Preferia que Hillary Clinton tivesse ganho.
Porque a considero mais bem preparada, mais conhecedora, mais sensata, mais experiente e com uma visão global do mundo que Trump não tem.
Mas não foi essa a vontade dos eleitores norte-americanos.
Que não só elegeram Donald Trump como seu 45º presidente como deram ao partido republicano a maioria no senado e e na câmara dos representantes o que significa um invulgar (há décadas que não sucedia) domínio maioritário do congresso.
Escolheram aquilo que lhes pareceu melhor para a América e não o que o resto do mundo, e especialmente a Europa, entendiam como melhor para o seu país.
Em boa verdade ninguém lhes pode levar isso a mal!
Mas escolheram também, no silêncio das cabines de voto, contrariarem as sondagens, os comentadores, a comunicação social que era largamente pró Hillary, no fundo toda uma opinião pública visível (incluindo grandes vedetas do mundo do espectáculo) que tudo fez para que a candidata democrata saísse vencedora.
Cada vez mais os povos, não é caso único (basta ver o Brexit) , detestam que lhes digam o que devem fazer, lhes insinuem qual é a via politicamente correcta, lhes queiram fazer crer que há mentes privilegiadas que pensam por eles e que por isso estão dispensados de pensar.
Os Estados Unidos da América são um democracia antiga com instituições consolidadas, e que funcionam, e por isso não vejo na eleição de Trump nenhum perigo para a democracia nem a ameaça de holocaustos sejam de que espécie forem.
Creio que uma vez vestida a "pele" de Presidente o candidato Trump desaparecerá e será progressivamente substituído por uma versão mais moderada, realista e sensata do que aquilo que lhe conhecemos nos últimos meses de campanha e que proporcionou alguns momentos inenarráveis de mau gosto político e cívico.
A eleição de Trump não é uma boa notícia para o mundo, que ele quase ignora, e menos ainda para os americanos mais desfavorecidos que verão em risco muitas das políticas sociais (especialmente o Obamacare) que Barak Obama implementou nos seus mandatos e que atenuaram fenómenos de pobreza, exclusão e falta de acesso a sistemas de saúde básicos.
Mas foi o caminho que a maioria dos eleitores escolheram.
E isso tem de ser respeitado.
No seu primeiro discurso como presidente eleito, na manhã de hoje, Trump confirmou de certa forma essas perspectivas.
Foi conciliador, procurou ser abrangente, teve palavras de circunstância (mas inegavelmente simpáticas) para Hillary Clinton , prometeu ser o Presidente de todos os americanos, afastou-se dos radicalismos que tinham marcado toda a sua campanha.
Mas não disse uma única palavra sobre política externa e sobre o papel dos Estados Unidos no mundo.
Falou para dentro. Para os seus eleitores e para a Nação. O resto...não foi prioridade.
Agora vai ter dois meses até à tomada de posse para constituir a sua equipa, formar o seu governo, definir as suas políticas e "perceber" o que é ser presidente da maior superpotência do nosso planeta.
Pode ser que o futuro não seja tão negro como parece neste momento.
Há que aguardar para ver.
Depois Falamos
Num destes ultimos dias de campanha, um jornalista perguntava a um Americano em quem ele iria votar, a sua resposta foi que votava no Trump por ele dizer aquilo que muita gente pensava, mas não tinha coragem de dizer.Ora este falhanço das previsões e das sondagens, vem dar razão a este eleitor,as pessoas quando lhes é perguntado optam pelo políticamento correcto, no segredo das urnas fazem aquilo que lhes diz o coração.
ResponderEliminarOs polítologos e analistas devem aprender com as ultimas eleições no Reino Unido e na América,a nossa sociedade está a formar "cataventos" que não têm coragem de dizer aquilo que pensam para não ser confrontados e até insultados pelos politicamente correctos.
J.M.
Eu disse-lhe num outro tópico que isto aconteceria.
ResponderEliminarTinha a certeza do que disse,e,infelizmente comprovo-se.
Talvez se tenha propiciado o passo final na direcção de uma terceira guerra mundial...
Caro Cirilo:
ResponderEliminarRealmente eu no início estava como alguns Americanos: nor...nor, mas no fim até queria que o Trump ganhasse só para ver as caras de certos 'berloques e berloquinhos'.
