Páginas

sexta-feira, setembro 13, 2019

2/3

Uma das grandes vantagens das campanhas eleitorais é que os candidatos falam com muita gente, visitam muitas instituições, conhecem muitas realidades e disso tudo conseguem fazer a síntese de quais são as verdadeiras preocupações dos portugueses.
Depois de quase um mês de pré campanha no distrito de Braga, como cabeça de lista da Aliança, realizadas dezenas de reuniões e visitas, contactadas pessoas de todas as idades e profissões, com e sem partido, votantes tradicionais e abstencionistas, eu e os meus colegas de lista que me tem acompanhado já conseguimos identificar algumas das maiores preocupações que existem nos eleitores do distrito.
As tradicionais, como a Saúde e a Justiça, as mais recentes como a Mobilidade e o Ambiente, aquelas que estão sempre presentes como a Educação e a Economia, os impostos e mais uma ou outra sempre presentes nestas alturas.
Mas há uma nova preocupação a ganhar o seu espaço (e é bom que assim aconteça) não tanto no eleitor comum mas mais presente em autarcas, dirigentes associativos, trabalhadores dos mais diversos sectores,  empresários e profissionais liberais, dirigentes de IPSS.
E essa preocupação prende-se com o desiquilibrio à esquerda do actua sistema político e a possibilidade real de a esquerda ter 2/3 no Parlamento que lhe possibilite fazer uma revisão constitucional a seu bel prazer.
E esta preocupação não a encontramos só em eleitores tradicionais dos partidos de centro direita e em futuros eleitores da Aliança.
Ela também existe em socialistas moderados que não se reveem nas Catarinas e Mortáguas desta vida e que receiam o peso do BE na próxima revisão constitucional que leve a Lei fundamental por caminhos aproximados aos do PREC de que muitos ainda se lembram.
É também uma preocupação da Aliança, como é sabido, que levou inclusive o partido a propor uma coligação pré eleitoral que no mínimo impossibilitaria os tais 2/3 à esquerda e no máximo até poderia levar a que os partidos não socialistas pudessem coligados disputar a vitória nas eleições.
Quem não quis assumirá mais dia menos dia as suas responsabilidades.
Até lá, e com o voto útil morto pela geringonça do Dr. Costa, o que temos dito às pessoas que connosco partilham essas preocupações é que o importante é votarem naqueles partidos e naqueles candidatos que deem mais garantias de serem firme oposição ao PS e de ajudarem a impedir que se forme a tal maioria dos 2/3 à esquerda.
E nesses aspecto há que reconhecer que temos recebido respostas simpáticas e estimulantes.
Depois Falamos.

2 comentários:

  1. Francisco Guimarães6:27 da tarde

    Já escrevi em tempos que deveria haver um circulo nacional com 100 deputados (talvez mais), ficando os restantes 130 nos círculos eleitorais existentes.
    [Círculos esses que só existirão até alguém se lembrar que os distritos são um abstracção que já não existe e que as regiões/micro-regiões NUT III é que representam o moderno tecido demográfico, económico e social].
    Com esse circulo nacional, dificilmente se verificaria esta questão da esquerda ficar com 2/3 do futuro parlamento (que atenção, a mim particularmente não aflige mas aceito que aflija o ilustre blogger).

    Nunca fui em bi-partidarismos e penso que o tal circulo nacional iria colocar na assembleia aqueles que representando os partidos mais pequenos trariam algo de interessante e novo.
    Em particular o novo Aliança.

    Há ainda um aspecto que não vi ainda muito falado mas que se verifica nestas eleições, há mais 1,1 milhões de eleitores, a grande maioria recenseados nos círculos da Europa e de fora da Europa por via dos novos automatismos de recenseamento do cartão de cidadão.

    Ora, é normal esses círculos manterem o numero de deputados que podem eleger quando crescem exponencialmente em eleitores?

    Por outro lado, que percentagem dessas pessoas que estão emigradas irão conseguir votar?

    São agora quase 11 milhões de eleitores com cerca de 1,5 milhões nesses círculos da emigração (eram antes cerca de 250 mil...), tenho a certeza que o valor da abstenção final vai crescer muito e que todos vão achar que são as pessoas que estão desinteressadas quando na verdade são esses extra da emigração a inflacionar a abstenção (que, atenção, já de si é alta para aquilo que é desejável em democracia).

    ResponderEliminar
  2. Caro Francisco Guimarães:
    Dir-lhe-ei sinteticamente o seguinte: A Aliança tem como uma das suas propostas para a reforma do sistema político a alteração das leis eleitoriais. No caso do parlamento passa por circulos uninominais e um circulo nacional de compensação que permitam uma aproximação real entre eleitores e eleitos que é a únicaa forma de combater a abstenção e prestigiar o parlamento e os deputados. Pessoalmente até iria mais longe, e elegeria todos os deputados de forma uninominal como acontece noutros países, mas reconheço que pode s rmais prudente um passo de cada vez. Quanto aos emigrantes creio que tem toda a razão. Embora com a previsivel subida do númro de votos possam existir surpresas.

    ResponderEliminar