mas não um excelente democrata