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sexta-feira, dezembro 20, 2013

Velhos? Os Trapos!

O nosso futebol é "sui generis" em muitas coisas de que tenho falado neste espaço com alguma regularidade.
Uma delas, e das mais penosas do ponto de vista humano e desportivo, é a rapidez com que os adeptos "envelhecem" os jogadores uma vez atingido o patamar dos trinta anos.
Os adeptos e a imprensa, manda a verdade dizê-lo, já que aos jogadores nessa faixa etária costumam apelidar de veteranos o que na linguagem futebolistica significa pouco mais (ou melhor) do que pré reformado !
Pessoalmente, e depois de mais de quarenta anos a ver futebol, tenho a certeza consolidada de que a idade de um jogador se vê apenas pelo rendimento em campo e nunca pelo bilhete de identidade que é aquilo que de mais enganador existe.
Até porque o futebol está cheio de jogadores "velhos" aos vinte anos e jovens aos trinta e muitos face à forma como encaram a profissão e se entregam á sua prática.
Porque sendo verdade que o avançar dos anos retira algumas faculdades é igualmente verdade que dá a experiência e o "savoir faire" que compensam a referida perda.
Javier Zanetti e Ryan Giggs, os jogadores retratados no cromos acima reproduzidos que retratam os últimos vinte anos das suas carreiras,jogam no Inter de Milão e no Manchester United dois colossos do futebol mundial.
Tem ambos 40 anos e não são guarda redes.
Mas jogam mesmo.
Com regularidade.
Menos vezes que no auge das carreiras mas ainda assim fazendo dezenas de jogos por ano e com elevado rendimento sem o qual, aliás, não integrariam essas equipas.
Em Portugal já teriam sido postos de lado há muito tempo por serem "velhos" como tantos outros o foram prematuramente com perda para as suas carreiras e para o futebol nacional que se viu privado dos seus talentos e da mais valia que constituíam.
E por isso é tempo de os clubes, de forma firme  e pedagógica, iniciarem uma revolução de mentalidades que leve as pessoas a avaliarem os desempenhos dos jogadores exclusivamente pelo que mostram em campo e deixarem de considerar o bilhete de identidade como critério.
Convençamos-nos todos que um jogador que seja um bom profissional, que interiorize que o seu corpo é a sua ferramenta de trabalho e o preserve nesse sentido, e que seja poupado a lesões muito graves pode perfeitamente jogar até aos 36 ou 37 anos (no mínimo) sem perda de rendimento.
Depois Falamos

5 comentários:

  1. Caro Sr. Luís Cirilo

    Deu um exemplo real no que respeita ao futebol, mas também poderíamos transportar essa mentalidade para qualquer outra profissão.
    Como sabe, a nossa sociedade hoje rege-se muito pelo bilhete de identidade. Há bons artistas e excelentes operários nas suas categorias profissionais que, chegados à idade dos 40, são considerados velhos e incapazes, esquecendo-se a sua mais valia em termos de responsabilidade e capacidade, já não falando da prática adquirida ao longo de vários anos.
    Esta mentalidade que se enraizou nos tempos modernos, é o sintoma de um profundo desrespeito pelos mais velhos que era necessário erradicar da sociedade contemporânea.

    E já que estamos na época natalícia, desejo-lhe um Feliz Natal, e um Ano Novo cheio de saúde para "depois falar" durante muitos e bons anos.

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  2. Sr. Luís Cirilo

    Falha minha da qual me penitencio, não assinei o comentário anterior.
    Cps
    S. Guimarães

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  3. É complicado, Caro Cirilo. Pode haver uma ou outra excepção, mas os clubes não querem ver o tempo a passar à espera que uma lesão se cure. Quanto mais jovem é o jogador, menor é o tempo de recuperação. Todos nós, os mais velhos, sabemos isso. As dores de uma pancada que sofremos aos 40-50 anos, demoram de 7 a 10 dias a passar. Cada ano é pior.
    Caro Cirilo, para eleucidar melhor, lembro-me que aos 20 anos, namorava duas moças ao mesmo tempo. Fazia voluntariado em casa de uma viúva adorável a caminho de casa. E nunca chegava a casa cansado. Hoje, desses tempos, pergunto-me com saudade como era possível ter tanta pedalada? No futebol é a mesma coisa. Para mim, aos 33-35 anos, um jogador dá o badagaio em quase todas as suas faculdades. A lei da termodinâmica é quilhada, Caro Cirilo. Nem o Ronaldo vai escapar, infelizmente. A fama ainda resiste à longevidade, mas o corpo não.
    Vamos falando

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  4. Acho que o que diferencia um jogador de 30 aos 36 de um de 20 é a ambição.A ambição de ter uma grande carreira que aos 35 já será curta.De resto obviamente a experiência vale muito.Estes 2 tem essa ambição apesar da idade e isso faz deles excepções...

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  5. Caro S.Guimarães:
    Mais uma vez tem toda a razão.
    E isso deve-se cada vez mais a uma mentalidade que se instalou de "usa e deita fora". As pessoas são espremidas e quando se julga que nada mais tem a dar são arrumadas.
    Caro Anónimo:
    Achei o seu exemplo pessoal notável. Então a do voluntariado está de mais. Quanto aos jogadores tem muito a ver com a forma como se cuidam e como trabalham. E acho que o Ronaldo vai jogar, se quiser, até aos 35 ou 36 anos a grande nível.
    Caro Anónimo:
    É verdade isso que diz. Mas quando os jogadores tem,como estes dois, uma sólida cultura de profissionalismo ultrapassam a questão da ambição que a idade já não lhes permite.
    Noutra modalidade lembro-me sempre da ultima corrida de Michael Schumacher pela Ferrari antes do que se pensava ser a sua retirada de pistas.
    Numa das ultimas voltas do ultimo GP, que para ele já não tinha qualquer interesse classificativo,fez uma ultrapassagem tão espectacular quanto arriscada. Por puro profissionalismo.

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