É óbvio que o homem á um pouco desbocado, mas a Hilária e o marido não são dignos. Além disso, os estúpidos, melhor, os ignorantes das canhotas, não têm ideia de como funciona o sistema politico Americano, que á bastante diferente do europeu.
A fúria dos media em Portugal e na Europa, como se a eleição fosse para a junta da freguesia deles, foi deplorável, como também a reacção de certos fans da esquerda Americana que causaram distúrbios, porque não concordam com o resultado da eleição.
E depois democratas são eles.
Isto tudo é o que eu já prenunciei que vai acontecer na Europa no próximo ano. A população está farta de iluminados, que nos governos baixaram o nível do sistemas educacionais, aterrorizam as populações sempre que estas põem em causa as suas excelsas ideias; e agora ainda importaram milhões de tipos da Ásia, que só causam disturbios e que são tanto sírios como eu. Alias que começou a Guerra na Síria? Al Assad não é um santo, mas os sunitas da Síria são abjectos!
Foi por causa destes baldas que Hitler ganhou eleições...
Não é preciso ser um politólogo. Mas basta conhecer um pouco os EUA para reconhecer os pontos fortes do programa de Trump, que rebentaram com Hillary Clinton As sete opções fundamentais que os media esconderam sistematicamente são :
ResponderEliminar1°- Trump não cessou de atacar os media, que tratava de desonestos. Dizia: “Não estou em competição com Hillary Cliton mas com os media corruptos”. Os grandes media: “Washington Post” “Politico”, “Huffington” e “Buzz Feed” foram proibidos nos seus meetings. Estes jornais não queriam que Trump denunciasse o ponto seguinte e passava-o em silêncio:
2° Trump denunciou a globalização económica que considerou responsável da destruição da classe média. Segundo ele, a economia globalizada é uma calamidade, cujo numero de vitimas não cessa de aumentar. Chamou a atenção sobre o facto que mais de 60 OOO fábricas fecharam as suas portas nos EUA, nos últimos 15 anos e que 5 milhões de empregos industriais foram destruídos. Assisti à morte de alguns, particularmente na indústria automóvel. Ir dar uma volta a Detroit, hoje, tendo conhecido o que foi, traz as lágrimas aos olhos de não importa qual americano. Mesmo a mim.
3° O perigo para nós, é que Trump é um fervente proteccionista. Propõe o aumento das taxas à importação. Sonha de se retirar de todos os tratados comerciais, mesmo da OMC. “ Estes Tratados Comerciais são um desastre” diz ele…Quando fala assim aos americanos da “rust belt”, a cintura da ferrugem”, do nordeste onde as deslocalizações e o encerramento de fábricas fizeram explodir o desemprego e a pobreza, muitos são os que sonham de poder trabalhar de novo.
4°- Trump, contrariamente ao que os media escreviam, é contra os cortes orçamentais na segurança social. Muitos eleitores republicanos vitimas da crise e todos aqueles que têm mais de 65 anos, têm necessidade da reforma da Social Security (reforma) e do Medicare (seguro doença), criados por Obama. Ora os outros dirigentes republicanos queriam suprimi-los. Trump recusa.
Prometeu também reduzir o preço dos medicamentos, ajudar os SDF, reformar a fiscalidade dos pequenos contribuintes e suprimir um imposto federal que toca 73 milhões de famílias modestas. Imaginem o impacto na multidão dos necessitados.
5°Trump quer aumentar os impostos dos traders de Wall Street especializados nos fundos especulativos que ganham fortunas.
Quer restabelecer a lei que separava os bancos de negócios dos bancos tradicionais para evitar que a poupança dos pobres seja posta em perigo pela especulação. Esta lei, tinha sido abolida por …Clinton. Claro que os bancos vão atacar a fundo Trump. Direi mesmo que se houver um novo assassinato dum presidente no futuro…os autores podem ser aqueles que querem opor-se ao restabelecimento esta lei;
6°- Trump entende melhorar as relações com a Rússia e a China., para combater eficazmente Daesh, mesmo se deve passar pela aceitação da anexao da Crimeia.
