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segunda-feira, janeiro 12, 2015

Identidade

O futebol não vive só de régua e esquadro, de calculadoras e tabuadas, da exactidão dos números.
Vive também de sentimentos, de emoções, de fidelidades e paixões , de afinidades e convergências, da identidade muito própria dos clubes.
E essa identidade constroi-se episodicamente em torno de jogadores, treinadores e até dirigentes mas duradouramente em torno dos símbolos que permitem aos clubes construírem as suas identidades.
E a camisola é o mais vísivel desses símbolos e aquele que os adeptos mais gala fazem em usar imitando os seus ídolos e mostrando a sua paixão pelo clube.
Depois há outros símbolos.
O emblema, a bandeira, o hino, o estádio.
Mas a camisola é realmente o mais visível e aquele que permite a identificação imediata entre adepto e clube.
Nos tempos moderno todos sabemos a importância do merchandising nas contas dos clube e a forma como os fornecedores de equipamentos procuram disponibilizar todos os anos novos vestuários que justifiquem novas compras e portanto maiores receitas.
Por isso se passou do equipamento principal mais o alternativo (obrigatório) para um terceiro equipamento e há inclusive clubes que tem um quarto equipamento como é o caso de Real Madrid, Manchester United ou Sporting.
São estratégias de marketing perfeitamente compreensíveis.
O perigo é o peso económico dos fornecedores de equipamentos  mais as suas estratégias de venda contribuírem para descaracterizar os clubes e porem em causa alguns dos seus símbolos fundamentais.
Como a camisola.
E se ninguém discute que segundo, e especialmente terceiro equipamento, possam ser originais e mudar ano após ano já no que à principal camisola concerne aí as coisas fiam mais fino e a maioria esmagadora dos adeptos não admite desvirtuação dos seus símbolos históricos.
Vem isto a propósito da anunciada (veremos se usada...) camisola do Barcelona para 2015/2016 em que as tradicionais riscas verticais são substituídas por riscas horizontais naquilo que é uma completa subversão de mais de 100 anos de História do clube imposta por estratégia de marketing da Nike.
Duvido muito que os adeptos do Barça permitam semelhante "profanação" da sua camisola (lembro-me que algures em 1996/1997 a Kappa fez uma camisola do Barcelona com umas finas listas brancas e a rejeição dos adeptos foi de tal ordem que tiveram de a mudar) mas não sei até onde vai nos tempos que correm a margem de manobra do clube perante a vontade do fornecedor/patrocinador.
É contudo um alerta que fica e que deve fazer pensar os dirigentes dos clubes quando assinam compromissos comerciais.
Nos símbolos não se toca.
Porque eles fazem parte da identidade dos clubes e sem identidade os clubes não tem futuro.
Depois Falamos

2 comentários:

  1. Ah, meu Caro Amigo: o futebol tem tantos adeptos, e eu sou um, mas tem tanto que se lhe diga! Estou cada vez mais incomodado pelo financiamento dos clubes, que têm abusado , colocando-se em situação de falência quando ultrapassam os limites da segurança financeira.

    Gastar mais que o que se ganha é um equilíbrio perigoso, em todas as circunstâncias : família, empresa e Estado... e clubes de futebol.

    Quando o PSG recebe 200 milhões de euros todos os anos, muito acima do que se pratica no futebol, indispõe-me.
    Quando T-Mobile paga 30 milhões para aparecer nas camisolas do Bayern... Quando Qatar Foundation paga 57 milhões ao FC Barcelona...Quando Machester United recebe ou vai receber 61 milhões de Chevrolet...

    Mas sobretudo, Caro Amigo, quando o Qatar financia o terrorismo islamista ... como o Tesouro Americano provou recentemente, o PSG vive com o sangue dos mortos assassinados em Paris e na Síria.

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  2. Caro Joaquim de Freitas.
    Apenas posso estar de acordo consigo.
    Porque hoje há quantias obscenas envolvidas no futebol que não só distorcem a realidade das suas competições como para mais não servem do que "lavar" dinheiro sujo como nos casos que refere. O problema é que o futebol move paixões, aliena consciências e torna desculpável aquilo que noutras áreas de actividade é penalizado.
    E h+a muito boa gente que acha que quando o clube ganha tudo está bem. E isso acontece em Inglaterra, em Espanha,em França, na Itália e naturalmente em Portugal. e quando assim é torna-se difícil racionalizar uma actividade apaixonante, sem duvida, mas que vive perigosamente perto de uma alienação sem regresso

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