Vi jogar algumas vezes Mário Coluna.
Num tempo em que a televisão não era o que é hoje apenas assisti a jogos seus quando o Benfica ia a Guimarães ou nas raríssimas transmissões televisivas essencialmente de jogos da selecção nacional.
Como no mundial de 1966.
Dele recordo um médio de grande capacidade física, excelente técnica, que jogava no campo todo e marcava regularmente golos.
Diria que era um jogador "adiantado" para a época dado que jogava com uma amplitude incomum para os médios da altura mais próximo daquilo a que mais tarde se viria a chamar o futebol total.
Ele ,com Eusébio e Matateu, formou um trio extraordinário de jogadores nascidos em Moçambique que brilharam no futebol português a grande altura e que no caso dos dois primeiros estenderam esse brilho ao futebol europeu e mundial.
Mas o que recordo essencialmente de Coluna, o senhor Coluna como os colegas respeitosamente lhe chamavam, é a capacidade de liderança que fez dele o mais emblemático capitão de equipa e de selecção que o futebol português conheceu.
Era um líder dentro e fora dos terrenos de jogo.
E isso granjeou-lhe o respeito de colegas e adversários.
Conheci Mário Coluna anos atrás.
Estava então no governo civil de Braga, e um associação de invisuais da Póvoa de Lanhoso liderada pelo Domingos Silva, resolveu homenagear os"magriços"de 1966 com uma sessão solene e um almoço.
Estiveram quase todos.
Coluna, Eusébio, Simões, José Augusto, Alexandre Baptista, Figueiredo entre outros.
No almoço fiquei ao lado de Mário Coluna, que na qualidade de eterno capitão daquela selecção convidara para a mesa da presidência, e tive oportunidade de com ele conversar sobre a sua carreira, sobre os colegas,o Benfica e a selecção.
E nessa conversa encontrei o homem sereno, ponderado, com um sentido de humor muito próprio, que correspondia à imagem que dele construira ao longo de muitos anos.
Achei piada ao facto de no fim de almoço os outros jogadores, com Eusébio à cabeça, virem pedir autorização ao senhor Coluna para se levantarem da mesa.
Não sei se o faziam por brincadeira em memória dos seus tempos de jogadores em que o terão feito centenas de vezes ou por um hábito que nunca se perdera.
Fosse pelo que fosse pude confirmar que a par da amizade e da camaradagem existia um respeito profundo pelo senhor Coluna.
O grande capitão.
Depois Falamos.
P.S. Aqui tenho criticado muitas vezes o Benfica. Mas a comitiva que acompanhou Luis Filipe Vieira ao funeral constituída,entre outros, pelos ex colegas Simões, José Augusto, José Henriques, Cruz, Mário João(foram os que vi mas estariam mais)foi um gesto de grande respeito por Coluna e um momento que correspondeu à grandeza do Benfica em que ele jogou.
Mário Coluna era um grande homem, grande capitão e um grande futebolista com uma precisão de passe incrível.
ResponderEliminarMerece um lugar no Panteão Nacional, de prefreência em Portugal, ao lado do Eusébio!
Raul Mascarenhas
Caro Raul:
ResponderEliminarNem tanto. Ou por este andar a FPF vai ter de mandar construir um Panteão só para o futebol
O problema em po-lo no Panteão vai ser translada-lo para cá e convencer a Assunção Esteves a abrir os cordões á bolsa.
ResponderEliminarTenho muitas dúvidas. Desde já, espero que reservem no Panteão um lugarzinho para o Ronaldo e para o Figo. - José Esteves
LOL, lol... LOL!
ResponderEliminarPatrícia Brito
Caro Anónimo:
ResponderEliminarDeixemos o Panteão sossegado