Já foi um dos grandes jogos do nosso campeonato.
No tempo em que Vitória e Boavista disputavam entres eles o estatuto de quarto "grande" e os encontros entre as duas equipas eram sempre rodeados de uma paixão e uma vivacidade difíceis de encontrar noutros jogos.
A história tem um inicio.
Numa longínqua tarde de Junho de 1976, nas Antas, o Boavista vencia o Vitória na final da taça de Portugal num jogo em que a arbitragem do famigerado António Garrido deu a taça aos axadrezados roubando-a a quem mais a mereceu ganhar no terreno de jogo.
Até então para os vitorianos defrontar o Boavista era como defrontar a Académica, o Vitória FC, o Belenenses ou a CUF. Ou qualquer outro adversário que não o rival Braga ou os chamados"grandes".
Era um jogo "normal".
A partir de 1976 deixou de ser e ganhar ao Boavista tinha (e tem) um prazer redobrado face a essa afronta da qual nunca poderemos ser indemnizados.
Nas décadas de 80 e 90 a conflitualidade e a disputa entre os dois clubes atingiu os píncaros e transformou cada encontro entre as duas equipas num jogo de visibilidade nacional.
Responsáveis?
Pimenta Machado e Valentim Loureiro.
Dois presidentes de forte personalidade e enorme carisma junto das respectivas massas associativas que davam cor e sabor ao antes e ao depois de cada jogo entre Vitória e Boavista com as intensas polémicas em que se envolviam.
Porque para além da disputa no terreno de jogo e da competição pelo quarto lugar percebia-se que os do Bessa começavam a jogar por "fora" e a beneficiarem de protecções e compadrios que ajudavam a fazer a diferença classificativa.
E Pimenta nunca se calou na denúncia do "sistema".
Foi ,aliás, o primeiro a fazê-lo num tempo em que outros mantinham um silêncio cobarde à espera das migalhas que caíam da mesa do poder.
Depois Valentim saiu para a Liga (onde continuou e intensificou a política de protecção ao Boavista)e deixou o filho no seu lugar mas aí, pese as atitudes de continua hostilidade ao Vitória personificadas pelo "pardalito", a conflitualidade entre dirigentes baixou porque Pimenta Machado nunca deu grande importância ao jovem Loureiro bem ciente de que o "inimigo" continuava a ser o pai.
A verdade é que com o pai na Liga e o filho no clube o Boavista atingiu o ponto mais alto do seu historial vencendo o campeonato em 2001 e fazendo participações meritórias na liga dos campeões naquilo que parecia ser a sua afirmação como quarto clube português.
Mas não foi.
Porque a seguir, fruto de uma gestão megalómana e sem qualquer correspondência com a sua realidade, o Boavista atolado em dividas e em processos de corrupção acabou por cair na II Liga e depois no próprio CNS por onde se arrastou penosamente até uma decisão judicial o devolver ao principal campeonato mas muito longe do protagonismo de outros tempos.
O Vitória também fez o seu percurso.
Em 2004 Pimenta Machado deixou a presidência, passados dois anos foi a vez de o Vitória experimentar a angustia de descer de divisão, e nos anos que entretanto decorreram foi alternando o bom (raramente) com o banal (quase sempre) com a notável excepção da Taça de Portugal ganha em 2013.
Encontram-se de novo no próximo sábado.
Longe dos tempos dos grandes jogos, da intensa rivalidade, de uma conflitualidade exacerbada (quantas vezes para lá das marcas) , dos grandes "duelos" mediáticos dos presidentes com grande carisma que os clubes nesses tempos tinham.
Mesmo neste contexto "pobrezinho" da actualidade, com os dois clubes "perdidos" na metade inferior da tabela (o Vitória é 13º e o Boavista 14º...) e longe de disputarem lugares que durante tantos anos foram "seus", é sempre um Boavista-Vitória.
E os vitorianos gostando de ganhar todos os jogos há aqueles que ainda gostam mais.
É o caso.
