Esta reflexão tem como fundamento a exclusão de Miguel Laranjeiro como candidato a deputado nas listas do PS mas não se esgota aí porque casos como este existem em todos os partidos da esquerda à direita e demonstram uma das fragilidades da democracia partidária.
A irrelevância do mérito como condição para a renovação de mandatos parlamentares.
O Miguel é deputado, se não estou em erro, desde 2005.
Depois de nos doze ou treze anos anteriores ter sido um dos homens de confiança de António Guterres enquanto líder do PS e primeiro ministro.
Nesta década em que representou o circulo eleitoral de Braga o Miguel foi um bom deputado.
E digo-o com o à vontade de quem nunca nele votou porque nunca fui eleitor do PS.
Um bom deputado no Parlamento e um bom deputado no "seu" distrito de Braga e especialmente no "seu" concelho de Guimarães.
No Parlamento onde bastas vezes o vi a defender as posições do PS em plenário, em debates importantes como programas de governo,orçamentos de estado ou debates quinzenais com os primeiros ministros dessa década que foram,como é sabido,José Sócrates e Pedro Passos Coelho.
Para além de inúmeras intervenções em comissões de que fazia e faz parte.
Mas valorizo essencialmente a forma como durante dez anos foi uma presença assídua e interessada no seu circulo eleitoral ,quer com o PS na oposição (é sempre mais fácil sermos deputados da oposição digo-o por experiência própria) quer com o PS no poder, visitando instituição da mais diversa índole e interessando-se por problemas concretos das pessoas.
Levando ao Parlamento e aos governos os problemas e as reivindicações de que tomava conhecimento.
Muitas vezes discordei dele e das suas tomadas de posição, como é evidente, mas sempre respeitei a seriedade intelectual com que as fazia e o trabalho empenhado e persistente que levava a cabo na plena interpretação do que deve ser um mandato de deputado.
Na Assembleia Municipal de Guimarães tem sido ao longo destes anos um deputado presente, interventivo e que liderou durante o mandato anterior a bancada socialista com uma eficácia que ninguém ousará negar.
E mesmo quando as tarefas partidárias de grande responsabilidade a que foi chamado na liderança de António José Seguro (que fizeram dele o braço direito do então líder) o assoberbaram de trabalho nunca o Miguel faltou a uma sessão da assembleia municipal mostrando um exemplar respeito pelos eleitores que votaram na lista do PS.
E pelo orgão Assembleia Municipal.
Foram várias as vezes em que vinha de Lisboa a correr para uma sessão da AM e para Lisboa voltava a correr no fim da mesma sabendo que na segunda feira seguinte teria de voltar a Guimarães para a conclusão da sessão.
A par de tudo isso, e que já é muito, foi ainda presença regular em debates televisivos em representação do seu partido dando a consequente visibilidade aos seus distrito e concelho para além das funções que desempenhou no PS e que atrás referi.
A verdade é que uma "folha de serviços" desta qualidade não foi suficiente para o PS de Guimarães o voltar a indicar para a lista de deputados do distrito de Braga reconhecendo o enorme mérito com que desempenhou os seus mandatos.
Opções democráticas, legítimas, tomadas por quem tem a legitimidade para as tomar como é óbvio.
Pessoalmente poderia dizer que não me faz diferença porque não voto PS.
Mas deixando de lado uma amizade de quase 40 anos com o Miguel, que não é para aqui chamada nem influencia esta reflexão, não consigo deixar de considerar que a qualidade da democracia se reforça quando os melhores ficam e não quando partem.
E o Miguel, de quem muitas vezes discordei e com quem debato regularmente na Assembleia Municipal com um "calor" que não belisca a amizade, é um dos melhores deputados que este distrito teve nos últimos largos anos
E quando assim é, quando as lógicas(?) partidárias se sobrepõe ao mérito e ao trabalho, perdemos todos!
Depois Falamos
P.S.- O não referir neste texto o nome de quem o vai substituir na lista não é falta de respeito pela estimável personalidade do mesmo. Simplesmente achei não valer a pena porque estou certo que 99,9999% dos leitores não sabem quem é. E a percentagem de vimaranenses nas mesmas condições não deve ser muito diferente...
Quem é ele?
ResponderEliminarNote-se que já está eleito, mesmo antes do povo votar! Na verdade, quem escolhe os deputados não é o povo, mas as direcções partidárias. E estas escolhem os lacaios subservientes.
O povo votará nesses lacaios e depois queixa-se, mas sem razão!
Pois é!
ResponderEliminarParece que grande parte dos Vimaranenses, independentemente da cor partidária, comunga da sua opinião e isso pode-se constatar em diversos artigos de opinião e nas redes sociais.
Constata-se o óbvio, na hora da verdade, não importa o mérito e o trabalho feito em prol de uma cidade, região, país ou partido, o que releva é o "seguidismo" e ao que parece (não conheço os meandros dos partidos), pelo que tenho lido e ouvido, o Sr. Miguel Laranjeiro teve o "azar" de tomar partido pelo António(José Seguro) errado e como o estado de graça está do lado do outro António(Costa) é chegada a hora da renovação, independente do mérito de quem o substitui!
