Chover no Molhado

 Hoje anuncia-se como o dia em que o conselho de jurisdição do PSD vai expulsar o militante António Capucho.
Não vou voltar a este assunto porque falar do actual PSD é cada vez mais "chover no molhado".
A sanção é a prevista nos estatutos, António Capucho sabia-o bem, e portanto quanto a isso nada a obstar porque os militantes por mais ilustres que sejam (e Capucho tem um curriculum politico e partidário brilhante) são iguais nos direitos e nos deveres perante o partido.
Claro que a montante existe um processo vergonhoso que foi o veto da CPN e da CPD/Lisboa á candidatura de Marco Almeida a Sintra (desejada e apoiada pela concelhia ) com a consequente oferta da câmara ao PS e a esse "camaleão" gigante chamado Basílio Horta.
Mas para os responsáveis dessa atrocidade politica (ainda) não há sanção!
Se hoje recordo este assunto é apenas porque ele é demonstrativo de um dos piores defeitos de um partido rico em qualidades e em militantes.
E esse defeito é uma tendência para a autofagia estimulada por homens cinzentos que se escondem nos bastidores do poder partidário e decidem, sem sanção, como muito bem lhes apetece e à revelia da vontade dos militantes.
O "pecado original" recente, porque outros houve no passado mesmo com Francisco Sá Carneiro, deu-se em 2005 com Pedro Santana Lopes.
E foi aí que a actual "desgraça" em termos partidários começou.
Todos nos recordamos que PSL depois de ter ganho em 1997 a câmara da Figueira da Foz (que o PSD nunca tinha ganho) correspondendo a um desafio do então líder Marcelo Rebelo de Sousa, viu-se desafiado pelo líder Durão Barroso para em 2001 se candidatar a Lisboa.
Contra o presidente de câmara do PS em coligação com a  CDU João Soares (e os tremendos lobbys da família Soares), contra o candidato do CDS e seu líder Paulo Portas, contra tudo e contra todos em suma.
Muitos teriam recusado.
Ele aceitou.
Ganhou!
Com o mandato longe do fim, e uma popularidade em alta entre os seus eleitores, viu-se "obrigado" a substituir como primeiro ministro Durão Barroso de partida para Bruxelas.
Sem poder ir imediatamente a eleições como era seu desejo.
Constituiu um (bom) governo à pressão, fortemente condicionado pelo Presidente da República, e que desde o primeiro momento foi "torpedeado" por vários militantes do PSD em nome de objectivos diversos que iam da liderança partidária a candidaturas presidenciais.
Resistiu.
Governou.
Foi "abatido" por uma cilada conjunta de Sampaio, de diversos nichos (há quem lhes chame "lojas") de poder, dos referidos militantes do PSD e de uma oposição liderada por Sócrates e promovida por quase tudo que era comunicação social.
Foi a eleições antecipadas.
Perdeu com um resultado superior a outros resultados com que outros lideres do PSD ganharam.
E aí o pior defeito do PSD (estimulado pelos homenzinhos cinzentos) veio ao de cima.
Em vez de se unir em torno de Pedro Santana Lopes e construir uma oposição forte ao (des)governo de Sócrates o partido tratou apressadamente de fazer um congresso para substituir um líder derrotado em nome de todos.
Deu nisto.
Em nove anos vamos no quinto líder.
E ninguém de boa fé pode dizer que o PSD está hoje melhor do que estava no tempo de Pedro Santana Lopes.
Por culpa própria.
E dos homenzinhos cinzentos.
Que de 2005 até agora , honra lhes seja feita, tem sido incansáveis no seu esforço de darem  cabo do partido.
Menos militantes activos(cotas pagas), muito menor actividade politica nas estruturas, um distanciamento cada vez maior entre bases e dirigentes, uma fractura grave com o país e até o anedótico( mas bem demonstrativo da realidade) valor das inscrições para delegados e observadores no próximo congresso.
O mais baixo de sempre.
E não é, de certeza, pela crise.
Por isso, e concluindo, com todo o respeito pelo dr António Capucho este episódio da sua anunciada expulsão é "apenas" mais um de um problema bem maior.
Que é o de um PSD cada vez mais distante do PPD que lhe deu o "ser".
Depois Falamos

P.S. Para que não restem duvidas reafirmo, uma vez mais, a minha total solidariedade pessoal e politica com António Capucho e Marco Almeida.
Neles teria votado se eleitor em Sintra.