7°- O mais interessante:
Trump estima que com a sua enorme dívida soberana, a América não tem os meios de continuar a intervir no mundo inteiro. Quer mudar a NATO e não quer garantir a protecção automática dos EUA
Temos de admitir, que com um tal programa, Trump só podia ganhar. Tocou nos votantes essenciais: os que têm necessidade que as coisas mudem. Resta a saber se o programa vai ser implementado.
Estou de acordo com as suas ultimas alavras: Deixemos Trump vestir o fato do Presidente. Existem, nos EA, certas contingências que pesam no poder dum Presidente. O "América First" impoe de ter sepre presentes estas contingências .
Caro Amigo : Desculpe ocupar ainda um pouco de espaço do seu blogue ! Quando se diz, neste momento, que Trump ganhou, creio que deveríamos antes dizer que foi Hillary que perdeu, e com ela toda a classe política americana.
ResponderEliminarNinguém viu chegar Trump, como ninguém tinha visto chegar Obama, contra…Hillary.
Hillary identificou-se mais com Wall Street que com os milhões de americanos que perderam as suas casas e os seus empregos em 20007, e que, sobretudo, particularmente a classe média, ainda não recuperaram o nível de vida do qual desfrutavam então.
E também que não se compare Trump a Reagan. Os tempos mudaram. Trump é antes um clone americano de Berlusconi. Mas com outros meios.
Trump vai dever navegar bem, entre os ricos, muito ricos, e os pobres, que se multiplicaram durante a crise. E vai dever preparar a América de amanhã, a América dos inquietos e das minorias que se desenvolvem e serão um problema no futuro para a maioria “”WASP” actual.
Um abraço.
Freitas Pereira
Caro J.M.
ResponderEliminarAinda é cedo para percebermos totalmente as razões da vitória de Trump.
Mas acredito que foi um grito de revolta contra alguns poderes, nomeadamente a comunicação social e a alta finança, de que o povo americano (e não só) estão fartos.
E depois havia um certo cansaço em volta da família Clinton o que somado a algumas polémicas fez Hillary perder votos.
Caro De Guimarães:
Não estou pessimista quanto a isso. Os EUA são uma democracia sólida com instituições que funcionam. E Trump uma vestido o fato de presidente será melhor do que como candidato.
Cara il:
De facto aqueles bem falantes que nos encheram os ecrans televisivos devem estar com um enorme melão. Até fizeram lembrar as famosas sondagens do Rui Oliveira e Costa.
Acredito que no próximo ano, na Europa, vamos assistir a resultados equivalentes. O povo está farto de vencedores antecipados.
Caro Joaquim de Freitas:
Tomara eu que o meu amigo ainda ocupasse mais espaço nos seus comentários dada a valia e assertividade de que se revestem. Com o bónus extra de neste caso se tratar de um país que conhece muito bem e que já visitou inúmeras vezes.
Gostei muito dos sete pontos que referiu até por versarem realidades que a comunicação social poucas ou nenhuma vezes referiu tão ocupada estava em criticar Trump de todas as maneiras e feitios.
Se Trump conseguir implementar esses pontos, ou pelo menos parte deles, terei todo o gosto em reconhecer o seu mérito e a bondade da sua governação.
Mas .sinceramente, não estou muito optimista quanto a isso.
Vai depender,também, das escolhas que fizer para o governo e altos cargos da administração. Há que lhe dar, como a qualquer eleito num sistema democrático,o benefício da dúvida.
Há em tudo isto,sem colocar em causa a legitimidade dele, algo que me faz muita impressão em termos politicos: Hillary Clinton no voto popular ganhou com quase 200.000 votos mais que Donald Trump. Depois o muito especifico sistema eleitoral americano é que através dos grandes eleitores deu a vitória a Trump.
Como se recordará em 2000 aconteceu o mesmo com Al Gore face a George W. Bush.
E a presidência deste foi,como é sabido,uma tragédia a nível mundial.
Esperemos que a História não se repita...
Caro Cirilo:
ResponderEliminar...«Como se recordará em 2000 aconteceu o mesmo com Al Gore face a George W. Bush.» e de Nixon face a Kennedy; e... É raro que o candidato mais votado, tenha a maioria dos Grandes Eleitores.
Cara il:
ResponderEliminarNão sabia que tinha acontecido com Kennedy/Nixon.