Depois Falamos
Sim, neste momento o quarto clube português é claramente o SCBraga.
ResponderEliminarSão vários os indicadores que permitem apontar nessa direção.
jj o braga será quarto até se começarem a investigar determinados investimentos com dinheiros publicos. Até lá vai ser 4º como o boavista já o foi. Vive claramente acima das suas possibilidades. E mais dia menos dia a verdade vem ao de cima. Se os gastos/ganhos, de todos os clubes, fossem oriundos apenas dos jogadores estavam todos bem. A questão é que o braga tem tudo pago pela câmara - com dinheiro público portanto - até a dita 'academia' é paga pela câmara mas que tem como único beneficiário a SAD.. E esta só tem de se preocupar com jogadores. Se assim fosse em Guimarães que grande equipa também teria o Vitória. O que acontece em braga é claramente falta de fair-play financeiro.
ResponderEliminarCaro Cirilo…aquando da sua análise ao sorteio da L.E e à possível prestação das equipas Portuguesas, e no tocante à prestação do SCB, o Luís discorreu mais ou menos que se fosse o Braga de há uns anos atrás passaria à fase seguinte,…quanto ao Braga atual tinha sérias dúvidas…Bom em jeito de comentário eu respondi que o Braga não era tão mau como diziam e tinha quase a certeza que passaria à fase seguinte e vinha aqui dar a mão à palmatória quer o Braga passa-se ou não à fase seguinte!
ResponderEliminarAproveitava também para dizer o seguinte, na minha análise da altura eu não me socorri de qualquer modelo econométrico para validar a minha opinião (.O velhinho livro de capa verde Basic Econometrics do Damodar N.Gujarati, continua em paz na estante da sala lá de casa)
Simplesmente limitei-me a ir à Pedreira ver os jogos… e percebendo eu pouco de futebol até pela forma como um jogador pisa o relvado, consigo perceber se é ou não bom jogador… e meu caro…a meia dúzia de jogadores novos do Braga pisaram o relvado de uma forma que não deixavam quaisquer dúvidas relativamente à sua categoria.
Quero dizer com isto, que nunca fui em frases feitas, sempre gostei de pensar pela minha cabeça, e não valido de forma extemporânea opiniões de indivíduos que se limitam a opinar baseados em opiniões dos outros ou em jogos vistos do sofá (estou a referir-me obviamente à maioria dos opinadores dos programas televisivos das segundas feiras) o jogo visto num estádio é muito mais abrangente, na televisão somente são mais visíveis os lances polémicos que infelizmente ensombram em demasia o futebol Português…Confesso também que a prestação do SCB para já está um bocadinho acima do que eu esperava, no entanto infelizmente mais tarde ou mais cedo começará a intervenção das forças ocultas…(mais uma vez não preciso de nenhuma análise regressiva para prever isso…) infelizmente não é nada a que não estejamos habituados!!! abraço e depois falamos
P.S- As minhas desculpas por usar este espaço relativo ao Boavista/Vitória, para um assunto sem enquadramento neste tema.
Caro jj:
ResponderEliminarNa ultima década, em termos classificativos, isso é indiscutível.
Caro Anónimo:
As verdadeira contas do SCB/SAD serão um dia conhecidas.
Porque durante anos foi impossivel saber onde acabava o investimento camarário e começava o investimento do clube.
A promiscuidade foi muita.
Creio que esses tempos já lá vão e mais dia menos dia saber-se-á tudo.
Caro Manuel Cunha:
De uma forma geral partilho da sua opinião.
O Braga não tendo uma equipa equiparável à que chegou à final da liga Europa (uma das melhores da sua História) tem ainda assim uma equipa que se tem revelado melhor do que permitia supor no início da temporada.
E por isso se apurou com toda a justiça para a fase seguinte.
Muito por mérito,também, de Paulo Fonseca.
Quanto ás forças ocultas...já sabe que pode contar com elas.
Especialmente se o Braga se constituir em estorvo para o clube de todos os regimes atingir o apuramento para a liga dos campeões