Quando se faz uma conferência de imprensa, se vai a uma sala de imprensa proferir uma comunicação ou se usa a imprensa como veiculo de comunicação de uma mensagem que se quer passar há regras que são fundamentais para ter sucesso.
A mensagem ser curta, objectiva, polémica q.b. e versar um assunto concreto de molde a interessar a comunicação social e a propiciar que esta a divulgue o mais possível não só para atingir um grande numero de receptores como também a de ter sucesso no fim que se pretende atingir.
Caso contrário mais vale não dizer nada porque se estará a criar uma expectativa que depois não só não corresponde à realidade como não atinge os objectivos propostos.
No final do Vitória-Estoril o presidente vitoriano,Júlio Mendes, foi à sala de imprensa.
Fez muito bem.
Face ao que se tinha passado no jogo, e que não fora caso único nos jogos do Vitória ao longo da temporada,bem andou o presidente em através da sua presença sinalizar que algo de grave se passara e que merecia as suas palavras em vez das do treinador na conferência de imprensa.
Foi, e bem, um acto excepcional porque presidentes que falam todos os dias vulgarizam a e banalizam as mensagens que passam.
Júlio Mendes disse algumas coisas importantes e que embora de há muito sabidas não deixam sempre de ser um marcar de posição em momentos especiais.
Disse que o Vitória é um clube sério. E é verdade. Desde 1922.
Disse que o Vitória dá emprego a centenas de pessoas. E isso também é verdade pelo que merecemos ser respeitados como entidade patronal cumpridora.
Disse que temos uns adeptos fantásticos. Todo o país o sabe há décadas tal o rasto de paixão e amor ao Vitória que os vitorianos espalham pelo país e pelo estrangeiro quando o clube está nas competições europeias.Testemunho isso nos cinquenta anos que levo a seguir o Vitória e nos 45 que tenho de associado.
Disse que a sua direcção tem feito um trabalho extraordinário num clube que estava para fechar.
Aí já não estou tanto de acordo porque nem o clube estava para fechar nem em 2012 a sua lista era a última Coca Cola antes do deserto. Havia outra lista e também nela estavam vitorianos merecedores de credibilidade como atesta a votação que receberam.
Mas claro que há mérito, e muito, no trabalho feito e por isso embora elogios em causa própria sejam dispensáveis é sempre bom passar a mensagem de que no Vitória se segue uma trajectória de cumprimento dos deveres.
Tudo isto que Júlio Mendes, e bem, disse devia ter sido a introdução ao restante discurso que havia para fazer.
E que devia ter assentado em três pontos.
O primeiro por o nome ao "boi" e denunciar a fraquíssima arbitragem de Tiago Martins (mais uma...), passando a mensagem de que há vontade deliberada de prejudicar o Vitória, e manifestar a vontade que não voltasse a ser nomeado para os nossos jogos.
O segundo para recordar a trajectória de más arbitragens que temos encontrado, passando a mensagem de que esta não fora caso isolado, com expoente máximo na infame emboscada no Bessa no jogo da Taça de Portugal.
O terceiro para anunciar que a exemplo do sucedido com outros clubes ,passando a mensagem de que não somos menos que eles, o Vitória iria pedir uma reunião ao Conselho de Arbitragem para de viva voz lhe expor as nossas razões de queixa.
Acontece que ao contrário do expectável o presidente se ficou pela introdução, pelo reafirmar de princípios importantes mas há muito conhecidos, sem a sua comunicação tocar minimamente nos pontos que o levaram, e bem, à sala de imprensa.
E por isso a comunicação social lhe deu escassa relevância ao contrário do que seria do nosso maior interesse.
Bem ou mal em Portugal se não há "sangue" não há notícia pelo que não é com "soro" que se capta a atenção da comunicação social.
Para que não restem dúvidas nem apareçam leituras deturpadas:
Júlio Mendes fez bem em ir à sala de imprensa.
Porque embora a sua mensagem não tenha tido a eficácia/divulgação necessária a excepcionalidade do acto já mostrou alguma reacção aos atropelos que nos tem sido feitos.
Depois Falamos
P.S. Entre o dito e o não dito houve uma frase que suscitou entusiasmos diversos. O já famoso "contra tudo e contra todos". Mais uma vez acho que fez bem. É uma frase mobilizadora, que apela à alma vitoria e que entusiasma os adeptos.
Pessoalmente gostei muito.
E interpreto o "tudo" como os factores diversos, da arbitragem à disciplina, que nos tem prejudicado e o "todos" como o Benfica, Porto,Sporting e Braga que nos precedem na classificação e são os óbvios beneficiários dos prejuízos que nos são causados.
