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terça-feira, setembro 06, 2016

"Areias" Movediças

Tenho uma posição de sempre,e não a mudarei, sobre o Vitória receber jogadores emprestados por clubes com os quais está a disputar competições.
Entendo que são situações que não defendem o interesse do Vitória e por isso devem ser erradicadas da gestão desportiva do clube de uma vez para sempre.
Já sobre empréstimos por parte de grandes clubes estrangeiros, desde que num projecto comum e uma perspectiva (no mínimo) de médio prazo, sou favorável e acho que deve ser implementada com a escolha de ou ou dois parceiros estratégicos.
Como foi feito em 2012 com o Chelsea e depois abandonada sem qualquer explicação para o facto.
Agora empréstimos de clubes portugueses não.
Porque é valorizar jogadores dos outros, tapar o espaço de progressão dos nossos, adiar a solução de problemas e expormos-nos a repentinas manifestações de interesse do legítimo proprietário dos direitos desportivos do jogador.
Temos vários exemplos, ao longo dos anos, de casos em que as coisas não correram nada bem.
De Urreta a Abdoulaye passando por Sami,Ivo Rodrigues, Vitor Andrade ou Rosell.
E quando correram bem, casos de Alan e Otávio, a verdade é que passados os empréstimos os jogadores foram embora, sem qualquer proveito para o clube, e o Vitória teve de reiniciar  o processo de preenchimento dos lugares.
Mas actualmente é especial estranha a relação entre Vitória e Porto.
Com empréstimos de cá para lá e de lá para cá.
Sobre os de lá para cá, e a forma como alguns terminaram (Abdoulaye requisitado pelo FCP a 31 de Janeiro deixando o Vitória desfalcado e sem possibilidade de suprir a lacuna) , já me referi ao assunto várias vezes e não me repetirei.
Sobre os de cá para lá é que o assunto fia mais fino.
São,para já , dois casos.
Cláudio e Areias.
Cláudio emprestado na época passada à equipa B do Porto com empréstimo renovado esta época e Areias a grande(e desagradável) surpresa do fecho de mercado e que igualmente irá para a equipa B do Porto.
São empréstimos incompreensíveis.
Desde logo porque tendo o Vitória uma equipa B ,e tendo os interesses desportivos desta de serem defendidos, não se percebe o interesse de reforçar um rival directo.
Mas no caso especifico de Areias é ainda mais estranho.
Porque Areias, formado no Vitória e desde sempre atleta do clube, é um ponta de lança extremamente prometedor que depois de um bom percurso na formação e na equipa B dava todos os indícios de ser aposta de Pedro Martins na equipa A.
Onde juntamente com Soares e Valente constituía o trio de pontas de lança ao dispor do técnico.
De repente ele e Valente são emprestados e o Vitória fica reduzido a Soares.
O que é pouquíssimo para uma equipa com as aspirações da nossa.
E não me venham dizer que existe Bruno Mendes na B porque nem Bruno Mendes tem a experiência de Valente e o sentido de golo de Areias como para ser chamado à A desfalca a B onde também não existem pontas de lança com fartura.
Não sei se repararam mas enquanto este fim de semana Bruno Mendes foi com a A a Lamego disputar dois joguinhos a brincar teve Vítor Campelos de defrontar o Leixões, em jogo oficial , sem pontas de lança de raiz!
E por isso a completa incompreensão de que gestão desportiva é esta que leva o Vitória a emprestar ao Porto jogadores que nos fazem falta na equipa B e na equipa A.
Porquê?
Para quê?
Com que interesse?
Que fez o Porto para merecer este tratamento de favor, este abdicar dos nossos interesses em favor dos interesses deles, estas decisões incompreensíveis de quase empurrar porta fora jogadores que deviam cá ficar.
E pelo meio ainda há a muito mal explicada rábula da cedência de João Pedro também ao Porto B que acabou por não se verificar (pelo menos por agora...) ,mas que foi amplamente noticiada como certa, graças ás exibições do jogador que tornaram o "negócio" inviável por demasiado escandaloso.
Será o preço das cedências de Marega e Hernâni?
O preço a pagar por termos cá jogadores que o Porto não quer lá é deixarmos ir para lá jogadores que fazem falta cá?
Será que ninguém, entre os que decidem é claro, percebe que só o Porto ganha nos balanços finais destes negócios?
Porque se os que empresta triunfarem (como Otávio) chama-os de volta e fica com os jogadores "prontos" à custa do clube a que os cedeu.
Se não triunfarem (Sami, Ivo Rodrigues, Abdoulaye...) empresta-os a outro clube qualquer e a vida continua porque há sempre mais jogadores para emprestar e clubes de "pernas abertas" para os receberem.
Em contrapartida se Areias se afirmar (espero que sim porque ele merece) fica com ele a troco de uma clausula de compra banal depois de o ter "experimentado" com sucesso ao seu serviço.
Júlio Mendes em entrevista a "O Jogo" refere que o empréstimo de Areias é um "acto de gestão".
Pois é.
Um péssimo acto de gestão!
E é estranho que quem dirige não só se não se aperceba dos erros como insista em praticá-los.
Muito estranho mesmo.
Depois Falamos

