Páginas

quinta-feira, janeiro 23, 2014

"Panteonar"

Imagem : Panteão Nacional (com photoshop)

Estava o país das homenagens e honrarias posto em sossego, esperando a habitual cascata de medalhas do 10 de Junho, quando repentinamente morre Eusébio da Silva Ferreira (que na sua juventude trabalhava em golos como mais ninguém) provocando uma emoção e um sentimento de pesar em todo o país de que só escapou aquela minoria de idiotas que não consegue perceber que há alturas em que a cor das camisolas não interessa.
Perante o falecimento de Eusébio, e entre as várias homenagens que lhe foram prestadas, surge a ideia de os seus restos mortais virem a ser transladados para o Panteão Nacional como forma de realçar o enorme contributo que ele deu para a imagem de Portugal no mundo.
Ideia que mereceu apoio consensual de todos os partidos parlamentares (mesmo com aquele triste episódio dos "custos" de que alguém falou sem fazer a mínima ideia do que estava a falar) mas que provocou um sobressalto nalgumas figuras da chamada esquerda invejosa.
Aquela que só gosta das honrarias para ela própria.
E então, horrorizados pela ideia de um futebolista ir para o Panteão, desataram numa busca frenética de figuras do seu agrado que também pudessem "panteonar" (aí está um contributo para enriquecer a já rica língua portuguesa) de imediato.
E foram aparecendo as sugestões.
De Sophia de Mello Breyner Andersen a Raul Rego imagine-se.
E lá chegaram à inevitável ideia de homenagearem o 25 de Abril de 1974 "panteonando" Salgueiro Maia!
Devo dizer que se algum capitão de Abril merece essa homenagem é precisamente Salgueiro Maia.
Que fez a revolução na linha da frente, onde o risco existia de facto, e depois voltou para o quartel e nunca quis nada que não fosse continuar a sua carreira militar.
Mas essa eventual transladação deve obedecer a dois requisitos fundamentais:
Ser uma homenagem do país, e não apenas de alguns gurus de esquerda, a Salgueiro Maia e ao próprio 25 de Abril.
Merecer o acordo prévio da família do homenageado cuja opinião é a única que deve contar na decisão final.
Porque, não respeitando estes dois princípios, vai ser preciso um "Panteão" como o da imagem acima generosamente aumentado em altura pelas maravilhas do photoshop (não sei o autor, "pesquei" a imagem na página de facebook de António Nogueira Leite)para satisfazer a "fúria" "panteonante" de alguma esquerda que por aí anda...
Depois Falamos

13 comentários:

  1. Sou contra que se deva pantear, panteonar ou apatetar entre quatro paredes os restos mortais de portugueses que se destacaram, seja em que área for, apenas e só no nosso País. Há que abrir as palas. Não concordo, em momento algum, que Presidentes da República corriqueiros sejam panteonáveis. Quem colocou Manuel de Arriaga, Óscar Carmona, Sidónio Pais ou Teófilo Braga no Panteão não foi o povo e teria coragem para lá colocar Ramalho Eanes, Jorge Sampaio, Mário Soares ou Cavaco Silva. Foi gente que gostava de fazer graçolas e que quis imortalizar um espécime de uma época que, em boa verdade se diga, são todos de uma época para esquecer a todos os níveis. O ditador Salazar que, de uma maneira ou doutra, evitou a fome generalizada e que Portugal entrasse na II Grande Guerra, merecia esse destaque. Mas também entendo que fique de fora. Os outros que lá estão, com ressalva para Almeida Garreth e Amália Rodrigues, enquanto houver espaço, concordo que as ossadas fossem cremadas e as cinzas depositadas em gavetas onde se pudesse guardar também os restos mortais de muitas outras individualidades futuras, cujos os critérios de selecção sejam mais rigorosos e restritos que todos os outros anteriores. Acabava-se com a falta de espaço.
    Isto é assim: se D. Afonso Henriques, Vasco da Gama, Pedro Álvares de Cabral, Luís de Camoes, Santo António, D. Nuno Álvares Pereira, entre outros, não se encontram no Panteão, por que haveriam de estar aqueles que lá estão? Os critérios de selecção para o Panteão nunca deveriam permitir que figuras inferiores a Eusébio, na área do desporto, ou a um José Saramago, Nóbel da Literatura, fossem parar a um panteão nacional. O destaque dado a essas figuras de vulto nacional deve ser merecido e unânime, pelo menos no Parlamento. Por exemplo, nunca concordaria que Rosa Mota ou Carlos Lopes fossem panteonáveis porque, apesar de terem sido vencedores Olímpicos da Maratona, assisti a esses feitos e não concordo com as suas personalidades, tanto nas suas convicções religiosas ou políticas. Regra geral, há que ter em conta a universalidade dessas vitórias ou feitos imortais, a personalidade, os valores, carácter humilde, o exemplo que transportam para o futuro, o reconhecimento internacional e a repetição desses feitos. Mais do Eusébio, e se não for sepultado dentro do Barnabéu, o comendador Ronaldo, quando morrer, deveria ir para o Panteão porque superou todas as expectativas passadas. Já seria absolutamente contra a colocação de um intragável José Mourinho ou do milionário frustrado Mário Soares no Panteão porque são indivíduos que trabalham ou trabalharam com o propósito de se enriquecerem. A eles e à família. Por outro lado, embora possa considerar a hipótese de Durão Barroso acabar por ir lá parar um dia especialmente por ter chegado ao maior cargo que um europeu político pode aspirar, é preferível esperar mais algumas gerações e não ter pressa em patear toda a gente que vai aparecendo. Temos tempo, pessoal! Como os mortos não fogem e o presente tolda-nos as ideias, entendo que o melhor é deixar essa iniciativa para as gerações vindouras, nunca antes de 50 anos após a morte! Eles que tenham iniciativa. Se entenderem ao fim de 50 ou 100 anos, façam o obséquio de avançar com essa distinção post mortem para não cairmos no ridículo de veremos lá presidentes da república como aqueles que já aqui referi. ***** Miguel Fernandes Gaudêncio de Brito

    ResponderEliminar
  2. Desde já peço desculpa por cometar num espaço que nada tem haver com o assunto, mas gostaria de saber para quando uma publicação, conforme prometido, acerca do reatamento de relações do Vitória com o clube de Braga.

    ResponderEliminar
  3. Custou-me a ler este comentário, mais do que o seu texto Amigo Cirilo. Porém, não posso deixar de concordar com o Senhor Miguel Gaudêncio. Os pantaleões, ou lá como se chamam aqueles que vão para o Panteão, deveriam ser cremados para que possam caber todos num espaço pequeninho. Era bonito também que se pusesse lá um migalheiro e umas velinhas electrónicas para quem quisesse gastar umas moedas e aquilo render sem haver necessidade de desviar verbas.

    ResponderEliminar
  4. Boa Noite,

    só para lhe dizer que eu sou um dos estúpidos...

    aquele abraço,

    Rafael

    ResponderEliminar
  5. Também concordo que a cremação resolveria não só a falta de espaço como se poderia baixar o critério dos seleccionáveis para figurar no Panteão.
    Há uma empresa nos EUA que transforma cinzas de restos mortais em diamantes. Neste caso ainda menos espaço seria necessário, se resolvessem cravejar as paredes com as cinzas dos portugueses mais ilustres.
    Adolfo J.

    ResponderEliminar
  6. Panteão Nacional = Igual a depósito de mortos ilustres. A maior parte deles um bando de trastes. Depende da posição (direita ou esquerda em que nos situemos).

    O próximo inquilino deveria ser um "sem abrigo" incógnito que representaria o ZÉ POVINHO que ao longo do tempo tem aguentado com TUDO, e encerraria.

