O Toural, como praça central de Guimarães, é um espaço que diz muito a todos os vimaranenses.
Mesmo aqueles, que como eu, gostavam bem mais do anterior arranjo que privilegiava as árvores, os jardins e as flores do que do actual que privilegia a pedra.
Gostos.
Mas o Toural a mim traz-me sempre outro tipo de recordações.
Por lá brinquei na meninice, por lá passei tardes de sábado na minha juventude em animadas partidas de matraquilhos e bilhar num salão de jogos (que também já não existe) por cima do café "Milenário", por lá participei em animadas tertúlias vitorianas debaixo de árvores que já não existem enquanto se faziam horas para o trabalho da parte da tarde,por lá trabalhei numa agência do BCP que já não existe e que se situava no edifício onde durante muitos anos funcionou o Banco de Portugal.
Mas nesta fotografia há três edifícios que me dizem muito.
Estão do lado direito da fotografia.
O mais alto, de fachada branca, é onde funcionou durante muitos anos a sede do PSD.
Lá me filiei na JSD, lá participei em muitas reuniões, plenários, sessões de esclarecimento, planeamento de campanha e por aí fora.
Entre JSD e PSD passei seguramente centenas de horas naquela casa.
Que curiosamente , já o PSD lá não estava à alguns anos, utilizei como sede da minha primeira campanha enquanto candidato a deputado em 1999.
Emprestada a custo zero, como agora se diz, por António Pimenta Machado que era e continua a ser seu proprietário.
O edifício ao lado, de fachada verde, é onde funciona desde 1989 (salvo erro) a sede do PSD.
Também já por lá passei uma boas centenas de horas.
Mas aquele que me diz mais, por razões fáceis de entender, é o edifício de esquina com a rua de Santo António em cujo rés chão funcionou durante 50 anos um estabelecimento comercial chamado "Casa das Gravatas".
Pertencente ao meu avô paterno e ao seu sócio senhor Aníbal Dias e que desde muito pequeno me habituei a frequentar com assiduidade.
Quer o meu avô quer o sócio foram durante anos dirigentes do Vitória e a "Casa das Gravatas" além de estabelecimento comercial era também um permanente fórum de conversas vitorianas entre os seus muitos frequentadores
E eu ainda miúdo era um ouvinte atento e respeitoso das conversas dos mais velhos.
Termos que eu na altura nem sabia o que significavam ("back", "corner", "liner","half-back","keeper", "off-side",etc) faziam então parte do léxico do futebol -importado de Inglaterra convém não esquecer- e eram comummente utilizados por quem gostava da modalidade.
Lá ouvi falar, pela primeira vez, de nomes míticos do Vitória como Alberto Augusto, Silveira, Edmur, Ricoca, Machado, Lino,Carlos Alberto, Ernesto a par dos então craques como Mendes, Manuel Pinto, Caiçara, Roldão, Daniel, Gualter e tantos outros.
Foram, sem saber quem eram, os meus primeiros ídolos vitorianos.
O Toural, traz de facto, recordações fantásticas.
Depois Falamos
P.S. Curiosamente em 1988 fui um dos 15 fundadores de um jornal chamado... Toural!
Que depois se transformaria em "Expresso do Ave" e que infelizmente também já não existe.
Politica a parte, nao me identificando com ela mas respeitando quem o faz, o Toural e o nosso "centro do Mundo".
ResponderEliminarTambem eu preferia a paisagem antiga(realmente hoje em dia e muita pedra!)mas a "essencia" continua la.
ORGULHO VIMARANENSE E VITORIANO.