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quarta-feira, setembro 10, 2014

Seguro 1 -Costa 0

Pese embora os frenéticos esforços de alguns comentadores para mistificarem o resultado parece-me evidente que Seguro o venceu claramente perante um Costa que nalgumas ocasiões deu a sensação de estar perfeitamente atarantado.
Com uma entrada a "matar", acusando Costa de deslealdade e traição, Seguro condicionou o oponente para o resto do debate em que Costa passou mais tempo a tentar justificar-se do que a apresentar aquilo que todos esperavam e que eram soluções concretas para a governação do país.
Aliás, e na linha do que vem sendo referido em vários comentários e artigos de opinião, cada vez se radica mais que para além das poses e das banalidades Costa não tem uma única ideia concreta para apresentar aos portugueses.
Não foi um bom debate, nem sequer um debate extremamente renhido porque Seguro dominou quase sempre, mas terá tido a vantagem de depois de expelirem a "bílis" sobre as questões internas os dois candidatos poderem nos próximos debates falarem daquilo que realmente importa .
Embora em minha opinião vá ser muito difícil a Costa inverter a tendência desenhada neste primeiro confronto.
Porque continuarem a falar de questões internas apenas fragiliza o PS e é um lavar de roupa suja que ao país pouco interessa.
E ao entrarem no caminho das propostas para o país já se percebeu que Seguro está mais à vontade que Costa e, no fundo, as ideias de ambos (partindo do principio de que Costa ainda conseguirá arranjar algumas ideias para apresentar) não podem ser tão diferentes assim ou não fossem eles do mesmo partido.
Há ,contudo, um erro que Seguro não pode voltar a cometer e que Costa ontem não soube aproveitar minimamente embora nessa resposta tenha estado melhor que o secretário-geral.
É impensável que um candidato a primeiro-ministro se comprometa, a um ano de eleições, sobre o não aumento de impostos.
E pior ainda que diga que se demite se não tiver outra alternativa.
A ultima coisa de que Portugal precisa é de um PM que perante dificuldades e problemas bata com a porta.
E essa frase, se Seguro se mantiver como SG, vai "persegui-lo" até ás legislativas.
Se Costa fosse o que os seus apoiantes acham que é esse momento e essa gaffe podiam ter resolvido o debate a seu favor.
Depois Falamos

P.S: Não gosto do estilo Judite de Sousa. E aquela de em nome do equilíbrio de tempos fazer uma pergunta a Seguro (sobre coligações) já depois de ele ter feito o seu (bom) minuto final não lembra ao diabo.

6 comentários:

  1. Francisco Guimarães10:49 da manhã

    Costa teria ganho (não o debate, mas sim a contenda) se a disputa se tivesse realizado uma ou duas semanas depois de ter anunciado que era candidato, assim, com tanto tempo passado e um verão morno a meio verifica-se que Costa está com mais "cara" de quem já está arrependido de ter dado a cara à luta do que de quem vai ganhar.
    É que Seguro tem e terá sempre o capital da legitimidade e de anos de "luta" (escaramuças, pancadinhas ligeiras vá) com o governo e Costa teria sempre de entrar "a matar" para derrubar esse capital seguro de Seguro.
    Ora como já se viu Costa não é pessoa para "atropelar" ninguém, antes pelo contrário, prefere o consenso e ir ao encontro das ideias dos outros.
    Mas é melhor, Costa é muito melhor do que Seguro, tem experiência governativa "central" e autárquica, tem carisma (a tal "pose"?), tem aliados fortes e tem força para cativar ainda mais (seja dentro, seja até fora do seu espectro politico).
    Tivesse ele também ideias claras para a governação do país (ou melhor, não sabemos ainda se as tem) e vontade de as declarar (forte e inequivocamente) e estaria já com esta eleição no papo e a outra a caminho...

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  2. Em Portugal, como noutros países, a social democracia, quando acedeu ao poder, foi a alavanca da tomada de poder quase total da grande burguesia de negócios, do progresso das ideias reaccionárias, da aceitação da inexorabilidade do recuo dos direitos dos trabalhadores.
    Não há portanto nada a esperar da social-democracia na luta contra o poder do sistema bancário e das grandes empresas, uma social-democracia que se alinha ao milímetro sobre as forças imperialistas do norte do planeta.

    Para os Portugueses, trata-se de saber se os socialistas se preparam a ceder o poder politico, portanto o poder do povo, à finança, submetendo ao mesmo tempo o social e o económico aos desideratos da burguesia conquistadora, ao ponto de fazer pagar por um povo curvado, desamparado, os erros irracionais das forças económicas desenfreadas.

    Ver quem é, entre os dois candidatos, aquele que terá mais o seu pé "borderline", isto é, que será mais disposto à colaboração com as forças dominantes , será o problema a resolver.

    Constato que os comentários deste primeiro debate focam a personalidade e o carácter, bom ou mau de cada um.

