Não sou treinador de futebol nem tenho qualquer habilitação para isso.
Mas ao fim de quase 50 anos a ver futebol ao vivo e na televisão, depois de centenas /milhares de horas de conversas sobre futebol , de ter tido o privilégio de conhecer e conversar com muitas pessoas que sabem de futebol muito mais do que eu (especialmente com alguns treinadores) sinto que as reflexões que sobre ele vou fazendo terão alguma sustentação.
A propósito do que escrevi sobre um dos jogos da selecção de sub 21 (com a Suécia) e da discordância que manifestei, e mantenho, sobre as opções de Rui Jorge ocorre-me precisamente uma pequena reflexão sobre aquilo que aprendi sobre como se estrutura uma equipa de futebol.
Que como tudo na vida deve ter uma espinha dorsal.
Grosso modo estruturada em função de um guarda redes que "valha" pontos, dois centrais que façam jus à velha máxima de "os avançados ganham jogos e as defesas ganham campeonatos", um trinco de largo raio de acção que saiba sair a jogar quer com passes curtos quer com aberturas de longa distância, um "número" 10 que defina os ritmos de jogo e seja exímio no ultimo passe e um ponta de lança que faça golos.
É a espinha dorsal essencial a quem quer lutar por objectivos.
Depois há os laterais, os extremos, os médios construtores que são muito importantes nos apoio a essa espinha dorsal e dão largura e profundidade ao jogo da equipa como é sabido.
Mas sem esse eixo central bem construído, e respeitando as posições básicas dessa espinha dorsal, não há equipas que possam funcionar bem durante toda uma competição.
Podem fazer uma "gracinha" num ou noutro jogo mas não a podem fazer numa prova inteira porque se tornam demasiado previsíveis e relativamente fáceis de anular por treinadores argutos e que saibam ler eficazmente o jogo e produzir nele as alterações necessárias no decorrer do mesmo.
E pensar-se que é possível construir uma equipa sem ponta de lança é, para além de um erro primário que mais cedo ou mais tarde se paga caro, negar a essência do futebol.
Que é o golo!
Depois Falamos
Dr. Cirilo, tendo em conta que a Espanha foi campeã do Mundo e da Europa sem ponta de lança e que a nossa sub-21 se prepara para arrecadar o Europeu do escalão com um sistema idêntico, penso que esta nova forma de ver o futebol - em alguns casos sem um 10 declarado, mas nos dois casos apontados sem ponta de lança - merece algum crédito. Não se trata de uma "gracinha" aqui e ali, trata-se de ganhar ao mais alto nível.
ResponderEliminarO futebol também evolui.
Concordo na integra com os pressupostos enumerados pelo s.r. Luis.
ResponderEliminarTer um Bernardo Silva acima da média e em plena forma (se estivesse ainda naquele clube de onde saiu, e sabendo-se o que a casa gasta, e como se cobre... e como a cobrem da forma que sabemos e constatamos... eu diria que seria algo estranho para esta altura da época em que a esmagadora maioria apresenta-se bastante desgastada...) disfarça as carências estruturais da equipa.
O anterior jogo foi o que se costuma chamar de calhar bem, porque tudo calhou mesmo muito bem.
Se voltarem a defrontar o mesmo adversário mais 10 vezes quase que aposto que nem sequer voltam a ganhar, dado que nem esta equipa da forma como está estruturada, e, dependente de um jogador, não é assim tão forte nem os alemães tão fracos como o resultado final pode fazer parecer.
Esperemos e desejemos que na final tudo volte a correr pelo melhor.
E em caso de desfecho favoravel, que isso não continue a cegar e a iludir alguns resultadistas ,que costumam entusiasmar-se a niveis altamente desproporcionados e desfasados da realidade.
Chicote
Caro Anónimo:
ResponderEliminarPor muito que o futebol evolua nunca evoluirá no sentido de acabar com os pontas de lança.
Os casos que cita são as excepções que confirmam a regra.
No caso espanhol convém não esquecer Fernando Torres e Llorente que tiveram papel importantes nesses titulos. Especialmente Torres.
De resto basta ver quem vale mais nos mercados de transferências para perceber que os pontas de lança continuam a ser os jogadores mais valorizados no mundo do futebol.
Caro Chicote:
Concordo com a sua reflexão.
E acho que este fantástico resultado com a Alemanha deve ser vivido e festejado como algo que acontece uma vez na vida. A verdade é que Portugal tendo um conjunto de jovens talentos que todos apreciamos teve nesta fase final três jogos anteriores em que ganhou aos ingleses com justiça mas sem esplendor, empatou com os italianos com muita sorte e graças a uma grande exibição de José Sá, e frente aos suecos registou outro empate que se pode considerar como justo num jogo equilibrado. É verdade que podíamos ter ganho porque tivemos oportunidades para isso mas é igualmente verdade que podíamos ter perdido porque os suecos também as tiveram. A final de hoje não vai ser nada fácil e espero que Portugal a olhe com grande humildade. É que já toda a gente percebeu onde estão os nossos pontos fortes e a equipa sueca não é nada fácil de vencer.
dizer que em dez vezes não ganhamos mais nenhuma a Alemanha é de uma profunda injustiça para com esta selecção mas pronto é por epnsarmos assim que nunca somos campeões de nada. Talvez logo se faça historia
ResponderEliminarCaro Pedro Pereira:
ResponderEliminarEm dez jogos concordo que ganharemos alguns à Alemanha.
Por 5-0 é que me custa a crer.
"Não sou treinador de futebol nem tenho qualquer habilitação para isso."
ResponderEliminarArmando Evangelista já é, e de nível IV
caro Anónimo:
ResponderEliminarFoi a conclusão que retirou do texto?
Brilhante!
Já que ficou tão entusiasmado por o Vitória ter um treinador com as habilitações necessárias para o treinar proponha uma comemoração no Toural.
Quando se festejam quintos lugares pode-se festejar tudo...