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sexta-feira, novembro 18, 2016

As "Minhas" Câmaras (3) - Cabeceiras de Basto

Cabeceiras de Basto é um caso estranho em termos de PSD.
Depois de em 1976 o PS ter vencido as primeiras autárquicas o PSD, ora sozinho ora em AD, venceu as quatro eleições seguintes sob a liderança de Mário Campilho ainda hoje a grande referência social democrata no município e um cidadão que merece um enorme respeito dos cabeceirenses.
Em 1993 o PS, liderado por Joaquim Barreto, venceu as eleições face a uma candidatura de do PSD liderada por Francisco Campilho (filho do anterior presidente) e iniciou um longo consulado apenas terminado em 2013 por força da lei de limitação de mandatos.
E terminado,há que dizê-lo, com uma enorme divisão nas hostes socialistas de que se falará adiante.
Neste enorme espaço de tempo, em que o PSD quase nunca conseguiu afirmar-se como alternativa autárquica (a excepção terá sido em 2001) ,deu-se o curioso caso de em várias eleições nacionais (europeias e legislativas) o partido ter conseguido vitórias claras no concelho e os candidatos presidenciais da área do PSD, Cavaco e Marcelo, terem obtido triunfos arrasadores nas suas candidaturas.
Nas autárquicas é que o panorama nunca foi bom.
Começou logo em 1997 quando o candidato escolhido desistiu à última hora deixando a "batata quente" nas mãos da concelhia cujo presidente teve de assumir a responsabilidade da candidatura mas sendo eleitoralmente prejudicado por esse insólito episódio.
Em 2001, sim, o PSD com um candidato jovem de idade e jovem na política conseguiu um resultado muito animador (elegeu três vereadores contra quatro do PS) que parecia abrir boas perspectivas para o futuro.
Infelizmente elas não se confirmaram e em 2005 a correlação de forças voltou ao "habitual" 5-2 a favor do PS terminando um ciclo em que o PSD chegou a acalentar esperanças de poder recuperar a câmara.
Como "casa onde não há pão todos ralham e (quase) ninguém tem razão" o PSD entrou numa fase de conflitualidade interna que fragilizou o partido, indisponibilizou pessoas para os combates autárquicos, afastou quadros com valor da vida partidária o que teve como resultado nas autárquicas de 2009 o partido ter conseguido manter,à justa, os dois vereadores mas perdendo para o PS quase mil votos e ficando à beira de um KO político.
A verdade é que a "tareia" eleitoral não serviu de exemplo e no ciclo seguinte, quando no PS já se percebiam fracturas que viriam a ter o seu expoente em 2013, o PSD continuou muito entretido nas questiúnculas internas ao invés de construir uma alternativa sólida aos socialistas através de uma verdadeira união de esforços entre todos.
E chegamos a 2013.
Onde o PS se divide ao meio entre a candidatura oficial de China Pereira e a candidatura de Jorge Machado pelo movimento "Independentes por Cabeceiras" que mais não era, e continua a não ser, do que um grupo de socialistas opositores de Joaquim Barreto a que se somaram alguns  desiludidos de outros partidos.
A verdade é que a desunião na família socialista levou a uma divisão equitativa de votos com três vereadores(e a presidência...por pouco) para o PS e outros três para o IPC enquanto a desunião na família social democrata levou ao pior resultado de sempre com a eleição de um único vereador que, ironia do destino, ficou com mais poder do que alguma vez o PSD tivera desde 1993 porque o seu voto solitário desempatava todas as votações entre PS e IPC.
E aqui acentuou-se a desunião por incrível que possa parecer.
Porque enquanto o vereador eleito entendia, e bem do meu ponto de vista, não aceitar pelouros mas usar o voto de qualidade para trazer de alguma forma o PSD para a área do poder onde se resolvem problemas às pessoas já os responsáveis concelhios entendiam que o voto do vereador se devia unir ao IPC para derrubar o executivo socialista.
Como o vereador Mário Leite não aceitou esse ponto de vista, e bem, porque tinha a clara noção que o PSD nada teria a ganhar com isso, a direcção concelhia resolveu retirar-lhe a confiança política deixando o partido mergulhado numa crise que parece não ter fim e que o leva a que neste momento nem uma comissão política tenha em funções depois de as duas ultimas se terem demitido num espaço de poucos meses.
O que perspectiva um cenário pouco animador, mas não irreversivelmente desanimador, quanto às autárquicas do próximo ano.
Do meu ponto de vista, e até porque se mantém a divisão no PS com a provável candidatura oficial do actual presidente Francisco Alves e a candidatura dos socialistas desavindos liderada por Jorge Machado via IPC, o PSD pode perfeitamente aspirar a uma de duas coisas.
Ou tentar ganhar as eleições convencendo Francisco Campilho a vinte e três anos depois voltar a ser candidato na certeza que ele é de longe o melhor candidato que o PSD pode ter.
Ou, na indisponibilidade de Francisco Campilho, tentar ganhar as eleições, mas aí num cenário bem mais difícil, encontrando alguém de fora do concelho com um mediatismo minimamente aceitável que se disponibilize para uma candidatura e que una o partido por nunca ter estado envolvido nas disputas e quezílias internas.
Ou então admitir que face à sua fragilidade dos últimos anos o partido não tem,ainda ,condições para ganhar e apostar numa candidatura vitoriosa a médio prazo ( como fez Ricardo Rio em Braga), sabendo que vai perder antes de ganhar, através de uma lista de jovens quadros ,"temperada" por algum "cabelo branco" que aproveitando a previsível nova divisão de forças/vereadores entre PS e IPC possa de alguma forma dar sequência ao que Mário Leite fez e serem o fiel da balança com tudo que isso pode significar para o PSD em termos de influência na área do poder.
São as três hipóteses que vislumbro para 2017.
É certo que na área da mais pura fantasia política, e negação de 40 anos de História do PSD em Cabeceiras de Basto convém dizê-lo, parece existir uma ou outra voz que defende o apoio do PSD à candidatura de Jorge Machado pelo IPC.
Isso seria do meu ponto de vista completamente inaceitável.
Jorge Machado um ex simpatizante do PSD que se  filiou no PS para ser vereador , que durante uma década foi vice presidente de Barreto e às vezes mais "barretista que o próprio Barreto quando se tratava de combater o PSD, que só não foi candidato pelo PS em 2013 porque o partido e Barreto optaram por China Pereira.
Apoia-lo seria não só apoiar uma facção do PS, como também um gesto de profundo desprezo pela História do PSD, de ingratidão pelo esforço que muitos social democratas fizeram na Câmara, Assembleia Municipal e Juntas de Freguesia para combaterem o poder socialista personificado por ele e por Joaquim Barreto, de falta de solidariedade para todos quantos foram perseguidos e prejudicados por esse mesmo poder por serem autarcas ou simples militantes do PSD.
O PSD em Cabeceiras de Basto, como no resto do distrito, tem de concorrer às autárquicas com uma candidatura própria,
Fazendo das fraquezas forças, apelando ao sentido de responsabilidade daqueles que estão mais envolvidos na gestão da concelhia, exigindo aqueles a quem o partido já deu que deem agora ao partido.
A alternativa é o PSD desaparecer do mapa político concelhio por muito tempo.
Depois Falamos.

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