" Há quem consiga estar por estar. Eu não!
Como não consigo ser como outros...eternos defensores de convicções alheias!"
(Rui Gomes da Silva)
O meu amigo Rui Gomes da Silva utilizou estas frases num texto que escreveu na sua página de facebook e em que justifica as razões pelas quais não continuará na direcção do Benfica, o seu clube de sempre, no próximo mandato directivo.
O que me trouxe inevitavelmente à memória uma sábia reflexão de um amigo de sempre, com mais de seis décadas de vitorianismo e com quem semanalmente converso sobre o Vitória desde há muitos anos, em que ele muitas vezes me diz.
"Os clubes no tempo da ditadura eram geridos em democracia e no tempo da democracia são geridos em ditadura".
Nada mais verdade.
E o que quer ele dizer com isto
Simples.
Refere-se ao presidencialismo que se tornou moda de governação dos clubes nos tempos que correm e que fazem dos Presidentes autênticos "donos" dos clubes ao ponto de nalguns a imagem do clube e do presidente se confundirem.
Antes do 25 de Abril, na ditadura , não era assim
Os clubes tinham presidentes que lideravam direcções mas também tinham dirigentes com autonomia e estatuto que exerciam as suas funções e opinavam em reuniões de direcção que eram mais do que ditados presidenciais para a acta.
Conheci e conheço vários ex presidentes e ex dirigentes do Vitória e de outros clubes que sempre me confirmaram que era assim.
E que as reuniões de direcção serviam para reflectir, debater e tomar decisões. Onde nem sempre a opinião do presidente era aquela que a direcção seguia.
Mas com o advento da democracia e de algumas formas de gestão nos principais clubes, que se tornaram (mau) exemplo para os outros, as coisas mudaram substancialmente rumo a um presidencialismo sem limites.
Nos tempos de hoje o presidente é que manda, é que sabe (mesmo em matérias onde porventura não sabe nada), é que decide, é que representa, é que dá entrevistas, é que homenageia.
É o verdadeiro "one man show".
Quem olhar para alguns dos principais clubes do nosso desporto constatará que, com maior ou menor exagero, assim é de há bastantes anos a esta parte embora com sucessos que variam de clube para clube.
E aqui ou ali até em clubes sem sucessos.
E os restantes dirigentes?
Pois, está-lhes reservado o papel de "ajudantes" do presidente, de servidores dedicados e esforçados de quem dirige, de gente que muitas vezes cala a opinião como forma única de não ver o seu lugar em perigo na eleição seguinte.
Diz o povo, e com toda a razão, que "cada um come do que gosta" e por isso se há quem goste desse modelo de presidencialismo absoluto nada a opor a que o sirvam de forma a serem considerados "bons ajudantes".
Quem não gosta tem bom remédio.
Sai.
Na certeza de que o sair, o saber e querer não estar num modelo que asfixia os clubes e os torna dependentes de "seres providenciais", o recusar cultos da personalidade é muitas vezes a melhor forma de servir bem os clubes de quem se é adepto e associado ao longo de toda uma vida.
Como o fez agora o Rui Gomes da Silva.
Depois Falamos
P.S. Até Jesus Cristo, insuspeito de falta de sabedoria, deu aos seus apóstolos dois mil anos atrás tarefas e estatuto compatíveis com a missão que lhes confiou. Não fez deles "ajudantes".
E era Deus!
Caro Cirilo, é off-topico, mas no relatório e contas do Porto está a compra de 10% do Hernâni. essa não era a percentagem que o Vitória tinha?
ResponderEliminarCumprimentos,
PS: O Gomes da Silva pode ser um fulano muito porreiro para os amigos, mas a imagem que passa é de uma besta quadrada.
Caro Rui Saavedra:
ResponderEliminarOs 10% do Hernâni são realmente uma boa questão.
Não lhe sei responder.
Quanto ao RGS há de facto duas pessoas numa.
O cidadão e o benfiquista.
Do cidadão sou amigo e tenho com ele uma velha e excelente relação.
Com o benfiquista não falo. É uma das razões porque se calhar nos damos bem é não falarmos de futebol.
Ele defende o clube dele mas de uma forma excessiva que o faz transmitir uma impressão que não corresponde à realidade