A vida pública, e não apenas a política, tem tratado mal as mulheres portuguesas.
Não lhe conferindo a representatividade, os cargos, as oportunidades na justa proporção dos seus méritos e do indiscutível peso demográfico que de norte a sul do país elas tem e lhes devia dar uma justa visibilidade .
E já nem me refiro aos tempos anteriores ao 25 de Abril (de que andam por aí alguns saudosistas ao que parece) em que as mulheres não votavam e para se deslocarem ao estrangeiro tinham de ser portadoras de autorização escrita do marido nos casos em que ele existia.
Entre muitas outras discriminações igualmente revoltantes.
A verdade é que o 25 de Abril mudou mais facilmente os regime e as leis do que as mentalidades e por isso as mulheres continuaram a não ver o seu papel reconhecido, a não terem as mesmas oportunidades que os homens , a assistirem ao inacreditável princípio de para trabalho igual salários diferentes.
Situação que ainda hoje se mantém apesar de alguma evolução.
Na vida política, para não fugir à regra, a situação assumiu foros de tal escândalo face à diminuta participação feminina nos diversos orgãos de soberania que os legisladores se viram obrigados a fazerem uma lei da paridade (lei da paridade e não lei das mulheres como tantas vezes se ouve e lê vindo de quem interpreta mal o seu espírito) que obrigasse a que houvessem mais mulheres a participarem na vida política.
Sendo certo que uma lei desse tipo implica sempre alguma forma de discriminação há que reconhecer que se assim não fosse a evolução das coisas teria sido muito mais lenta do que aquilo a que se tem, apesar de tudo, assistido.
Ainda assim constata-se que tantos anos após Abril só houve uma mulher presidente da Assembleia da República (Assunção Esteves do PSD em 2011) e a primeira mulher a liderar um partido com representação parlamentar (Manuela Ferreira Leite do PSD em 2008) aconteceu apenas 34 anos depois da conquista da Liberdade e da Democracia.
Curiosamente nenhuma delas militante daqueles partidos de esquerda e extrema esquerda que se acham a vanguarda de todo e qualquer processo evolutivo!
Nas legislativas de Outubro deste ano uma vez mais na constituição das listas de candidatos a deputados, nuns caso face à obrigatoriedade das leis e noutros no critério de elaboração, se assiste a uma participação feminina que não atingindo a paridade absoluta, ou até ultrapassando-a a seu favor o que não seria nenhum escândalo, vai permitir trazer para a política mais mulheres o que é sempre de registar com entusiasmo.
No caso da Aliança, que acaba de chegar mas está a fazer um grande (e creio que bem sucedido) esforço de fazer diferente fazendo melhor há dois casos que assinalo com particular gosto.
O facto de termos cinco mulheres a encabeçar listas distritais como são os casos de Maria João Gaspar em Vila Real, Ana Mendes na Guarda, Joana Ferraz em Leiria, Ana Camilo Martins em Castelo Branco e Ana Rosado Fonseca em Évora o que não sendo números que nos orgulhem, porque preferiríamos um maior equilíbrio (que chegou a ser possível mas depois se gorou), são ainda assim números perfeitamente aceitáveis num partido que concorre às suas primeiras eleições legislativas.
E o caso particular de Braga em que a Aliança compôs a sua lista com treze mulheres e onze homens (o que não sendo caso único de maioria feminina é ainda assim... raríssimo) sem qualquer perda de qualidade, competências próprias ou representividades concelhias com esse critério definido pelo cabeça de lista em consonância com a estrutura distrital e a concordância de primeira hora do presidente do partido.
São pequeno sinais, é certo, mas é nos detalhes que se vão fazendo as diferenças.
E a Aliança veio, que ninguém o duvide, para fazer diferente.
Depois Falamos.
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