Páginas

sexta-feira, setembro 19, 2014

Não

Ao contrário da icónica imagem (decalcada da de Iwo Jima)a Escócia não hasteou ontem o pavilhão da sua independência.
Por vontade livremente expressa de uma maioria clara dos escoceses que por 55% dos votos expressos manifestaram a sua inequívoca vontade de continuarem a ser parte integrante de um Reino Unido onde estão desde 1707.
E quando assim é nada a dizer.
Um referendo democrático, uma taxa de participação elevadíssima (85%), uma campanha serena e civilizada, um resultado claro.
Exemplar.
Resta agora esperar que as promessas de Londres quanto ao reforço de poderes autónomos sejam uma realidade rápida (muitos escoceses terão votado "não" com base nesses compromissos do governo de David Cameron)e que a Escócia consiga ultrapassar as divisões que uma questão desta envergadura sempre provoca.
Naturalmente que o resultado deste referendo provocou um profundo alívio, por razões fáceis de identificar, nalgumas capitais europeias.
Para Londres, Madrid, Bruxelas, Roma e Berlim o dia de hoje é de sol.
Mesmo que chova.
Depois Falamos

P.S. Para Washington também.
Vá-se lá saber porquê mas  Barak Obama e Bill Clinton também intervieram a apoiar o "não".
Geoestratégias...

9 comentários:

  1. "Por vontade livremente expressa de uma maioria clara dos escoceses" ... esta frase não é verdadeira. Pelo que sei, centenas de milhares de escoceses não puderam votar (os que vivem no estrangeiro) ao contrário de milhares de estrangeiros que só por estarem a residirem na Escócia votaram!

    E eu se fosse espanhol não estaria tão sossegado. Os catalães, se lhe deram a hipótese de votarem, não o vão fazer com a carteira ou amedrontados como fizeram os 'escoceses'.

    ResponderEliminar
  2. Zeca Diabo10:50 da manhã

    Um dia destes, temos os "bascos" os "catalães" e quem sabe, talvez os "galegos".
    Nós por cá, ainda não chegamos á Medeira...

    ResponderEliminar
  3. Caro MF:
    O referendo foi feito com regras de há muito definidas. Não me compete discuti-las ou sequer valorá-las.
    Quanto à Catalunha acredito que num referendo o "Sim" vencerá.
    Caro Zeca Diabo:
    Nem chegaremos. Os madeirenses sabem bem que tem de existir quem pague as contas

    ResponderEliminar
  4. Eu não pus em causa as regras do referendo, apenas o facto de quem decidiu não foram somente escoceses. Muitos portugueses também votaram!
    Logo a frase correcta seria: "Por vontade livremente expressa de uma maioria dos habitantes da escócia". Apenas um pormenor, mas um pormenor importante :)

    ResponderEliminar
  5. Caro MF:
    Ok. aceito perfeitamente o reparo.
    Que faz todo o sentido

    ResponderEliminar
  6. L'"establishment" britânico e europeu, e mesmo americano, manifesta grande satisfação pelo "NO" dos Escoceses. Todos temiam o efeito de dominós na Europa se o resultado fosse outro.

    Os Escoceses ganharam a partida, mesmo assim, porque obtêm mais largos poderes.

    Mas o que me intriga é o facto que os Ingleses, quero dizer os habitantes da Inglaterra, não se sintam inferiorizados em relação aos Escoceses, Gauleses e Irlandeses, que têm todos o seu Parlamento próprio, ou seja o poder legislativo, enquanto que a Inglaterra é a única nação do Reino Unido que não tem o poder legislativo próprio.

    Ainda mais: Na Câmara dos Comuns, os legisladores escoceses, gauleses e irlandeses podem votar todas as proposições de leis, mesmo aquelas que não concernem os seus "países"!

    Por exemplo: a privatização parcial dos hospitais ingleses foi votada pelos escoceses, gauleses e irlandeses! Mas na Escócia não !

    Outro exemplo: O aumento do preço das universidades inglesas foi aprovado pelos ingleses e os irlandeses, mas não pelos escoceses! Mas na Escócia, a universidade é gratuita!

    Os ingleses são realmente "fair play" ! Como se lhes dissessem : " Sê Inglês a cala-te" !

    ResponderEliminar
  7. Caro Freitas Pereira:
    Caso para dizer que são as teias que o referendo estabeleceu.
    É realmente estranho que os ingleses aceitem toda essa situação mas algo haverá que o explique seguramente.
    Quem sabe se o petróleo do mar do norte...

    ResponderEliminar
  8. Explicações ? Claro que há, Caro Amigo! Sabe, não é tanto o facto que os Escoceses que disseram "yes" estejam tristes de terem esperado 300 anos para este resultado. Não, o que me faz sorrir é o facto que Obama viesse ao socorro da Rainha do Reino Unido! Ele, o presidente do pais que deu a primeira "facada" no matrimónio imperial! Obama regozijar-se do "No" escocês, através dum "tweet! O pais que combateu as armas na mão pela sua independência! Porque é que Obama veio meter o nariz neste assunto que não lhe diz respeito ? Acesso de paternalismo?
    O vassalo britânico apreciou de certeza o apoio do soberano americano!
    Claro que o vassalo não esqueceu a humilhação do Canal de Suez.
    Estamos habituados a ver o caniche britânico passar atrás do mestre americano. Cada vez que a pérfida Albion se afasta da linha do mestre , o mestre aproxima-se de Paris ou Berlim em função dos seus interesses económicos ou militares.
    Assim, o RU decidiu jogar no segundo plano, transformando-se no cavalo de Troia dos EUA na Europa. Por exemplo, agente do Departamento de Estado em Bruxelas , Londres bloqueia todas as ambições da Europa que poderiam ameaçar a supremacia e o monopólio da NATO. E compreende-se melhor que Obama estivesse preocupado que o seu melhor agente na Europa tivesse perdido um terço do seu território ... e da sua importância!
    Porque um "NO" seria grave. Muito grave. O acesso ao Mar do Norte e ao Árctico, sobretudo se as ilhas Shetland, Orcades e outros arquipélagos seguiam o mesmo caminho de Edimburgo. Ponto de passagem dos submarinos nucleares ... Adeus aos recursos energéticos britânicos! E adeus à base nuclear de Glasgow !
    Os gritos e as lágrimas de David Cameron são compreensíveis!

    ResponderEliminar
  9. Caro Freitas Pereira:
    Eu próprio estranhei essa ingerência, absolutamente despropositada, do presidente dos EUA e de um seu antecessor numa questão interna do Reino Unido. Com a ironia que tão bem refere de os EUA terem sido os primeiros a irem embora do Império Britânico. Tempos difíceis estes emk que a soberania é um conceito de cada vez mais difícil interpretação.

    ResponderEliminar