    ResponderEliminar
  7. Caro Cirilo trabalho numa agência funerária e posso falar sobre o assunto.
    Diga lá à sua amiga presidente da Assembleia que uma transladação, a preços de Guimarães, faz-se a menos de 5.000 euros. Mais ou menos.
    Como é para o Estado, os meus colegas de Lisboa, carregam-lhe em cima com 800% a 1200% na factura que é para gerar lucros de dois anos.
    Se for cremado, o preço desce para muito menos.
    Ela disse que o preço para trasladar o Eusébio seria na ordem das dezenas de milhar, entre 40 a 50 mil euros!?? Ela está doida da cabeça, Caro Cirilo!
    Ouça lá, eu arranjo um coveiro por 150 euros. O serviço de transporte, faço-o eu, por 50 euros, desde qe me pague a viagem a Lisboa (ida e volta) por fora. O caixão, se for todo chumbado, vendo-o um todo à maneira por 2.500 a 3.000 euros, dependendo do feitio, da cora e do verniz. As flores, naturais ou plásticas, são por fora. As despesas de missa é com o Sr. Abade.
    Como vê, por menos de 5000 euros faço o trabalho.
    Se for cremado e posto numa jarra com tampo lacrado, sai o preço do caixão, aparece o preço de uma jarra, entre os 50 a 300 euros, à escolha, e o preço da cremação eu consigo lá perto por 150 a 250 euros.
    Tudo por 1000 euros e até incluo flores naturais até preencher o valor.
    A tudo isto, acresce o IVA à taxa legal.
    Se precisar dos meus serviços, comente aqui que que mando-lhe um e-mail.

    ResponderEliminar
  8. Olá,
    Posso?
    Gostaria dar a minha opinião.
    Sou a favor da cremação das ossadas se houver falta de espaço. Resolvesse o problema.
    Totalmente a favor de criação de cenotafio para portugueses que ainda não mereceram a honra de terem entrado para o Panteão Nacional, tal como D. Afonso Henriques, que recentemente foi considerado o português mais influente da nossa História.
    A Rosa Mota e Carlos Lopes já têm um pavilhão cada um. Já chega. Quanto ao Eusébio, ele nunca teve nada em vida. Só um salário de 15.000 euros e conta aberta na Adega da Tia Matilde.
    Bom trabalho Luís Cirilo
    Continue assim
    JF

    ResponderEliminar
  9. My Friend

    As decisões de alguém ir para o Panteão nunca deveriam ser tomadas ou submetidas a votação antes de se completar, no mínimo, um século após a morte da individualidade. O Sr. Gaudência tem razão.
    Alguém hoje poria Manuel de Arriaga, Óscar Carmona, Sodónio Pais ou Teófilo Braga no Panteão Nacional?
    Alguém da literatura colocaria de fora desse lote panteonável os escritores Camilo Castelo Branco, Eça de Queirós ou o ilustre Emídio Guerreiro por exemplo, descendente de sangue dos guerreiros ancestrais da nossa nobreza?
    E Egas Moniz? Gago Coutinho? Sacadura Cabral? Frei Bartolomeu dos Mártires? Salvador Ribeiro de Sousa? Entre tantos outros?

    PVC

    ResponderEliminar
  10. Quem costuma assear as campas do Panteão?

    Rosalinda

    ResponderEliminar
  11. Parece que o 25 de Abril ainda lhe faz comichão...

    ResponderEliminar
  12. Ó Luís, se fosses tu, quem mais panteonavas para além do Eusébio? Eu gosto de ouvir Luís Represas, mas por um poema famoso não concordo com a ida de Sophia de Mello Breyner para o Panteão.

    ResponderEliminar
  13. Caro Miguel Brito:
    Devo dizer que esta história do Panteão coeça a ser complicada de perceber. Porque se passou de uma situação de quase ostracismo a essa realidade para um frenesim a partir da morte de Eusébio.
    E duvido que algum dia exista consensos em volta do assunto.
    Talvez, como sugere, não seja má ideia alargar o prazo para intervalos maiores.
    Caro ON:
    A seu tempo.
    Caro Anónimo:
    Boa piada.
    Caro Rafael:
    Não desespere. A medicina faz milagres. Perceber a doença já é um passo.
    Caro Adolfo:
    è melhor não dizer isso em voz alta porque a troika pode ouvir.
    Caro Anónimo:
    Tipo "soldado desconhecido". não é má ideia.
    Caro ANónimo:
    Registo a oferta e o humor.
    Caro JF:
    É dificil agradar a todos.
    Caro PVC:
    Lá está, é muito dificil encontrar critérios que agradem a todos.
    Cara Rosalinda:
    Não faço ideia.
    Cara Cristina:
    Não faço ideia porque nunca me dediquei a pensar nisso. Há para aí alguns que "panteonava" mas era para me livrar deles...

    ResponderEliminar