NB: Deixo aqui o meu apreço pelo trabalho realizado em prol da minha terra.
Pertenço aos 99,9999% dos leitores que não sabem quem é o substituto do Miguel Laranjeiro, apesar de já saber o seu nome!
Fazendo uma análise política noutra perspectiva, o PS Guimarães pode assim alcançar mais um deputado na assembleia da república. Passo explicar: Miguel Laranjeiro pelo seu historial no partido, não deve ficar fora dele, ainda para mais numa situação que requer união (Costistas e Seguristas), como tal, devia entrar pela cota nacional e desta forma abre espaço para Guimarães ter mais um deputado (esse que foi nomeado durante a semana). Isto é o que devia na minha opinião ter sido feito desde o inicio, mas cada um é como cada qual.
ResponderEliminarRelativamente ao eleito, reconheço a sua enorme humildade, persistência e capacidade de trabalho, assim como o tem demonstrado desde que está na vida política (e é um jovem, o que faz bem à renovação das gerações). É sempre difícil substituir um "dinossauro" pelas mais diversas razões, mas estou certo que não desapontará.
NOTA: O partido em questão não do meu quadrante de voto, mas conheço o trajecto dos dois intervenientes.
há muito tempo que deixei de votar em partidos. Voto em pessoas que merecem a minha confiança.Nas autárquicas votei em António Xavier e quando ele deixou de ser candidato passei a votar em António Magalhães. Da ultima vez votei em Coelho Lima porque entendi que era preciso sangue novo e o dr Bragança está na camara há mais de vinte anos e o dr Coelho Lima é uma pessoa que merece apoio porque é grande vimaranense.
ResponderEliminarNas legislativas sigo mesmo principio desde que morreu Sá Carneiro em que votei sempre. Voto PSD, voto PS e até já votei CDS no tempo do Manuel Monteiro dependendo de quem são os candidatos de Guimarães nas listas.
Quando o Luís Cirilo foi candidato há uns anos atrás votei nele(PSD) e nunca me arrependi porque foi um bom deputado sempre atento ao distrito e a Guimarães.
Quando deixou de ser deputado fiquei com pena e passei a votar no PS por causa do Miguel Laranjeiro (fui colega dos dois na Rádio Guimarães e são pessoas por quem tenho muita estima e admiração) que também tem sido um bom deputado e em quem tencionava voltar a votar.
Com isto que se passou já tenho a certeza de que não voto PS nas próximas legislativas. Seria premiar formas rasteiras de fazer politica.
No PSD não sei. Se indicarem outra vez o Emidio Guerreiro não voto porque ele nada tem a ver com Guimarães e só se serve da ligação que teve à cidade quando lhe dá jeito. Na moça neta do senhor Herculano também não voto porque desconheço qualquer trabalho no nosso concelho ou alguma coisa que tenha feito por ele. É das tais que vai para Lisboa e se esquece da Terra. Por isso o mais certo é pela primeira vez abster-me porque nos outros partidos não vai ninguém de Guimarães em lugar elegível de certeza absoluta. Acho que este sistema eleitoral só leva a que as pessoas se afastem da politica porque os deputados nada lhes dizem. Devia ser possível eleger deputados com ligação muito mais próximas dos eleitores e que pudessemos avaliar o seu trabalho de forma mais concludente.
Caro Libertas:
ResponderEliminarÉ o sistema eleitoral que temos.Que não obsta a quem nem todos os deputados sejam conformes com o perfil negativo que traça.
Por isso, e porque o acho esgotado,defendo circulos uninominais.
Caro king:
É evidente que o facto de o Miguel Laranjeiro ter sido o número dois de Seguro pesou nesta autentica vendetta que lhe fizeram.
Alguém acredita que se Seguro ainda fosse líder o PS Guimarães teria tomado esta opção?
Acontece que o o Miguel, ao contrário de muitos do PS de Guimarães, foi coerente até ao fim e não deixou apressadamente Seguro para ir jurar fidelidade a Costa como fizeram alguns desses dirigentes vimaranenses.
Caro Anónimo:
Essas contas já não domino embora o que diz tenha lógica. Mas o que interessava,pelos vistos,era "abater" Laranjeiro vá-se lá saber porque. Veremos os próximos capitulos. Quem sabe se não serão conforme diz?
Caro MR:
Obrigado pela parte que me toca no seu comentário. Dez anos depois de ter deixado de ser deputado é gratificante ler palavras como as suas. Quanto ao resto respeito a sua forma de pensar e acredito que há muita gente a fazer o mesmo. Por isso defendo,cada vez mais,os circulos uninominais em que cada eleitor sabe exactamente em quem está a votar. Deixo apenas uma nota: A exclusão de Miguel Laranjeiro aumenta a responsabilidade da coligação e da CDU nos nomes que vão indicar para as listas. Porque seria muito mau se Guimarães ficasse sem deputados com acção visível no terreno