Praticado por milhões e seguido por milhares de milhões ele é fonte de atracção para imensas crianças que desde a mais tenra idade se habituam a ouvir falar de futebol, de clubes e dos principais jogadores que nos seus sonhos infantis esperam poder imitar um dia.
Mas o futebol é também negócio.
De milhões.
E perigoso se não for bem gerido nas expectativas que gera nas crianças, mas também nos pais e famílias.
Hoje, para além da formação desde sempre existente nos clubes,proliferam as "escolinhas" de jogadores onde as crianças praticam desporto e simultâneamente aprendem os princípios básicos do futebol que mais tarde lhes poderão servir(ou não) para darem outros passos na modalidade.
No futebol, a partir dos seis anos de idade (ás vezes menos), não há problemas de oferta para quem o julgue poder ter como opção de vida futura.
De forma clara ou mais ou menos oculta existe toda uma "industria" vocacionada para alimentar sonhos de crianças (e expectativas dos pais) no sentido de que um dia poderão ser como o Ronaldo ou o Messi se derem os passos certos nesse sentido.
E se o facto de as crianças acreditarem nisso não é particularmente grave porque ter sonhos faz parte da infância muito pior é existirem pais que entranham essa convicção e depois, em nome dela, se tornam os piores "carrascos" da infância e adolescência dos seus filhos.
Porque muitas vezes, e muito mais que as próprias crianças, se convencem que os filhos vão ser grandes jogadores e ganharem muito dinheiro que proporcionará a toda a família um futuro abastado e sem preocupações.
Um PPR (Plano Poupança Reforma) em forma de bola de futebol.
E em nome disso exigem aos filhos, pressionam os seus treinadores, chateiam os dirigentes dos clubes e das "escolinhas" quando eles não conseguem ver o "Ronaldo" que tem pela frente.
É um problema que não cessa de crescer.
O dos pais, virados empresários de jogadores, que não cessam de negar uma infância e uma juventude normal aos seus filhos em nome de um sonho que na esmagadora maioria dos casos não terá nunca pernas para andar e corre o sério risco de acabar em pesadelo.
Porque "Ronaldos" e "Messis" há dois, depois existem um dezena de jogadores excepcionais, umas dezenas de jogadores muito bons e umas centenas de bons jogadores.
A partir daí é a banalidade.
No talento e no salário.
E para chegar a esse patamar, mesmo o das centenas, há centenas(mas de milhares) que o tentam mas não conseguem nunca.
Acho que toda a gente, mas muito especialmente os que sabem o que é o futebol, lúcida e sensata tem a obrigação de fazer uma pedagogia insistente em volta deste tema.
Um filho não é um PPR.
E o talento para ser um jogador de eleição não se compra nem faz.
Pode aperfeiçoar-se,é verdade, mas nasce com os predestinados para isso.
Deixemos as crianças serem crianças, preocupemos-nos em lhes dar a educação e o ensino que serão as suas ferramentas fundamentais para enfrentarem a Vida, e aqueles que tiverem de ser futebolistas profissionais que o sejam quando já tiverem essas ferramentas asseguradas.
Já todos conhecemos demasiadas desgraças em torno de sonhos insensatos e ambições desmedidas.
Depois Falamos.
Isso mesmo, Sr. Luís Cirilo.
ResponderEliminarO importante é que todos tenham igualdade de oportunidades, sejam felizes e também incentivados desde o berço. Talvez uns mais do que outros, mas sempre, como sabemos, sob a orientação tendenciosa e interesseira dos pais e a opinião isenta dos profissionais de futebol.
Quando os pais são mais entusiastas que os filhos e decidem que só eles têm razão, é que tudo começa a correr mal, tal como descreve e bem no seu comentário.
Todos sabemos que a maioria dos melhores jogadores tiveram pais exigentes que lhes incutiram o gosto pela modalidade até quase raiar o exagero. Se vale a pena? É uma incógnita. Uns fazem pelo PPR deles próprios e outros por um Projeto de Progresso para o Rapaz (PPR), que depois vai dar ao mesmo. A diferença é pouca e fica diluída com o orgulho que sentem.
Em quase tudo, Sr. Luís Cirilo, por tentativa e erro chega-se lá. Mais depressa se chega quando se quer atingir um objetivo misturado com trabalho, ambição e paixão. E no futebol, a repetição leva à perfeição. Só que o talento de alguns felizardos dá-lhes menos tempo de aprendizagem que a maioria de nós precisaria uma vida inteira.
Quim Rolhas
Os paizinhos dos putos, são os futuros empresários da bola.
ResponderEliminarComeça logo aí, o bichinho maluco da bola com Euros.
Depois de pressionarem técnicos, dirigentes e outros, chegam a casa ainda "cascam" nos miúdos.
A seguir espreitam outros clubes, e logo viram agentes.....
Sei do que falo, conheço já alguns casos.
Caro Quim Rolhas:
ResponderEliminarComo em tudo na vida é essencial haver equilibrio. Que é o que falta a alguns pais na hora de olharem o futuro dos filhos.
Mas há excepções.
Recordo que nos meus tempos de VP do Vitória um dia resolveu-se fazer contrato profissional a um jovem da equipa júnior. Como era menor os pais vieram assinar o contrato e à frente do filho (e de mim e do Flávio) foram muito claros. A prioridade era tirar um curso superior e o futebol teria de ser compatibilizado com os estudos. O míudo ficaria no clube enquanto o clube o quisesse (viesse quem viesse) e só depois de licenciado e de acordo com o Vitória se poderia pensar numa transferência caso aparecessem propostas irrecusáveis. sinceramente fiquei muito bem impressionado com os pais e com a forma como o filho assumiu esse compromisso. E com pena que os pais dos jovens futebolistas não sejam todos assim.
Caro Anónimo:
Eu também.
E até conheço pais de futebolistas profissionais que tem comportamentos desses.
"Os paizinhos dos putos, são os futuros empresários da bola"
ResponderEliminarNo meu modesto entender é bem melhor serem os pais os empresários do que indivíduos cujo fim principal é viver à custa dos jogadores.
P.S. - Não tenho interesse no assunto por motivos óbvios.
Caro Anónimo:
ResponderEliminarPais como os descritos no texto e comentários não servem para empresários. Nem sequer para pais.