    Curiosamente, pensei num socialista francês conhecido, François Mitterrand,

    Num documento de 1978, no momento em que Giscard treme sob o peso dos diamantes, vê-se Mitterrand, numa cidade industrial do norte da França, acolhido por uma fanfarra operária que toca a "Internacional". Na tribuna, ele exprime-se sobre a planificação, o programa de nacionalizações que prevê, mais audacioso que o do General De Gaulle, . E depois vê-se Mitterrand cantar o hino da revolução proletária , uma rosa na mão.

    Cinco anos mais tarde, ele escolherá a Europa, isto é o capitalismo financeiro, contra os trabalhadores, ajudado por Jacques Delors, antigo empregado bancário, e Pierre Borogovoy, filho dum russo branco , fresador desde a idade de 16 anos, resistente, membro fundador do PSU.

    O seu protegido, François Hollande terá duas obsessões principais, idênticas às de Tony Blair antes dele : o alinhamento da politica francesa sobre a dos EUA e a redução do "custo do trabalho", através duma politica económica da oferta, directamente inspirada da "reganomics", ela mesma produzida pelo pensamento de Friedman e Hayek.

    Ver qual dos dois candidatos será o primeiro a querer desbaptizar o partido "socialista" , depois de fazer uma campanha de "esquerda", afim de pôr em prática politicas de direita, tal é a grande questão.

    Nao sei como traduzir exactamente, mas dizemos cá, em terras de França que : "« Quand c’est flou, c’est qu’il y a un loup », "Flou" vem do verbo "flouer" , intrujar, vigarizar! Ou seja: " Quando é confuso é que há algo que se esconde".


    Freitas Pereira

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  3. Caro Francisco:
    Concordo com a sua opinião quanto à perda de elan de Costa.
    Aliás nesta campanha interna dá-me a sensação de que ele perde terreno todos os dias depois de arrancar com enorme vantagem.
    Acontece que Costa tem sobre ele o "pecado original" da falta de lealdade a um líder que vinha ganhando eleições e essa mancha não vai sair de cima dele até ao fim da campanha. Não estou de acordo consigo quanto ao carisma de Costa. Ou melhor quanto à subsbtância que sustente esse carisma.
    Porque saindo da sua zona de conforto constituída por frases feitas em jantares de apoiantes, pela "Quadratura do Circulo" onde é levado ao colo, ou pelo lobby da imprensa de referência que o promove todos os dias, resta muito pouco.
    A pose, as banalidades, o praticar diariamente a célebre frase "o que hoje é verdade amanhã é mentira".
    Caro Freitas Pereira:
    No essencial, e creio que toca nisso nos exemplos que citou, não há grande diferença entre estas duas faces da mesma moeda.
    Ideologia, percurso politico, curriculum de vida são realidades que os aproximam e não os afastam. Se algum dia um deles chegar a primeiro ministro(o futuro o dirá)logo poderemos confirmar se seguem o exemplo dos camaradas franceses que citou. Provavelmente...sim. E nesse aspecto parece-me que Costa está muito mais próximo de Miterrand do que Seguro.

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  4. Costa ainda não se deu conta por que ainda não pontuou, Sr. Luís Cirilo. O que lhe interessa é o momento e não o passado. Qualquer coisa sem passado precisa do presente para construir passado. Para além de especialista em facadas nas costas, também no sentido de oportunidade António Costa se contradiz em nome de algo que continuo sem entender com clareza quem o empurrou para este sarilho.
    Diria que o carácter de José Seguro é bem mais confiável. É o tipo de líder de oposição que gera mais simpatias. António Costa é um abutre de carimbo ministerial da escola socrática. Caso ele chegue ao Governo, o esforço do PSD nestes últimos anos vai todo por água abaixo. Costa é um pesadelo de dívida externa sem fim à espera de um eleitorado a dormir.

    Quim Rolhas

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  5. Na minha opinião, não há duvida nenhuma que Seguro, foi muito inteligente ao “engendrar” estas Primárias.
    Caso tivesse aceite o desafio de Costa, para convocar um congresso para eleição do novo SG, Seguro tinha perdido e por muitos.
    Com isto, não só ganhou tempo para que a máquina do partido, que também domina, consiga “angariar” simpatizantes (até os mortos se inscrevem), mas também para que com próprio tempo Costa se fosse fragilizando.
    E o que à partida seria uma derrota estrondosa, tornou-se numa eleição muito “renhida”, e neste momento ninguém arrisca um vencedor.
    Independentemente do resultado, acho que este desafio fez muito bem a Seguro, pois despertou um “outro” Seguro, alguém forte, convicto, dinamizador, alguém muito diferente daquele líder da oposição mole, xoxinho, diria mesmo fraco, dos ultimos 3 anos.
    Caso ganhe, se esta postura será para continuar ou não . . . depois falamos :) 

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  6. Caro Quim Rolhas:
    Sou exactamente da sua opinião quanto à personalidade de cada um. Veremos o que os socialistas decidem. Militantes e os mais de 75.000 simpatizantes apressadamente inscritos.
    Caro Luís Costa:
    Acho que depois de ontem Seguro entrou numa dinâmica de vitória e Costa vai ter de escolher entre contra atacar (correndo o risco de se espalhar) ou de tentar conter as perdas esperando chegar ás eleições em vantagem. Vai ser divertido de ver

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