P.S. Acredito que o excelente artigo de Alfredo Magalhães, na edição de hoje do "Desportivo de Guimarães", seja um bom contributo para se perceberem as "areias movediças" em que se move o Vitória nas suas relações com o Porto e a gestão desportiva praticada no clube.

15 comentários:

  1. Contra o Leixões o Campelos utilizou um ponta de lança de raiz, chamado: Xavier !
    Convém ser o mais acertivos possíveis, apesar de concordar plenamente com a sua interrogações!

    Bruno silva

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  2. Sendo totalmente contra esta anti-sad minoritária, sou dos que pensa que esta direcção está a fazer um bom trabalho no que diz respeito à recuperação financeira do Vitória. Creio que está à vista esse trabalho meritório desta direcção.
    Contudo, se para isso a direcção tem de fazer este tipo de "gestão desportiva" como lhe chama o presidente, então alguma coisa está realmente mal. Tem de estar mal quando é o nosso próprio presidente... a desfalcar a equipa !
    Posso se quiser traduzir a resposta que deu o presidente: "caros sócios, o futebol é propriedade da sad, e a sua gestão é única e exclusivamente da responsabilidade da sad, o clube e consequentemente os sócios, não têm nada a ver com isso". Esta é a resposta, foi isso que os sócios (você em particular tem responsabilidades neste tema) legitimaram ao aprovarem esta maldita sad minoritária: fazem o que querem e lhes apetece e não são obrigados a justificar nada.
    A justificação para o negócio Areias, para mim é simples: a sad do Vitória deve dinheiro ao FCP, e a forma que tem de pagar é com activos do plantel. O FCP queria alguém, a certa altura era o João Pedro, como não temos ninguém mais no meio campo, pediu-se por favor para mandar outro, o FCP escolheu o Areias.
    Eu sou sócio, vou ao estádio para ver bons jogadores e bons espectáculos, acho miseráveis estas negociatas no meu clube. Esta treta prejudicou objectivamente o clube.

    Faça uma lista e proponha devolver o Vitória aos sócios e o meu voto é seu. Se vão fazer uma lista para dar continuidade a este modelo de sad, apenas mudam os tarefeiros, então mais vale deixar estar quem está.

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  3. Saganowski8:58 da manhã

    Caro Luís,
    Concordo plenamente contigo sobre os "actos de gestão" que envolvem os atletas Cláudio e Areias. São incompreensíveis e lesivos dos interesses do Vitória.

    O mais recente "acto de gestão" desta SAD (o empréstimo de Areias) tem claramente um duplo objectivo: reduzir as possibilidades de escolha dos técnicos das equipas A (e B!) do Vitória e reforçar a equipa B do Porto, que ficou sem a sua grande referência de ataque (o André Silva), que transitou para a equipa A do Porto (e até já jogou ontem pela selecção A, imagine-se!!!).
    Ao invés de o Vitória aproveitar a boa formação que tem, está a entregá-la a outros em troca de alguns emprestados (que estavam encostados no clube de origem), que mais tarde ou mais cedo voltarão ao clube de origem pela porta grande como grandes craques, sem qualquer proveito financeiro ou desportivo para o nosso clube.

    Não deixemos que os bons resultados desportivos nos turvem a capacidade de pensar!

    Quo vadis, Vitória???

