Este é um daqueles livros que li quase por acaso.
Publicado pela primeira vez em 2002 teve depois várias reedições a ultima das quais em 2011 por alturas do falecimento do autor.
Passou-me despercebido,confesso,pese embora ter uma grande admiração pelo excepcional comunicador que foi Artur Agostinho.
Mas depois, numa daquelas abençoadas vendas em saldo das grandes superfícies, apareceu-me no meio de uma chusma de livros e acabei por o comprar movido pela curiosidade de ler um homem que tantas tinhas vezes tinha visto e ouvido.
E foi uma boa opção.
Porque escrito num tom despretencioso, algo intimista aqui e ali, é um excelente retrato da vida e carreira do autor mas também uma viagem pelo mundo da comunicação social, da politica e do desporto ao longo de grande parte do século XX português.
Nele nos fala da sua carreira na rádio, da Emissora Nacional à Rádio Renascença passando pelo RCP e por pequenas emissoras locais, do tempo em que dirigiu o Record, na longa colaboração com a RTP desde os primeiros tempos desta, dos filmes e peças de teatro em que participou como actor.
Mas também das viagens que fez pelo mundo, do acompanhamento à selecção nacional de futebol e a equipas de clube em deslocações ao estrangeiro em tempos em que em termos de rádio nada era fácil, dos relatos do hóquei em patins que então eram moda, da experiência como repórter de guerra no norte de Angola em 1961 , do exílio no Brasil e do regresso a Portugal.
Tudo salpicado com saborosas histórias envolvendo protagonistas diversos de Craveiro Lopes a Otto Glória, de Eusébio a Amália Rodrigues , de Raul Solnado a António Lopes Ribeiro.
Duas delas narram os encontros de Artur Agostinho com a sorte.
Uma vez em Moçambique quando com outros jornalistas acompanhava numa pequena avionete uma visita ao território do então Presidente Craveiro Lopes que seguia noutro avião com a comitiva.
Numa viagem a Tete foi convidado pelo Presidente a acompanhá-lo no avião, o que fez, não fazendo esse percurso na avionete com os outros jornalistas.
A avionete caiu e todos os seus ocupantes morreram.
Noutra ocasião para acompanhar uma visita ministerial a Goa (ainda no tempo da India Portuguesa)apanhou um voo da Alitália de Roma para Joanesburgo saindo numa escala em Nairobi para apanhar a ligação para Bombaim.
O avião que seguia para Joanesburgo despenhou-se pouco depois de levantar de Nairobi e não houve sobreviventes!
Um homem com sorte sem sombra de duvida.
Em suma um livro que se lê com muito prazer.
Depois Falamos
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