O meu artigo de hoje é, com todo o gosto e muita satisfação à mistura,
sobre a histórica vitória do Moreirense na taça CTT depois de um percurso
extremamente meritório e que o consagrou como a melhor equipa desta edição da
prova.
São triunfos como este, de equipas a quem à partida ninguém atribuía
um pingo de favoritismo, que dão ao futebol o seu encanto tão especial e o
tornam na modalidade mais popular de todo o planeta.
São conhecidas as críticas de muitos, entre os quais me incluo, ao
modelo de organização da taça da Liga, agora baptizada como taça CTT por força
do principal patrocinador, devido a um regulamento absurdo e a uma escolha
insensata da “final four” antes de serem conhecidos os finalistas da prova.
Regulamento absurdo porque prevê que a prova tenha quatro grupos na
sua fase final, cada um deles encabeçado por um dos quatro primeiros
classificados do campeonato anterior (e em norma três deles são sempre os
mesmos…) com um ordem de jogos que lhes é favorável e que visa facilitar o acesso
à “final four” dos chamados “grandes” mais o tal quarto classificado que pouco
varia de ano para ano.
Escolha insensata do local porque ela foi feita sem se saber quem eram
os quatro semi finalistas e isso levou a que ontem duas equipas cujos estádios
distam 30 quilómetros e pertencentes a dois concelhos vizinhos tenham sido
obrigadas a uma final numa noite de domingo (!!!) a seiscentos quilómetros de
casa.
Em suma, e indo direito ao cerne do assunto, é uma prova desenhada
para ser ganha por Benfica, Porto ou Sporting (curiosamente os dois últimos
nunca a ganharam…) e eliminar o mais possível as possibilidades de aparecer um
qualquer “pé descalço” a intrometer-se numa festa que se quer exclusiva dos
tais três clubes mais os patrocinadores da prova.
E por isso até ontem apenas três clubes a tinham ganho com uma
esmagadora maioria de vezes por parte do Benfica (sete triunfos), com algumas
peripécias caricatas à mistura como uma célebre arbitragem de Lucílio Baptista
numa final entre Benfica e Sporting, e um triunfo para cada por parte de
Vitória de Setúbal e Braga com a curiosidade adicional de os três vencedores
anteriores mais o Moreirense integrarem os participantes da final four deste
ano.
Que ficará agora para a história como a final four disputada pelos
quatro clubes que até hoje venceram a competição!
O triunfo do Moreirense foi justíssimo.
Começou por ficar num grupo com Porto, Belenenses e Feirense no qual
não só ninguém lhe atribuía qualquer tipo de favoritismo como não faltava quem
o considerasse como a equipa mais fraca de todo o grupo.
A verdade é que começou por vencer em Vila da Feira, depois empatou em
casa com o Belenenses e chegou à última jornada sabendo que se vencesse o Porto
em Moreira de Cónegos ficaria apurado para a “final four” o que quase todos
consideravam impossível.
Venceu.
E apurou-se para a ultima fase da prova onde chegou uma vez mais sem
qualquer tipo de favoritismo e sendo visto apenas como um pró-forma que o
Benfica teria de ultrapassar para chegar à final.
Voltou a vencer contra todas as expectativas.
Com uma excelente exibição, uma estratégia de mestre montada por
Augusto Inácio, uma clareza no marcador que ninguém julgava possível e uma
humildade e uma entrega ao jogo que foram a sua arma decisiva.
Uma vez apurado para a final, depois de deixar pelo caminho Porto e
Benfica, o Moreirense começou a ser levado mais a sério e aí já não aparecia
ninguém a negar que teria as suas hipóteses de vencer o troféu.
Mesmo assim talvez não tenha sido levado tão a serio como merecia…
E a verdade é que na final Augusto Inácio deu toda a sensação de ter
surpreendido Jorge Simão com a estratégia montada e que permitiu ao Moreirense
controlar o jogo, manter o ritmo que lhe convinha e neutralizar os pontos mais
fortes de um adversário que pareceu sempre atordoado face aquela equipa
desinibida e ganhadora que lhe apareceu pela frente.
Um vencedor justíssimo repito.
Como vimaranense e como vitoriano (porque em Guimarães somos de facto
únicos e quando um clube do concelho ganha…ganhamos todos) fiquei muito
satisfeito com este triunfo do Moreirense.
Que é o segundo clube de Guimarães mas chegou e sobrou para os dois
clubes de Braga nesta “final four”.
Espero agora que o Vitória traga para Guimarães a taça de Portugal
permitindo assim a Guimarães um ano desportivamente histórico.
P.S. Foi pena que nenhuma das rádios locais de Guimarães tenha estado
no estádio do Algarve a relatar o jogo.
O Moreirense é um clube de Guimarães e merecia isso.
Há Guimarães para lá do Vitória.
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