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  4. Caro Bruno Silva.
    Ambos estaremos de acordo que o Xavier sendo um jogador promissor ainda não é um ponta de lança com a experiência necessária a um campeonato tão exigente como o da segunda liga. Para esse lugar o Vitória B necessita de mais opções.
    Caro Anónimo:
    Colocou várias questões interessantes.
    Vamos à da SAD.
    É verdade que em 2012 defendi a passagem a SAD não só porque a lei o tornava praticamente inevitável mas também porque o modelo que defendia e os investidores que perspectivava nada tem a ver com a actual realidade. Quero crer que se o caminho seguido fosse aquele que eu entendia como adequado a nossa realidade seria diferente para bem melhor. Um capital social muito maior (para investir a sério no futebol), investidores internacionais de relevo e que viriam para fazer do Vitória um clube fortíssimo, uma visão totalmente diferente do nosso papel no futebol português. E não só preconizava isso como dei os primeiros passos para que fosse uma realidade. Em Dezembro de 2012 saí e todo esse trabalho foi para o lixo sendo constituída em 2013 a SAD que se conhece e que só agradará aos seus administradores e aquela "meia dúzia" que com eles em tudo concorda.
    Como sabe por força da lei as SAD são irreversíveis pelo que a gestão do futebo vitoriano terá de ser nesse modelo. Mas pode, e deve, ser com uma SAD muito diferente em termos de capitais e visão estratégica. É essa mudança que é possível fazer.
    Quanto aos negócios com o Porto e não só estou de acordo com o seu ponto de vista. O Vitória não é "isto".
    Caro Saganowski:
    Estou naturalmente de acordo contigo.
    E realço um ponto importante do que escreveste.
    Infelizmente há vitorianos, que certamente levados pelo seu amor ao Vitória, se deixam iludir por resultados desportivos episódicos e sem sequência como acontece bem perto daqui.
    Nos últimos dez anos o clube vizinho tem crescido desportivamente de forma consistente enquanto nós alternamos duas ou três classificações europeias com posições na tabela classificativa que nada tem a ver com o que é o Vitória.
    Mas há quem prefira viver de olhos fechados.

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  5. O clubeseco ao lado começou a crescer com jogadores emprestados ou nao?

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  6. Caro Anónimo:
    A)Começou. E cresceu. Nós não.
    B)Não sei se é o seu. O meu sonho não é ver o Vitória copiar o Braga ou sequer ser igual a ele. É ser maior e melhor.

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  7. Caro Cirilo,

    A bem da clareza, é importante que se sublinhe que, só no considerado plantel principal (equipa A), estão 9 (nove) jogadores emprestados. Sim, 9 (nove) de um total de 14 (catorze). Assustador.

    Considerados estes dados, o único clube com que o Vitória se poderá comparar, em circunstância, é com o homónimo de setubal. Se a bitola de marrocos é desprezível, o que dizer desta... Este é o projecto, este é o momento...

    Cumprimentos,

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  8. Caro JRV:
    Ainda são mais do que eu pensava.
    E claro que o caminho não pode ser este nem nada que se pareça.
    Já agora,e para memória futura, não se importa de deixar aqui os nomes de todos os emprestados.
    Eu sabia do Marega,Hernâni, Hurtado, Pedro Henrique, Prince e Bernard.

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  9. Caro Cirilo,

    Além dos que refere, Raphinha, Soares e B. Mendes, que, com a saída de Areias, passou a ser a alternativa a Soares.

    Cumprimentos,

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  10. Caro JRV:
    Ou seja os "emprestados" do Deco

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  11. Caro Cirilo,

    Nessa condição, só Raphinha. B. Mendes vem do Maldonado e Soares do Veranópolis. P. Henrique, p.e., está cedido pelo Cianorte, "satélite" do Mirassol. Deste último veio, p.e., Marcilio, uma "truta" que chegou recentemente para a equipa B. Tudo clubes fachada para negócios obscuros.

    A realidade é que a sad foi "engolida" por estas negociatas de empresários, em que o importante é pôr os nomes a rolar e o capital em trânsito.

    Cumprimentos,

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  12. Saganowski8:37 da manhã

    Urge acabar com estas negociatas brasileiras, angolanas e sul-africanas das quais o Vitória (clube) não sai nem bem visto, nem beneficiado!

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  13. Caro JRV:
    Realmente é confusão de mais.
    O caminho está errado e o Vitória tem de mudar de vida sob pena de nos banalizarmos por completo.
    Caro Saganowski:
    E o mais depressa possível.
    Isto representa a total ausência de um projecto desportivo próprio, consistente e que nos leve a sucessos duradouros

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  14. Saganowski8:31 da manhã

    Caro Luis,

    Dizes bem: total ausência de um projecto desportivo próprio, consistente e que nos leve a sucessos duradouros. Infelizmente o modelo actual não leva ao engrandecimento nem fortalecimento do Vitória, muito pelo contrário.
    O Vitória precisa de um projecto sério, sustentável com meios próprios, com empréstimos do estrangeiro (e por 1 temporada, no mínimo...) e com um grupo blindado, resistente a pressões externas e uma política de aquisições e dispensas que não esteja refém das últimas horas dos mercados de transferências, nem das influências de agentes de jogadores.

    Já agora, gostava de ler o artigo do Alfredo Guimarães, mas não tenho acesso à edição do "Desportivo" em papel... Sabes se este artigo está online algures?

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  15. Caro Saganowski:
    É exactamente isso.
    Um projecto a sério.
    Quanto ao texto mando-te por mail.

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