Escrevi sobre o meu primeiro congresso, sobre o meu primeiro (que também foi o do PSD) congresso no Coliseu e deixo agora umas linhas sobre aquele que foi, na minha modesta opinião, o congresso dos congressos.
O XVII congresso realizado a 17/17/19 de Fevereiro de 1995 também no Coliseu.
Contextualizemos.
Depois de 10 anos de liderança do partido e do governo, e pondo fim ao famoso "tabu", Cavaco Silva anunciara que não se candidatava a novo mandato no PSD e consequentemente a primeiro ministro nas legislativas de 1995.
Foi um imenso choque para o partido mas como a vida não para havia que encontrar uma nova solução de liderança.
Avançou Fernando Nogueira, que durante dez anos tinha sido o braço direito de Cavaco no partido, e quando se pensava que a solução estava encontrada eis que aparecem mais dois candidatos.
O jovem Ministro dos Negócios Estrangeiros, Durão Barroso, para muitos(acho que nunca se saberá ao certo) o favorito de Cavaco e Pedro Santana Lopes um "rebelde com causas".
Nogueira dominava o aparelho, Barroso a opinião pública, Santana era o favorito dos que entendiam necessária uma mudança radical depois de dez anos de "cavaquismo".
Se nesse tempo existissem "directas" acredito que Barroso teria ganho.
Mas o controle do "aparelho", a vários níveis e em vários momentos do congresso (alguns saberão bem do que estou a falar...), valeu a vitória de Nogueira.
Foi um congresso apaixonante.
Com intervenções de altíssima qualidade dos três candidatos, caprichando cada um em fazer ainda melhor do que aqueles que o antecederam, levando delegados e observadores ao rubro e "parando" o país em frente ás televisões a assistir ao congresso.
Pedro Santana Lopes terá sido o que mais brilhou com intervenções das melhores que jamais ouvi num congresso partidário.
Mas Durão Barroso e Fernando Nogueira estiveram igualmente muitíssimo bem.
Tal como outros oradores que marcaram esse congresso.
Eurico de Melo no apoio a Nogueira, Pacheco Pereira(é, nesse tempo ainda ia aos congressos...) com Barroso, Mendes Bota, António Pinto Leite,Passos Coelho, Leonor Beleza, Fernando Costa, Virgínia Estorninho, Miguel Veiga, António Capucho,Morais Sarmento,António Montalvão Machado,enfim alguns entre muitos que passaram pela tribuna do congresso e deixaram a sua "marca".
E houve a célebre intervenção Luís Filipe Menezes com a tirada dos "...sulistas, elitistas e liberais..." que incendiou o congresso e armou a maior confusão que me lembro de ver em quase 40 anos de congressos do PSD que levou inclusive à interrupção dos trabalhos.
Valeu a inspirada intervenção de Zeca Mendonça, por sua conta e risco, que resolveu o problema e serenou o congresso evitando males que podiam ter sido bem maiores.
No fim o partido escolheu Nogueira contra a vontade do país que queria Barroso.
O resto da história é conhecido.
Barroso teria de esperar ainda quatro anos até ser líder no congresso de Coimbra e Santana apenas nove anos depois, em Barcelos chegaria a uma liderança "minada" pelas circunstâncias a que a ela ascendeu.
Mas isso são contas de outro rosário.
Em 1995 no Coliseu tive o privilégio de enquanto delegado da secção de Guimarães ( a par de Barcelos as únicas do distrito com maioria de delegados a apoiarem Durão Barroso, no caso eu próprio e o dr Florentino Cardoso) assistir aquele que considero o mais espectacular congresso de sempre não só do PSD como de qualquer outro partido.
Depois dele os congressos partidários nunca mais seriam aquilo que tinham sido até aí.
Entravam numa nova e desafiadora fase de mediatismo total e de transmissões televisivas que mostram exaustivamente tudo que neles se passa.
Mas como o XVII congresso do PSD, no Coliseu em 1995. estou certo que nunca mais haverá nenhum.
Depois Falamos
P.S. E sobre congressos do PSD, por agora, fico-me por aqui.
Recordar estes congressos e estes protagonistas no tempo que corre é quase masoquismo...
Neste PSD só faz falta quem lá está. Quem não está, racha lenha.
ResponderEliminarRui Santos
Caro Rui Santos:
ResponderEliminarDiscordo.
Acho que todos fazem falta menos os que não querem estar.
Foi o seu amigo Luís Filipe Menezes que se saiu com essa. Está a responder-lhe, não a mim.
ResponderEliminarOs que não querem estar ou são presidentes da República ou foram expulsos do Partido ou estão em vias de o ser ou de se auto-excluirem.
É entender sua ausência à luz da solidariedade com os colegas de Sintra e do Sr. Capucho. A lealdade é muito preciosa como jogadas antecipadas de xadrez...
Enfim, o Dr. Luís Cirilo recorre a saudosimos para disfarçar o desejo de lá estar. É triste vê-lo nessa condição na hora em que o Partido mais precisava de si.
Rui Santos
Caro Rui Santos:
ResponderEliminarEstá no seu direito de fazer as suposições que quiser.
De resto o meu partido não precisa de ninguém em particular. Precisa de todos.