E isso, mesmo por meias palavras, acho que toda a gente percebeu.
Basicamente concordo com o comentário acerca da conferência de imprensa.
ResponderEliminarO que me pareceu é que Júlio Mendes quis mais satisfazer os sócios, que não lhe perdoariam mais um silêncio, que obter resultados externos.
No máximo terá sido uma mensagem para dentro do clube, mas cheia de autopromoção.
Aquela afirmação de salvador da pátria que salvou um clube que estava para fechar, achei de uma presunção ofensiva.
Mas pronto, é o que temos.
Caro Luis,
ResponderEliminarComo já tive oportunidade de opinar, o presidente esteve muitíssimo bem, com elevação e firmeza nas palavras.
No entanto, esta atitude peca por tardia, pois há muito já que tais desrespeitos ao Vitória acontecem.
Além disso, esperavam-se as tais atitudes subsequentes à conferência de imprensa que infelizmente (ainda) não se viram, tal como reunir com os responsáveis da arbitragem.
É que, como diz o povo "quem não chora..."
a lista de 2012 de Julio Mendes? O senhor não estava nessa lista? O senhor não fez campanha a dizer que o clube estava falido? O senhor não andou a dizer que a outra lista tinha gente que não prestava? Quando julgava que já não podia descer mais baixo, eis que aparece esta perola.
ResponderEliminarCaro luso:
ResponderEliminarDe facto aqui e ali mais pareceu estar a falar para dentro do que para fora.
E houve alguns aspectos, como o do auto elogio, que eram dispensáveis.
Foi bom ter ido mas foi pena não aproveitar para uma denúncia clara dos atropelos de que somos vitimas.
Caro Saganowski:
Foi claro no que disse mas deixou muito por dizer. E faltou a atitude subsequente que era a tal reunião com o conselho de arbitragem.
Caro Anónimo:
Estava nessa lista é claro que sim. Mas nunca disse que o Vitória ia fechar ou que a outra lista não prestava. Quanto a descer baixo deve estar a referir-se às suas mentiras cobardemente anónimas. Isso sim é descer baixo.
Caro Sr. Luis Cirilo, Escrevo por causa de uma das suas afirmações: o Sr. também foi portador da mensagem que o clube ia falir - disse-o com todas as letras!! Posso não concordar com muita coisa que diz, mas não critico a sua opinião. É a sua opinião. Agora vir dizer que nunca disse que o clube ia fechar, é mentira.
ResponderEliminarE não foram só em ocasiões públicas, mas também em conversas pessoais com alguns sócios. Eu fui um deles. Se você diz o que diz agora só para desvalorizar o Presidente é uma coisa, se o diz porque é/foi verdade (que o clube não estava em pré-falência) então o caso muda de figura. É extremamente grave. Para que o clube não fechasse VOCÊS propuseram uma SAD, lembra-se??? OS sócios do Vitória foram enganados???
Se quiser que me identifique para falar sobre uma dessas conversas pessoais, diga sff.
Caro Anónimo:
ResponderEliminarNão me recordo de alguma vez ter dito que o clube ia fechar. Embora me tenha referido várias vezes à dificilima situação financeira em que se encontrava em 2012.
É verdade que o clube estava em pré falência mas daí a fechar ainda ia alguma distância.
De resto quando me demarco dessa afirmação de Júlio Mendes é por ela fazer crer que se não houvesse a nossa lista então o clube não tinha mais opções.
Quando tinha outra lista. Que era, do meu ponto de vista, menos capaz de encontrar as soluções necessárias mas mereceria pelo menos o benefício da duvida.
Quanto à SAD temos de distinguir duas coisas:
É verdade que a propusemos. Não só porque a lei apontava esse caminho como quase inevitável mas também porque acreditava, face ao que me foi dito a mim e a outros pessoas, que uma vez criada apareceriam grandes investidores. Não apareceram como é sabido.
De resto se tiver a paciência de ler o que escrevi nessa época, e anteriormente, sobre o "meu" modelo de SAD constatará que o modelo que foi adoptado não tinha nada a ver com o que eu defendia. Nomeadamente em termos de capital social. E se é verdade que fiz parte da direcção que propôs a SAD é igualmente verdade que quando ela foi criadas eu já não estava na direcção há meses. Nada tive a ver com o modelo adoptado.
De resto, identificado ou não, tenho sempre muito gosto em debater o Vitória e recordar conversas antigas se for o caso.Se há coisa em que não tenho problema é em assumir as minhas opiniões. Por isso escrevo há mais de trinta anos sobre o Vitória. Sabendo que nuns casos o futuro me dará razão e noutros não.