Seja como for é um sistema eleitoral que me parece desfasado no tempo
Brexit, Trump. Antes primavera árabe e estado islâmico.
ResponderEliminarO que se passou para Trump ganhar ? O mundo está a mudar, só isso.
As improbabilidades vão continuar a acontecer. As pessoas estão fartas dos modelos políticos e sociais dos últimos 50 ou 60 anos e as rupturas ganham corpo. As redes sociais, as novas configurações dos media, tudo isso potência figuras como Trump, Boris e outros. A outra escala: que dizer quando o Tino de Rans ganhar a Câmara de Penafiel ?
Paulo
Caro Amigo Doutor Luis Cirilo:
ResponderEliminarUma colherada neste comentário, se me permite. A eleição de Trump deixou muita gente no mundo, boquiaberta. Muitos Americanos, mesmo vivendo no país da democracia como valor apregoado, universal, esquecem onde vivem e demonstram nas ruas, através da violência, que, finalmente, não compreendem a democracia.
As pessoas pareciam iludidas e esta eleição desiludiu-as. Mas, entre nós, e se a Democracia não funciona? E se nunca funcionou e nunca funcionará?
Não é tanto Trump que as pessoas receiam mas o sistema que lhe permitiu de chegar à Casa Branca. Um sistema no qual devemos perguntar às pessoas ordinárias o que é que elas pensam que poderia acontecer à Nação.
Os anti-Brexit anti-democratas avisaram que eram contra o simples referendo em matérias tão importantes; Agora estão furiosos porque, num sistema muito mais complicado, temperado democrático sistema, Trump ganhou.
No fundo é porque na realidade uma grande parte é contra a Democracia. Creio que é antes a participação da multidão na política que receiam, é o povo – ordinários, trabalhadores, não diplomados que eles desprezam.
Foi esta multidão que levou Trump ao poder, e é o facto de todos os adultos, mesmo os estúpidos, poder decidir na política que lhes dá insónias.
A estúpida reacção contra a Democracia de tantos “bem-educados do “establishment”, confirma porque é que a Democracia é mais importante hoje que nunca.
Porque seria realmente uma loucura, deixar uma tão pequena elite, que compreende tão mal as pessoas ordinárias, e que de facto as detesta, conduzir uma sociedade unilateralmente. Seria talvez perigoso, mais perigoso que Trump.
Caro Paulo:
ResponderEliminarÉ isso mesmo.
Os partidos,os comentadores, a comunicação social, os "especialistas" ainda não perceberam que o mundo está a mudar e que os povos estão fartos que decidam por eles.
Não me admiro se França for o próximo capitulo
Caro Joaquim de Freitas:
ResponderEliminarUma boa reflexão.
Que ganha especial sentido quando assistimos nas ruas das cidades americanas a protestos (a lembrarem outros países e outros regimes) contra o resultado de eleições democráticas disputadas por regras com mais de duzentos anos.
É verdade que o sistema eleitoral americano é complexo, polémico e do meu ponto de vista desactualizado face aos tempos modernos mas as verdade é que foi nesse mesmoo sistema que foram eleitos Obama, Bush(pai e filho),Clinton, Reagan, Carter,Nixon e todos os outros incluindo alguns dos presidentes mais populares da História americana como Franklim D, Roosevelt, John F. Kennedy ou Dwight Eisenhower.
Na verdade o que preocupa muitos, do Brexit a Trump, é que os povos mostraram que estão fartos de vencedores antecipados , do politicamente correcto e de que alguns "sábios" decidam por eles antes de eles serem chamados a decidir.
Pessoalmente acho a eleição de Trump uma desgraça.
Democrática mas desgraça.
Só ultrapassada pelo facto de as escolhas desta vez estarem tão limitadas que nos podemos interrogar para onde vai a democracia americana quando sos eus dois maiores partidos não conseguem apresentar mais do que "isto".
Um Trump intragável e um Hillary fora de prazo.
Preocupante.
Veremos agora o que se vai passar na "sua " França e noutros paises onde as classes politicas tradicionais parecem com grande dificuldade em percebe ras mudanças dos tempos e dos paradigmas.
Não quero ser pessimista mas desconfio que algumas "serpentes" voltaram a por "ovos"...