Antas...1976

Nunca esquecerei aquela tarde de 13 de Junho de 1976.
O estádio das Antas quase cheio , grande maioria de vitorianos sobre boavisteiros, um calor de Verão.
O Vitória chegara à final eliminando o Porto nos 1/4 de  final e o Sporting nas meias finais (num jogo dramático no nosso estádio com direito a prolongamento) enquanto o Boavista ultrapassara o Estoril e o Setúbal nas mesmas fases eliminatória.
No nosso banco dirigia Fernando Caiado e no do Boavista estava José Maria Pedroto.
Na tribuna presidia o então primeiro-ministro o almirante Pinheiro de Azevedo.
Duas equipas recheadas de excelentes jogadores.
Pelo Vitória nomes que fizeram história.
Rodrigues,Alfredo, Rui Rodrigues, Torres,Osvaldinho, Ferreira da Costa,Almiro, Abreu,Pedrinho,Tito e Rui Lopes. No decorrer do jogo também entraria Bernardino Pedroto.
Pelo Boavista destacavam-se nomes como João Alves, Salvador, Botelho, Mané e Francisco Mário.
A arbitrar, infelizmente, António Garrido.
Que apenas um ano atrás nos tinha arredado da Europa, face ao mesmo adversário, numa arbitragem tão tendenciosa que levou a indignação dos vitorianos a sitiarem-no nos balneários do estádio até altas horas da noite e a queimarem-lhe o carro.
Era o último árbitro que podia arbitrar aquele jogo.
Mas arbitrou.
Sabendo-se depois que o fizera devido a pressões exercidas pelo próprio junto do Conselho de Arbitragem que até tinha nomeado outro árbitro mas acabou por o substituir por Garrido.
Percebeu-se,depois, porque estava Garrido tão interessado em arbitrar a final.
A história desse jogo foi uma vergonha que o país viu.
O Boavista adiantou-se no marcador com dois golos de Salvador, o Vitória reduziu por Rui Lopes, e Garrido perdoou ao Boavista três claras grandes penalidades sobre Pedrinho, Tito e Almiro.
Esta ultima foi mesmo à minha frente(assisti ao jogo no topo sul)e foi das mais escandalosas que me lembro de ver em quase 50 anos a ver futebol.
Com o resultado em 2-1 ,e o Vitória a dar um "banho de bola", Almiro entrou na área em dribles e foi literalmente emparedado pelo guarda redes Botelho que lhe agarrou os pés e pelo central Carolino que o agarrava pela camisola deixando o nosso jogador literalmente suspenso no ar (também não era muito pesado) e sem qualquer hipótese de dar sequência à jogada.
Garrido a meia dúzia de metros viu claramente o lance e mandou seguir a jogada.
Estava consumado o "crime"
O Boavista recebeu a taça (ganhá-la é algo bem diferente...) mas o Vitória saiu das Antas com um triunfo moral(que não serviu para nada como é evidente) e com uma inimizade de vida.
António Garrido.
Que a então direcção(e as que se lhe seguiram) do Vitória vetou como árbitro de jogos do clube para todo o sempre.
Já no final de carreira, e querendo retirar-se sem a "mancha" de estar vetado por um clube, Garrido terá desenvolvido diligências para apitar um jogo do Vitória no seu ano de retirada.
A direcção do Vitória, já presidida por Pimenta Machado, recusou!
E fez muito bem.
Podemos perdoar, especialmente na hora da morte como agora sucedeu a António Garrido, mas esquecer quem nos faz mal...Nunca!
Memória de um jogo há trinta e sete anos atrás mas que ainda hoje está presente nas recordações de todos os vitorianos que a ele assistiram.
Depois Falamos.