Um Caso Raro

Conheço o Hugo Costeira há muitos anos.

Como eu, embora com  a vantagem de ser bastante mais novo, é um militante da "causa laranja" e vem daí o nosso conhecimento.

Actualmente trabalha, como assessor, no grupo parlamentar do PSD na Assembleia da República.

E escreve.

Bem!

Publicou agora o seu terceiro livro.

E para a apresentação do mesmo, ocorrida esta semana em Lisboa, convidou como é normal muitos amigos, conhecidos, familiares e por aí fora naquilo que é comum autores e editores fazerem em circunstâncias idênticas.

A apresentação foi feita pela jornalista Marta Leite de Castro.

Entre esses amigos convidados pelo Hugo estava Pedro Passos Coelho.

Cuja relação de amizade vem de muito antes de um ser primeiro ministro (e líder do PSD) e o outro trabalhar no grupo parlamentar.

E Passos Coelho foi.

Encontrando na complexa agenda de primeiro-ministro o tempo necessário a estar na apresentação do livro do seu amigo Hugo Costeira.

Fê-lo na estrita qualidade de amigo, que é a mais valiosa e duradoura de todas, e não como primeiro-ministro de Portugal.

Apareceu discretamente, como qualquer outro convidado, e perante a surpresa de quase todos os presentes que estariam bem longe de pensarem que o iam encontrar ali.

Duvido que para além do Hugo, eventualmente do editor e certamente da segurança pessoal do PM mais alguém soubesse da presença dele no evento.

Sem jornalistas, sem a "corte" que o costuma rodear para onde que que vá, Pedro Passos Coelho pôde num fim de tarde tranquilo conversar, conviver, ser por algum tempo um cidadão como os outros.

E o caso raro é precisamente este.

Porque em circunstâncias idênticas qualquer autor ( e qualquer editora) dariam o máximo destaque à presença do PM no lançamento de um livro sabedores que isso chamaria dezenas de jornalistas, televisões e a sala em vez de ter as 30 ou 40 pessoas que teve teria certamente dez vezes mais.

Assim estavam apenas os que lá foram por amizade ao autor(entre os quais Passos Coelho)e não os que lá estariam por lá estar  o primeiro-ministro.

Bonito!

E num tempo em que sobre a politica pairam tantas nuvens negras, tanta suspeição, tantas imagens negativas acho que um caso destes merece saliência.

Em que o valor da amizade se sobrepôs ao dos interesses, das conveniências, do mediatismo.

Em que alguém que é primeiro ministro fez questão de estar num momento importante de um amigo que é assessor do PSD.

E em que alguém que é assessor do PSD valorizou a presença do amigo, como amigo e não como PM, e por isso não tirou dela o partido que podia ter tirado.

Um caso raro.

Muito raro.

Depois Falamos.

P.S. Imagino sem qualquer dificuldade que muitos daqueles que Hugo Costeira convidou para estarem presentes, e não estiveram para isso, devem agora "chorar baba e ranho".

É a vida...